Pensa num lugar onde ninguém dava nada por aquelas paragens. Lugar de altas montanhas, de pesadas rochas de pedra, pouca produção agrícola, praticamente somente para a subsistência familiar. Um lugar habitado somente por algumas famílias. Um lugar que só servia para, depois de muito sacrifício, subir e subir e subir para dar a algumas vacas um pouco de pasto e levá-las para perto de alguma fonte de água que nem sempre oferecia seu líquido.
Pensa num povo sem muita esperança de futuro, sem muita expressão religiosa e mesmo sem conseguir influenciar as decisões econômicas e políticas da França, para poder trazer até eles um pouco mais de atenção e consideração. Pensa num povo acostumado com uma vida pacata e quase restrita a eles mesmos, sem necessidade de novidades.
Pensa numa região onde o dia de sábado era como se fosse dia de sexta e o dia de domingo era como se fosse um dia de segunda feira. Um lugar onde a perspectiva de vida passava pelas relações de trabalho com a terra e as relações pessoais passavam pelos encontros diante de algumas “bouteille” (garrafas) de bebidas alcoólicas. Um lugar onde as relações sociais se davam pelos escassos encontros na igreja e pelas reuniões e conversas informais no “Hôtel de La Poste” (Hotel dos Correios) onde se tomavam conhecimento dos fatos que aconteciam lá longe e ali por perto.
Pois assim era aquela pequena vila de La Salette por volta dos anos de 1846. Com algumas casas e a residência do velho e já doente Pároco, Padre Perrin, que foi o primeiro representante da Igreja ao ouvir, ainda no dia 20 de setembro de 1846, a história de uma Aparição acontecida no dia anterior lá no alto de uma daquelas montanhas.
Haviam ali também pequenos povoados interligados por precárias estradas onde quase nem as famosas “chariots” (carroças) podiam trafegar. Um desses povoados se chamava “Les Ablandins” onde algumas famílias, ainda religiosas, viviam unidas em torno dos trabalhos e de alguns momentos de orações que as pessoas mais velhas mantinham vivas. A vovó Caron, da Família Pra, era uma delas. Três dessas famílias que viviam ali serão muito importantes para o fato da Aparição da Salette: Baptiste Prá, Pierre Selme e Jean Moussier.
Um desses outros povoados, se chamava “Valjouffrey”, um pouco mais distante do alto da montanha, lugar de onde Maximino e Melânia pensavam que aquela “Bela Senhora” que eles tinham visto, teria partido para vir até ali, naquela montanha, para chorar suas dores familiares.
A referência para todos esses povoados e “toda” essa gente, era uma pequena cidade, sem muita importância, quase que de passagem para aqueles que iam de Grenoble para La Mure ou Gap, ou que faziam o caminho inverso. A pequena “Ville de Corps”, com seus 1.451 habitantes, era onde residia Padre Mélin, pároco daquela Paróquia, então dedicada a São Pedro, e que foi o primeiro a comunicar ao Bispo, através de carta datada de 4 de outubro de 1846, sobre aquele acontecimento ocorrido em La Salette.
Ali naquelas montanhas as casas eram construídas muito próximas umas das outras e quase que em linha, para que as condições rudes impostas pelo vento frio do inverno pudessem ser amenizadas, já que a neve e o frio fixavam residência ali por 4 a 5 meses por ano. Os cômodos pequenos das casas facilitavam o aquecimento no inverno, já que esta era uma das maiores preocupações daquelas famílias.
Para muitos daqueles habitantes o “mundo” conhecido era o daquelas montanhas e pouco se sabia do mundo para além delas, e também pouco o mundo sabia do que acontecia por entre elas.
A vida em La Salette não era de todo inundada de alegria, mas da rude lida em família pela manutenção básica da vida. Vivia-se ali e trabalhava-se ali. Alguns vendedores ambulantes por ali passavam e podiam ser encontrados na praça de Corps. Fora isso a “Chariot de la correnpondance” (a Charrete da correspondência) passava por ali algumas vezes ao ano e com sua chegada chegavam também novidades e notícias, mesmo se a circulação de correspondência era bem limitada pela dificuldade do preço de entrega e pelo analfabetismo da população que quase não escrevia.
A própria história da comunicação ainda avançava devagar em 1846. O rádio vai surgir 53 anos depois, em 1899, e o telégrafo, mesmo se inventado antes, em 1837, havia somente em Lion e nenhum entre aquelas montanhas.
O ritmo das estações do ano é que determinava a rotina da vida, por isso o dia começava cedo e terminava cedo, pois escurecia cedo também. Por uma certa época do ano o alto da montanha era o endereço de trabalho de muitos pastores que para lá levavam seus pequenos rebanhos. Os pastos da montanha eram públicos e todos podiam se servir deles.
A divisão social ficava bem clara entre a população e muitas vezes era distinguida pelo vestuário. Aqueles próximos à Monarquia vestiam-se com ricos brocados, enquanto aqueles que era chamados de “gente do povo” vestiam-se de forma mais simples. Isso ficava claro entre as mulheres que usavam belos chapéus e as que usavam meras toucas.
Muito da vida cultural no campo e nas montanhas se concentravam nos “soirées”, serões noturnos entre vizinhos onde se cultivavam as tradições e se difundiam as ideias e as novidades sociais.
Foi então que, neste ambiente e entre essas pessoas, no dia 19 de setembro, quando as sombras da noite começavam a cair das montanhas, quando as sinetas presas nos pescoços das vacas e das ovelhas começavam a diminuir, e os gritos dos pastores que empurravam seus animais para os estábulos começavam a se calar, uma agitação incomum percorreu todas as casas em Les Ablandins. Vozes cruzaram de porta em porta, e na soleira dos aposentos pessoas reunidas de improviso conversavam agitadamente, e aqueles que ainda estavam tomando a sopa quente do jantar, à luz daquelas antigas lamparinas fixadas na parede, sem nada saber, viram de repente abrirem-se suas portas e, no pouco que podiam ver lá fora, ouviam um vizinho ou outro perguntando: “sabem o que se está contando? A aventura que aconteceu esta tarde a Maximino, o pequeno pastor de Pietro Selme, e a Melania, a pastorinha dos Pra?”
E então, é num desses serões noturnos que três famílias se reuniram em torno de duas crianças, pastores por necessidade, para que eles lhes contassem um acontecimento que parecia ser extraordinário, algo impensável e jamais esperado por aquele povo que só buscava viver aquele tempo de vida que Deus lhes concedera viver.
De verdade, assim começou um novo tempo para aquele povo e para aquela região. De verdade, Deus sabe o que faz e sabe onde fazer as cosias que são de sua vontade...
A Montanha da Salette nunca mais foi a mesma. O lugar se tornou referência de uma bela manifestação da bondade e da misericórdia de Deus, expressada através dos gestos de ternura e das palavras puras e verdadeiras de uma “Bela Senhora”, a Senhora de La Salette, que apareceu a Maximino e Melânia, no dia 19 de setembro de 1846.
Pensa num povo sem muita esperança de futuro, sem muita expressão religiosa e mesmo sem conseguir influenciar as decisões econômicas e políticas da França, para poder trazer até eles um pouco mais de atenção e consideração. Pensa num povo acostumado com uma vida pacata e quase restrita a eles mesmos, sem necessidade de novidades.
Pensa numa região onde o dia de sábado era como se fosse dia de sexta e o dia de domingo era como se fosse um dia de segunda feira. Um lugar onde a perspectiva de vida passava pelas relações de trabalho com a terra e as relações pessoais passavam pelos encontros diante de algumas “bouteille” (garrafas) de bebidas alcoólicas. Um lugar onde as relações sociais se davam pelos escassos encontros na igreja e pelas reuniões e conversas informais no “Hôtel de La Poste” (Hotel dos Correios) onde se tomavam conhecimento dos fatos que aconteciam lá longe e ali por perto.
Pois assim era aquela pequena vila de La Salette por volta dos anos de 1846. Com algumas casas e a residência do velho e já doente Pároco, Padre Perrin, que foi o primeiro representante da Igreja ao ouvir, ainda no dia 20 de setembro de 1846, a história de uma Aparição acontecida no dia anterior lá no alto de uma daquelas montanhas.
Haviam ali também pequenos povoados interligados por precárias estradas onde quase nem as famosas “chariots” (carroças) podiam trafegar. Um desses povoados se chamava “Les Ablandins” onde algumas famílias, ainda religiosas, viviam unidas em torno dos trabalhos e de alguns momentos de orações que as pessoas mais velhas mantinham vivas. A vovó Caron, da Família Pra, era uma delas. Três dessas famílias que viviam ali serão muito importantes para o fato da Aparição da Salette: Baptiste Prá, Pierre Selme e Jean Moussier.
Um desses outros povoados, se chamava “Valjouffrey”, um pouco mais distante do alto da montanha, lugar de onde Maximino e Melânia pensavam que aquela “Bela Senhora” que eles tinham visto, teria partido para vir até ali, naquela montanha, para chorar suas dores familiares.
A referência para todos esses povoados e “toda” essa gente, era uma pequena cidade, sem muita importância, quase que de passagem para aqueles que iam de Grenoble para La Mure ou Gap, ou que faziam o caminho inverso. A pequena “Ville de Corps”, com seus 1.451 habitantes, era onde residia Padre Mélin, pároco daquela Paróquia, então dedicada a São Pedro, e que foi o primeiro a comunicar ao Bispo, através de carta datada de 4 de outubro de 1846, sobre aquele acontecimento ocorrido em La Salette.
Ali naquelas montanhas as casas eram construídas muito próximas umas das outras e quase que em linha, para que as condições rudes impostas pelo vento frio do inverno pudessem ser amenizadas, já que a neve e o frio fixavam residência ali por 4 a 5 meses por ano. Os cômodos pequenos das casas facilitavam o aquecimento no inverno, já que esta era uma das maiores preocupações daquelas famílias.
Para muitos daqueles habitantes o “mundo” conhecido era o daquelas montanhas e pouco se sabia do mundo para além delas, e também pouco o mundo sabia do que acontecia por entre elas.
A vida em La Salette não era de todo inundada de alegria, mas da rude lida em família pela manutenção básica da vida. Vivia-se ali e trabalhava-se ali. Alguns vendedores ambulantes por ali passavam e podiam ser encontrados na praça de Corps. Fora isso a “Chariot de la correnpondance” (a Charrete da correspondência) passava por ali algumas vezes ao ano e com sua chegada chegavam também novidades e notícias, mesmo se a circulação de correspondência era bem limitada pela dificuldade do preço de entrega e pelo analfabetismo da população que quase não escrevia.
A própria história da comunicação ainda avançava devagar em 1846. O rádio vai surgir 53 anos depois, em 1899, e o telégrafo, mesmo se inventado antes, em 1837, havia somente em Lion e nenhum entre aquelas montanhas.
O ritmo das estações do ano é que determinava a rotina da vida, por isso o dia começava cedo e terminava cedo, pois escurecia cedo também. Por uma certa época do ano o alto da montanha era o endereço de trabalho de muitos pastores que para lá levavam seus pequenos rebanhos. Os pastos da montanha eram públicos e todos podiam se servir deles.
A divisão social ficava bem clara entre a população e muitas vezes era distinguida pelo vestuário. Aqueles próximos à Monarquia vestiam-se com ricos brocados, enquanto aqueles que era chamados de “gente do povo” vestiam-se de forma mais simples. Isso ficava claro entre as mulheres que usavam belos chapéus e as que usavam meras toucas.
Muito da vida cultural no campo e nas montanhas se concentravam nos “soirées”, serões noturnos entre vizinhos onde se cultivavam as tradições e se difundiam as ideias e as novidades sociais.
Foi então que, neste ambiente e entre essas pessoas, no dia 19 de setembro, quando as sombras da noite começavam a cair das montanhas, quando as sinetas presas nos pescoços das vacas e das ovelhas começavam a diminuir, e os gritos dos pastores que empurravam seus animais para os estábulos começavam a se calar, uma agitação incomum percorreu todas as casas em Les Ablandins. Vozes cruzaram de porta em porta, e na soleira dos aposentos pessoas reunidas de improviso conversavam agitadamente, e aqueles que ainda estavam tomando a sopa quente do jantar, à luz daquelas antigas lamparinas fixadas na parede, sem nada saber, viram de repente abrirem-se suas portas e, no pouco que podiam ver lá fora, ouviam um vizinho ou outro perguntando: “sabem o que se está contando? A aventura que aconteceu esta tarde a Maximino, o pequeno pastor de Pietro Selme, e a Melania, a pastorinha dos Pra?”
E então, é num desses serões noturnos que três famílias se reuniram em torno de duas crianças, pastores por necessidade, para que eles lhes contassem um acontecimento que parecia ser extraordinário, algo impensável e jamais esperado por aquele povo que só buscava viver aquele tempo de vida que Deus lhes concedera viver.
De verdade, assim começou um novo tempo para aquele povo e para aquela região. De verdade, Deus sabe o que faz e sabe onde fazer as cosias que são de sua vontade...
A Montanha da Salette nunca mais foi a mesma. O lugar se tornou referência de uma bela manifestação da bondade e da misericórdia de Deus, expressada através dos gestos de ternura e das palavras puras e verdadeiras de uma “Bela Senhora”, a Senhora de La Salette, que apareceu a Maximino e Melânia, no dia 19 de setembro de 1846.