nos apresenta o retorno do “filho perdido” como imagem da humanidade que também se perde em seus egoísmos. Depois de seu pretensioso afastamento do pai, o filho se viu perdido, sem ter mais nada, nem mesmo a dignidade, mas em nenhum momento esqueceu do coração grande e bondoso do pai. Ainda confuso, ele retorna a casa paterna, com uma só palavra: arrependimento. “Pai, pequei contra Deus e contra ti, já não mereço ser chamado teu filho” (Evangelho, v. 18-19). São Paulo (2ª Leitura), resume toda sua pregação aos Coríntios, num só apelo: “reconciliação”, aquela que nos vem de Deus, através da plena graça do Cristo. Reconciliar as pessoas é o ministério mais autêntico da Igreja mesmo que, como diz o Apóstolo, seja preciso insistir, pois por vezes ainda é o “homem velho” que vive em nós. Paulo afirma: “Vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2ª Leitura, v. 20). MEDITAÇÃO Neste Tempo de Quaresma, na força da graça misericordiosa de Deus, e pelo testemunho de Jesus, rosto misericordioso do Pai, a meditação da Parábola do Filho Pródigo, assume um significado muito particular. Como uma das três Parábolas da Misericórdia do capítulo 15 do Evangelho de Lucas, esta Parábola nos revela a misericórdia como acolhida e reconciliação. É Deus que vem ao nosso encontro. Ele nos quer encontrar para que com ele retomemos o caminho da felicidade e da alegria. A cena que Lucas constrói com uma bela narração, coloca em evidência justamente esta surpreendente acolhida por parte do Pai, que manifesta o seu amor indo ao encontro do filho, mesmo se esta atitude foi considerada excessiva por parte do irmão mais velho. Porém, não nos esquecemos que se a centralidade da mensagem de Jesus, ao contar esta Parábola, está em reforçar a grande alegria com que o Pai acolhe, fazendo até mesmo uma festa para o filho que estava perdido, na mesma altura de tal acolhida e na mesma importância, está o comovente retorno do filho que por já ter experimentado antes o amor bondoso do pai, sabe que pode voltar, e falar-lhe com franqueza do seu arrependimento. Como vemos no texto do Evangelho de hoje, há uma estreita ligação entre tomar consciência de si e dos erros cometidos, confessar as faltas admitindo-as, e experimentar a conversão. A conversão é sempre um encontro conosco mesmo e com a nossa realidade de vida. É só a partir deste encontro verdadeiro e profundo que podemos nos reconciliar, deixando que a graça do perdão nos transforme e nos “purifique”. Da Parábola contada por Jesus nos vem a certeza de que a conversão é um caminho de retorno, renovando a força da vida em nós, e que é precedido pela confissão da culpa e das atitudes que causaram a culpa. Diante da “amargueza” da culpa, é o desejo de uma vida nova e a grandeza da misericórdia de Deus, que nos sustentam no itinerário próprio da reconciliação. Só assim a alegria do perdão será maior do que a tristeza pelas nossas fragilidades, pois no caminho da conversão não confiamos unicamente nas nossas próprias forças, mas principalmente na força que vem do Cristo que nos mostrou que Deus está sempre nos esperando para uma vida de comunhão e de fidelidade. Aos fariseus e doutores da lei, que criticavam Jesus por ele acolher os pecadores, Jesus fala de um Deus que tem os braços estendidos para receber aquele que se arrepende, tal como o pai fez para acolher o filho perdido, mesmo sem saber se ele havia realmente mudado de vida e retornado diferente de quando partiu. O amor de Deus, no exemplo daquele pai da Parábola, é um amor que permanece inalterado, mesmo com as infidelidades e as incoerências dos seus filhos. Nestas poucas linhas da Parábola do Evangelho de hoje, podemos ver resumida toda a história da nossa salvação, marcada pela compaixão e pelo amor divino. Amor de um Deus que está sempre a nos procurar e quando nos encontra, no arrependimento e na vontade última de retomar o caminho da proximidade, nos diz: “Alegremo-nos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado” (Evangelho, v. 32). Meditemos profundamente nesse “jeito” de Deus amar, pois ele ama com bondade, com compaixão e com misericórdia. ORAÇÃO Salmo 33: Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome! Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, e de todos os temores me livrou. AGIR Aproveite a bela mensagem da Liturgia da Palavra deste 4ª Domingo da Quaresma e faça a sua confissão. Pe. Adilson Schio, ms
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Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó... Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, eu conheço os seus sofrimentos” (1ª Leitura, v. 6-7). Assim também no Evangelho, Jesus se manifesta mostrando a necessidade da conversão, sinal da libertação total. Jesus aproveita de duas notícias (os galileus mortos por Pilatos e os dezoito que morreram quando caiu a Torre de Siloé), para fazer apelo à conversão. A conversão é sempre uma atitude urgente, nunca deve ou pode ser deixada para depois. Conversão é aquela mudança cotidiana que fazemos diante da capacidade que temos de sentir o quanto estamos longe dos planos de Deus. Também Paulo (2ª Leitura) servindo-se de fatos narrados no Livro do Êxodo, pede aos membros da Comunidade de Corinto de não se sentirem salvos pelo fato de serem cristãos. Para a salvação não basta a ação bondosa de Deus que tudo compreende e tudo perdoa, se faz necessário fazer também a nossa parte pois, tal como nos mostra a Parábola do Evangelho, mesmo uma vida sem frutos, com a conversão, poderá produzir frutos de vida nova. MEDITAÇÃO Iniciemos nossa meditação deste Domingo, o Terceiro do Tempo da Quaresma, com um olhar meditativo sobre a 2ª Leitura, tirada da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. Sabemos que Paulo escreve esta Carta para responder a algumas questões que lhe foram apresentadas, por escrito, pela Comunidade de Corínto. Sabemos também que esta Comunidade enfrentava a grande “tentação” de reduzir a fé cristã a uma sabedoria humana, como se fosse mais uma entre tantas outras idéias filosófica que se faziam presentes na realidade daquela Comunidade. Paulo diz que em tudo, e para que tudo possa ser expressão da centralidade de Jesus Cristo na Comunidade, é preciso fazer de Jesus o nosso centro de atração, o objetivo que todos queiram viver, a realidade que une a todos, independente das diversas compreensões a cerca de diversas realidades. Em alguns versículos, um pouco mais a frente do texto que temos hoje na 2ª Leitura, Paulo afirma categoricamente: “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” (1Cor 11,1). Portanto, é preciso imitar a Jesus, pois é a presença constante do Ressuscitado que anima, converte e dá sentido a tudo que acontece na Comunidade. Neste tempo favorável para a conversão, o convite da Liturgia deste domingo é para que, na imitação do Cristo, sinal permanente de vida e de reconciliação, possamos fortalecer nosso compromisso em nos fazer "árvores capazes de produzir frutos” (cf. Evangelho). É preciso tomar o caminho da conversão, “colocando adubo” na nossa vida de fé e de testemunho (Evangelho, v. 8), e seguir na missão de dar frutos na comunidade. Esta atitude de conversão é colocada no Evangelho de hoje como algo urgente, pois ainda há uma esperança de que tudo possa se transformar: a árvore que só ocupava espaço na terra (v. 7), poderá vir a dar frutos (v. 9). A beleza da Parábola que Jesus nos conta hoje, toma uma profundidade por a meditarmos neste tempo de Quaresma. Ela nos mostra duas realidades muito próprias: por um lado nos faz pensar na misericórdia e na compaixão de Deus que sempre dá, ao pecador, mais uma chance. Ele nunca desiste de nos ver plenamente presentes no verdadeiro caminho da salvação. Por outro lado, a Parábola toca o coração e o pensamento daqueles que muitas vezes estão acomodados vivendo uma fé sem compromisso ou então, na linguagem que Lucas usa no Evangelho, sem frutos. O verdadeiro discípulo não é aquele que fica somente “esgotando a terra” (v. 7), mas é aquele que faz do seu discipulado um tempo permanente onde constantemente se produza frutos. Mas onde o discípulo encontrará um adubo eficiente e eficaz para ser “fruto de Deus na comunidade humana”? Nem o texto do Evangelho, nem o Evangelista Lucas e nem mesmo Jesus nos dizem onde está e qual é o verdadeiro adubo. E talvez seja melhor assim, que eles não nos indiquem, pois desta maneira poderemos responder esta questão todos juntos, como comunidade servidora do Reino. Em todo caso não nos é difícil dizer que a oração é um bom adubo, que a Palavra de Deus igualmente é um bom adubo, que os Sacramentos, especialmente o da Confissão e o da Eucaristia, são bons adubos e que também a caridade que fazemos aos que mais necessitam é outro bom adubo... Jesus nos apresenta hoje o desafio de nos apresentarmos diante de Deus, como pessoas abertas à conversão, pois se a mudança de vida não ocorrer, quem vencerá, será o egoísmo que só conduz à morte. ORAÇÃO Salmo 102: Bendize, ó minha alma ao Senhor, e todo o meu ser bendize seu santo nome! Bendize, ó minha alma ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! AGIR Continue firme nos seus propósitos para a Quaresma. Oração, penitência e caridade. Pe. Adilson Schio, ms
mistério pascal de Cristo, presenciado pelos discípulos que tornam-se testemunhas da sua glória. A Transfiguração é, na Liturgia da Igreja e na sua teologia, a revelação da glória e da autoridade do Cristo e por isso mesmo e especialmente, da sua grandeza diante de todos os planos de Deus para a humanidade. Por mais que a lei e os profetas sejam importantes, é a Jesus que devemos ouvir pois somente Ele, por sua paixão, morte e ressurreição, é caminho de vida que nos faz verdadeiramente chegar ao Pai. A Segunda Leitura nos mostra o aspecto mais profundo do fato narrado no Evangelho de hoje: também nós seremos transformados. É este o nosso destino: não a “desfiguração” da morte, mas a “transfiguração” do nosso corpo que, unido a Cristo pelo Batismo, participa também da sua glória (2ª Leitura, v. 21). MEDITAÇÃO Para o Evangelista Lucas, Jesus é um homem de oração. O fato que ele nos conta hoje, no Evangelho da missa, nos diz que são três as testemunhas que estão com Jesus: Pedro, Tiago e João, justamente os três primeiros chamados por Ele para serem com Ele “pescadores de homens”. Lucas nos diz que “eles subiram a montanha”, a convite de Jesus, “para rezar” (Evangelho, v. 28). Também são três os personagens centrais de toda a cena: Jesus, Moisés e Elias, isto é, a lei, os profetas e o Cristo, “aquele que deve dar a vida”. Assim o Evangelista torna presente, nesse fato da Transfiguração, toda a história de Deus com seu povo. Há duas atitudes bem distintas na narração bíblica deste Domingo: A primeira: Jesus que conversava com Moisés e Elias, isto é, que dialogava com aqueles que, ouvindo a voz de Deus se fizeram seus e dedicam-lhe toda a existência. Notemos que na Bíblia tanto Moisés como Elias não tem sepultura conhecida, ou seja, até na morte foram totalmente de Deus. E a segunda atitude é aquela dos três discípulos que estavam com Jesus e que no início da cena dormiam “pois tinham muito sono” (v. 32), somente despertando depois sem entender muito daquilo que estava acontecendo. Toda a beleza da cena se conclui com uma outra presença e esta sim, mais significativa de todas. É a presença do próprio Deus, Pai e Senhor: Uma nuvem encobriu a todos e da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz.” (v. 34-35). Na Transfiguração, a Trindade inteira se manifesta: o Pai, na voz; o Filho, no Cristo; o Espírito, na nuvem. E Jesus mostra a sua glória divina e indica aos seus seguidores que para “entrar na glória” (cf. Lc 24,26) deve-se passar pelo sofrimento da cruz, fazendo-se servo de Deus. Lucas faz questão de dizer que o fato da Transfiguração aconteceu durante um momento de oração, na montanha. É Jesus que encontra na sua relação com o Pai, a força necessária para fazer frente aos desafios da sua entrega e da sua fidelidade até o fim. Toda a cena que temos hoje no Evangelho e que somos chamados a refletir no contexto deste tempo de Quaresma, nos aproxima do “êxodo”, isto é, do caminho de saída em direção à Páscoa, em direção à nossa libertação. Todo ensinamento de fé que temos na Liturgia da Palavra deste Domingo, nos faz saber que nos momentos difíceis da vida é de Deus que recebemos conforto e força, tal como fez Jesus que “enquanto rezava, teve seu rosto mudado de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (v. 28). Ao nos apresentar este belo texto da Transfiguração, Lucas e a liturgia da missa de hoje, querem coligar, de forma muito estreita, o seguimento de Jesus com a decisão firme de ir com o Cristo no e pelo caminho da cruz. É escutando Jesus, o Escolhido, que saberemos por onde andar e como seguir. Sem escutar Jesus não faremos a experiência da glória, na transfiguração da nossa vida. Escutemos pois o Cristo, ele tem muito a nos dizer e a dizer ao mundo de hoje. ORAÇÃO Salmo 27: O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu temerei? AGIR Este Domingo é tempo de uma oração mais profunda. Estamos no tempo quaresmal. Reze mais. Pe. Adilson Schio, ms
Primeiro Domingo da Quaresma, nos remete com Jesus ao deserto. Assim como Ele se fez forte diante da tentação que a solidão e o egoísmo provocam, também nós somos convidados a “vencer com Jesus”, pois como Ele “somos guiados pelo Espírito” (Evangelho, v. 1). A verdade que nos dá força diante das tentações é proclamada por Paulo aos Romanos. Em uma só frase Paulo é capaz de reunir toda a atitude de fé de quem quer ficar sempre com o Cristo: “Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo”. A Primeira Leitura deste Domingo nos recorda tudo o que Deus fez para ver seu povo livre da escravidão e da injustiça. MEDITAÇÃO Neste primeiro Domingo do tempo quaresmal, tempo de oração e conversão, somos convidados a escutar com fé a Palavra de Deus e a nos empenharmos com seriedade na nossa própria conversão. Esta parece ser a condição que a Liturgia da Palavra nos apresenta hoje para este início de caminho em preparação para a Páscoa de Jesus. É o próprio Jesus que, vivendo a sua luta interior para fortalecer o seu compromisso como “Servo de Deus”, encontra-se diante de tentações que facilmente são as mesmas que nós também encontramos ao nos dispormos ser homens mulheres de Deus e de seus projetos. Jesus, cheio do Espírito Santo é conduzido pelo Espírito ao deserto e em meio à fome é tentado por aquele que representa o mal. O “maligno” sabe porém que o Cristo é o “Filho de Deus” e é sobre esta condição que o tenta. As três tentações são muito simples e por isso mesmo muito sedutoras: duvidar de Deus, abandonar Deus e testar a força de Deus. Para cada uma destas tentações, Jesus encontra uma referência na Sagrada Escritura que o faz sentir-se forte diante do tentador e dizer-lhe que, para aqueles que são de Deus, a Palavra é sempre sustento, alimento e verdade. Jesus nos mostra, no Evangelho de hoje, que tudo o que toma o lugar de Deus em nossa vida nos desvia da verdadeira vocação de sermos discípulos de Jesus e filhos do mesmo Pai. Mas como entender que o Evangelista Lucas diz que “Jesus, cheio do Espírito Santo” (v. 1a), estava no deserto e ali “era guiado por este mesmo Espírito”? (v. 1b). Parece haver uma contradição naquilo que lemos nos primeiros versículos do Evangelho de hoje. Como entender o que Lucas nos diz com esta passagem da vida de Jesus? Primeiramente devemos ter presente que Jesus está num lugar muito particular, no deserto, lugar de solidão e de dificuldades constantes. Lugar onde cada um tem que ser forte para poder vencer as distâncias, o calor estupefante e muitas vezes a falta de referência e de sentido de localização. No deserto o horizonte é sempre longe e a imagem que parece estar perto dos nossos olhos, na realidade está para além das forças das nossas pernas. É ali que Jesus está e é ali onde o Espírito, diferente do que poderíamos pensar, não o distancia da prova, do perigo e da tentação. O Espírito não desvia Jesus do caminho do tentador, antes, o acompanha justamente neste desafio de afrontar as forças que, de hora em diante, estarão sempre presentes no seu caminho de vida e de missão (cf. v. 13). Notemos que Lucas destaca que desde o início da vida de Jesus, o Espírito, que age sempre segundo a vontade divina, jamais deixará Jesus sozinho e o guiará até mesmo no momento da mais dura dúvida, seja ela no horizonte do ter ou do poder. Deus, pelo seu Espírito, está sempre perto e o seu amor é certeza de vida para todos nós, basta que invoquemos o nome do Senhor com a força da fé e assim mereceremos a sua misericórdia e a sua compaixão. Que esteja em nosso coração a oração que fazemos na missa de hoje: “Concedei-nos, ó Deus, que ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa”. ORAÇÃO Salmo 90: Quem abita ao abrigo do Altíssimo e vive à sombra do Senhor onipotente, diz ao Senhor: Sois meu refúgio e proteção, sois o meu Deus, no qual confio inteiramente. AGIR Neste tempo de Quarema aproxime-se mais do Senhor pela prática da oração. Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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