TOME A SUA CRUZ E...
É belo perceber neste livro bíblico como a fragilidade do profeta se completa e se supera na fortaleza de Deus. É justamente esta mensagem que podemos ler no texto deste domingo que parece ser uma espécie de testemunho pessoal da relação que o Profeta tinha com Deus. Na Segunda Leitura continuamos a refletir passagens da Carta de São Paulo aos Romanos, principalmente na parte em que ele exorta os membros da comunidade a ser unida dizendo que a unidade se alcança na participação comum no amor de Cristo, isto é, o amor do Cristo é o mesmo para todos e por isso nos faz todos iguais. No Evangelho, Jesus, usando-se novamente de um momento com o Apóstolo Pedro, deixa claro que segui-lo é escolher um caminho nem sempre fácil e tranquilo. MEDITAÇÃO A mensagem do Evangelho deste domingo traz em si um profundo significado para encerrar o mês vocacional. Durante este mês de agosto fomos convidados a rezar com a Igreja para que surjam “mais operários” para a messe do Senhor. Rezamos por todas as vocações. É justamente a vocação do serviço que torna a Igreja toda ministerial, isto é, uma presença evangelizadora no serviço de homens e mulheres dedicados ao anúncio missionário. O número 17 do Documento Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, diz que “a Igreja recebeu dos Apóstolos o mandato solene de Cristo, de anunciar a verdade da salvação e de levá-la até os confins da terra. Faz, portanto, suas as palavras do Apóstolo: “ai de mim se não prego o Evangelho” (1 Cor 9,16), e por isso continua a enviar seus ministros para realizar plenamente a sua obra de evangelização”. No texto do Evangelho podemos perceber o sentido justo e real do seguimento de Jesus que Mateus faz questão de sublinhar, ao registrar as palavras de Jesus que diz aos discípulos que entre outras coisas, segui-lo não é andar com Ele só porque isso gera fama, traz dinheiro ou promove a pessoa, mas andar com Jesus é deixar-se a si mesmo, tomar a cruz e percorrer os caminhos que Ele percorreu, caminhos nem sempre fáceis, algumas vezes hostis e quase sempre contrários aos caminhos por onde o mundo tende a ir. Os caminhos de Jesus são os caminhos de Deus e quem o segue deve andar com a cruz, isto é, com o desejo de doar-se totalmente, para dedicar-se “de corpo e alma” à causa do Reino. Jesus faz Pedro perceber que sim, ele será a força viva da igreja, mas precisa compreender que a condição fundamental para isto é admitir que Jesus não é aquele que nós fazemos ser em nosso pensamento (cf. v. 23 do Evangelho), mas é aquele que recebeu do Pai a missão do Reino e que se faz fiel a esta missão até o fim, mesmo que tudo indique que não há outra alternativa a não ser “ir a Jerusalém e sofrer muito na mão” daqueles que não aceitam a verdade e a justiça (v. 21 do Evangelho). Quem deseja seguir Jesus deve estar certo que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles que só querem garantir a sua própria vida. Na comunidade de Jesus, dar a vida por amor a Deus e ao Reino, é força que gera mais vida e que preenche a existência de verdadeiras razões. “De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?” (v. 26 do Evangelho). Na lógica de Jesus nem sempre “ganhar tudo” significa ter vida plena. A razão da vida é a entrega, a humildade, o serviço fraterno e ter no pensamento os “pensamentos de Deus”. É isso que Pedro e nós precisamos compreender daquilo que Jesus sempre nos quis dizer: vocação é serviço, não é aparência, não é exterioridade, não é mediocridade, não é falta de outra opção, não é promoção social, mas é carregar a cruz e todas as cruzes no caminho da libertação plena em Deus que é Pai, pois o “Filho do Homem retribuirá a cada um conforme a sua conduta” (v. 27 do Evangelho). ORAÇÃO “Não me tirarás, Deus meu, o que uma vez me destes em Teu único Filho Jesus Cristo, em quem me deste tudo quanto quero; por isso me aliviarei pois não tardarás, se eu confiar.” (Oração da Alma Enamorada – São João da Cruz) AGIR Leia novamente a Leitura do Livro do Profeta Isaías e como ele, abra seu coração a Deus. Pe. Adilson Schio, ms
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“COMO A AURORA...”
aos céus: os grupos de jovens em sua alegria, a boca dos oradores em seus discursos, o coração dos sábios em suas dissertações e os velhos com seus cabelos brancos em suas contemplações. Que todas as criaturas se associam a esta homenagem. Cantemos hinos e que nossas melodias se inspirem hoje nestas palavras: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo!”. MEDITAÇÃO “Resplandecente de beleza, fulgurante como a aurora, ó Filha de Sião, vós subistes para o céu” Esta é a antífona do Cântico evangélico do Ofício das Laudes da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. “Como a aurora”, diz a antífona, assim, simples e bela como o amanhecer que se abre em possibilidades de mais vida, assim Maria é elevada ao céu. Os Evangelistas quando falam de Maria, falam com uma simplicidade e uma singeleza que nada tem de grande, de diferente e de extraordinário na vida desta “mulher escolhida por Deus”, a não ser a sua plena e radical disponibilidade a Deus, como serva e servidora. Então como pode merecer tamanha distinção aquela que em sua vida, na pequena Nazaré, jamais se afastou da condição diária de todas as pessoas daquele tempo: trabalho, vida dura, pobreza, sofrimento, serviço, alegrias e esperanças no Senhor? Onde está então a grandeza de Maria? A resposta é simples “como a aurora”, porém demarcada pela nossa espiritualidade na vida cristã. Maria é grande na sua confiança em Deus! Confiança sem reserva e sem hesitação, como podemos ver no Evangelho deste Domingo. É em Maria, humilde jovem, e na sua abertura aos Planos de Deus que o amor do Pai por toda a humanidade se mostra pleno e se realiza de uma vez por todas em uma aliança de salvação em Jesus Cristo nascido entre nós. O Deus em quem Maria coloca toda a sua confiança, é um Deus que pode ser sentido próximo, que vem à casa através de um anjo; um Deus que fala com sua gente; um Deus que tem amor por seu povo; um Deus que olha a humildade e que faz grandes coisas na pequenez dos que o amam; um Deus que é santo por todas as gerações e que tem misericórdia para sempre; um Deus que muda a sorte dos humildes, recordando-se da sua aliança; um Deus que “realiza a salvação na força do seu Cristo” (Primeira Leitura). No Evangelho de hoje temos essa bela oração do Cântico de Maria na visitação à prima Isabel. É uma bela oração pois aquilo que Maria reza é justamente aquilo que Ela é e o que é a sua fé. Maria reza as suas próprias convicções e verdades. Ela é ela mesma naquilo que apresenta ao Senhor pela sua oração. A festa que celebramos neste domingo não é uma festa para dizer “adeus” a Maria que vai para longe de nós; não é a festa da sua partida definitiva do nosso meio, mas é a celebração do coração de Maria que agora repousa no céu. Maria, inseparável de Jesus, torna seu coração também inseparável da realidade da comunidade cristã. Como qualquer mãe, Ela não guarda nada para si, dá tudo para os filhos. Assim Ela quer também nos dar tudo para que sejamos fortes na fé e vivamos a mesma certeza que Ela viveu: o Deus de nossos pais faz maravilhas... Sim, neste dia Maria nos diz com toda a força de sua palavra de mãe, que o “Senhor faz maravilhas na humildade de sua serva”. É belo aquilo que celebramos hoje na exata dimensão de percebermos que é Maria que mais uma vez percorre, antes de nós, a estrada que nos espera: chegar ao céu. Como o fez Isabel, sua parenta, também nós “exultemos de alegria com a Mãe do nosso Salvador”. ORAÇÃO (canto) Nós queremos, ó Mãe, responder ao amor de Cristo Salvador. Cheios de ternura, colocamos confiantes em tuas mãos a nossa oração. Vem Maria, vem! Vem nos ajudar neste caminhar tão difícil rumo ao Pai. AGIR Tenha um momento mais profundo de oração com Nossa Senhora. Uma oração de diálogo com a Mãe de Deus e nossa Mãe. Pe. Adilson Schio, ms
“VERDADEIRAMENTE, TU ÉS O FILHO DE DEUS.”
resistência e de alegria. É Deus que confirma o caminho “andando à frente de seu povo”. O belo texto da Primeira Leitura nos mostra o grande Profeta Elias e seu encontro pessoal com Deus. É preciso ter uma abertura de coração e de mente para perceber Deus onde e como não esperamos que Ele se revele. Esta é justamente a razão que faz São Paulo escrever da sua dor aos Romanos. Ele vê que por ver muitos não aceitam Jesus como a revelação do Pai. A história do Evangelho vem de São Mateus e é contada como sequência do texto de Domingo passado: depois da multiplicação dos pães, Jesus e os discípulos vão continuar o seu caminho e a sua missão, porém Jesus os faz perceber que a fé deve ser portadora de confiança e de certezas. MEDITAÇÃO Pedro é o centro ou a figura deste Evangelho. Ele protagoniza uma cena com Jesus que certamente ficou marcada no pensamento de todos os discípulos. A força destas palavras do Evangelho não está só no fato extraordinário de Jesus caminhar sobre as ondas, mas sim na mão estendida de Jesus ajudando aquele que, fraco na fé, não reconhece Jesus que se aproxima. Pedro pede ajuda ao Senhor e vê a mão estendida de Jesus e ouve a sua voz dizer: “homem fraco na fé, porque duvidaste”. Em relação à fé, a dúvida é sempre uma realidade possível para não dizer presente em todos nós. Quem já não duvidou de Deus diante de alguns fatos e acontecimentos da vida? No Evangelho de hoje vemos escrito que “os que estavam na barca acharam que Jesus era um fantasma” (v. 26), isto é, uma ilusão, algo passageiro, alguém incapaz de sustentar a experiência comunitária daquele grupo. Porém é preciso entender bem e separar as questões: duvidar não é sinal de incredulidade, isto é, de não acreditar, duvidar é próprio da razão humana. Na Bíblia temos muitos exemplos de pessoas que duvidaram e depois creram grandemente. À luz destes exemplos podemos nos perguntar: o que foi que levou estas pessoas a acreditarem fielmente? No Novo Testamento vemos que é sempre “o amor pelo Mestre” que leva à confiança plena em Jesus. Quando se faz a experiência de “ver” Jesus, de senti-lo próximo e de dar espaço para Ele em nossa vida, é que se pode passar da dúvida à fé plena. Foi isso que fizeram os Apóstolos que estavam na barca, sem Jesus, no meio das ondas agitadas do mar e sentindo-se impotentes diante da situação. Jesus mostra que a dúvida pode fortalecer o nosso relacionamento com Deus, porém é preciso dar um passo e fazer esta passagem. Permanecer na dúvida é um dos exemplos de que ainda não encontramos Jesus em nossa vida e na nossa experiência cristã. A fé é a contínua entrega da vida a Jesus Cristo e aos seus cuidados. O Evangelho de hoje nos mostra que Jesus sempre chega no momento certo, na hora que precisamos, com a força capaz de mudar a situação difícil “das águas agitadas e do vento contrário”, na serenidade que afasta o medo e “acalma o mar”. Jesus, nestes momentos, sempre se faz próximo, isto é, vem ao encontro, e tem uma única palavra a nos dirigir: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (v. 27). Tanto nossas comunidades cristãs, como nós mesmos, precisamos crer mais nesta palavra de Jesus para fazer firme a nossa luta e a nossa história de vida cristã. A caminhada da fé não é feita de cálculos matemáticos, mas de capacidades tais como paciência, confiança, humildade e principalmente entrega e coragem. Caminhar na fé é ter a certeza de que com Jesus podemos mais. Pedro duvidou desta força e precisou pedir ajuda quando sentiu a “força do vento” sobre a sua experiência de acreditar na palavra do Mestre. A verdadeira fé nasce do encontro pessoal com Jesus. Só assim poderemos conhecê-Lo melhor e fazer Ele mais presente em nós, vivendo a plenitude do sentido da palavra FÉ: professar com nossa boca que, “Tu Senhor, verdadeiramente, sois o Filho de Deus” (v. 33). ORAÇÃO Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. AGIR Faça um momento de meditação pessoal e coloque para Deus todas as suas dúvidas, mas não esqueça de reservar um tempo só para ouvir a resposta de Deus. Pe. Adilson Schio, ms
CINCO PÃES, DOIS PEIXES E UMA PRECE DE BÊNÇÃO...
Palavra de Deus não muda, permanece para sempre e o que Deus quer oferecer para o seu povo é o perdão, a libertação e a possibilidade de um novo começo, onde a primeira atitude que se pode ver como um verdadeiro sinal da mudança é a gratuidade. São belos os versículos da Primeira Leitura deste domingo ao dizerem: “Inclinai vossos ouvidos e vinde a mim, ouvi e tereis vida, farei convosco um pacto eterno” (v. 3). O Evangelho é também um exemplo de gratuidade que revela outro sinal do jeito de Deus ser com seu povo: na compaixão de Jesus que curava a todos, Deus se faz alimento que sacia. A Carta aos Romanos (Segunda Leitura) nos apresenta a força da palavra de Paulo, que fala com total convicção, ao dizer que nada poderá impedir a realização do projeto de Deus em nós, pois somos vencedores “naquele que nos amou”. Em Cristo vencemos todas as mortes. MEDITAÇÃO Quando é que “ouvir” pode se tornar um sinal de vida? Esta é uma boa pergunta para refletirmos as Leituras da Liturgia da Palavra deste 18º Domingo do Tempo Comum, principalmente quando este “ouvir” se refere àquilo que Deus tem a nos falar. À luz da Profecia de Isaías, a resposta a esta pergunta pode revelar uma significativa experiência de um Deus que, a cada novo momento, renova a sua aliança conosco. O Deus que Isaías apresenta na sua profecia é um Deus que liberta do jugo pesado; Ele é o Santo de Israel; é o “Deus de toda a terra” (Is 54,5). Ouvir esse Deus que tem planos de salvação para o seu povo, é fazer a experiência da vida que vem daquele que deu origem a todas as coisas. Daquele que é o criador de tudo pela verdade da palavra que diz e da promessa que faz. A Palavra que vem de Deus tem força de mudança e tem apelo de missão, de chamado, de convite, por isso ouvir a Deus, na Bíblia, é estar pronto e aberto para um compromisso com Ele. Podemos ver esta realidade na passagem de Samuel no Templo que diz: “Fala Senhor que teu servo escuta” (1Sm 3,10). Ouvir a Deus nos fará sentir no coração o quanto também Deus nos ouve. Como diz o versículo do Salmo Responsorial: “O Senhor está perto de todos aqueles que o invocam, de todos os que o invocam com sinceridade”. O Evangelho deste domingo narra a multiplicação dos pães e dos peixes. Mateus conta esta história dentro de um quadro muito claro: como sua mensagem não era bem aceita (cfe. Mt 14,1-12; 15,1-9), Jesus se volta para os seus Discípulos e os fará “compreender” na prática, a realidade do Reino que Ele anuncia. O Evangelista introduz o texto dizendo que Jesus se retirou para o deserto, depois da notícia que recebeu sobre o fim de João Batista, mas foi seguido pelo povo. Vendo aquela gente, Jesus se encheu de “compaixão”. Mateus faz assim a referência de Jesus como um novo Moisés que, do deserto, conduz o povo a uma nova prática de vida. O deserto foi na história de Israel o espaço do encontro com Deus, onde se fez a experiência de viver juntos, como uma comunidade, a partir dos mandamentos, vencendo todo tipo de auto-suficiência para descobrir que cada pedaço de pão caído do céu, cada gota de água que brota da rocha, cada passo que se dá em direção à liberdade é um “milagre” que se deve agradecer ao amor de Deus. O deserto é o lugar da vida em partilha, da igualdade, da solidariedade, onde não pode haver egoísmo e divisão. Já o “banquete”, na cultura semita, é o momento do encontro, da familiaridade, onde se estabelece a comunhão. No milagre dos pães e dos peixes, comer juntos é símbolo do novo que há de vir, onde todos se sentarão à mesa de Deus para celebrar a felicidade sem fim. No “dar ao povo de comer no deserto”, há três momentos pedagógicos onde Jesus nos convida a fazermos o “milagre” com Ele: o primeiro momento vem com a constatação de que há fome e que a comunidade dos seguidores pode fazer alguma coisa para resolver o problema (v. 15 e 16). O segundo momento está na busca daquilo que se têm e que, mesmo na pobreza, se pode partilhar, não obstante que esse tudo seja simplesmente “cinco pães e dois peixes” (v. 17 e 18), o que somando dá sete (número perfeito), portanto se tem (ou se terá) tudo aquilo que se precisa, basta colocar em comum, ou seja, distribuir melhor. O terceiro momento desse processo é dar razões ao gesto da partilha. Se de Deus recebemos, devemos por Deus partilhar com aqueles que são a comunidade dos filhos de Deus. Diz o Evangelho que, antes de começar a distribuir os pães e os peixes, Jesus “olhou para o céu e recitou a bênção” (v. 19). A razão maior da partilha é que assim se poderá viver o Reino de Deus como uma realidade atual e concreta. É justamente este aprendizado que falta ao mundo de hoje para que seja mais justo e mais fraterno. Pensemos nisso... ORAÇÃO Senhor, fica sempre no meio de nós, em nossos corações para que a Tua presença nos faça fortes diante daquilo que pode nos afastar da Vossa graça, e que assim possamos fazer de Ti o nosso alimento de vida e de espiritualidade. Amém. AGIR No silêncio do coração, ou com todos os que estarão à mesa nas refeições deste dia, faça uma prece especial de agradecimento. Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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