“O QUE QUERES QUE EU FAÇA?”
a fazer o que deseja aquele pobre cego de muitos anos, conhecido até mesmo pelo nome (Bartimeu, filho de Timeu), que estava sentado à beira do caminho (Evangelho, v. 46). O Profeta Jeremias (1ª Leitura) fala do cuidado de Deus pelo povo de Israel, exilado na Babilônia: O Senhor reconduzirá seu povo para a terra que “prometeu aos nossos pais” (cf. 1ª Leitura, v. 8). Desta passagem do Profeta, a mensagem parece ser clara para nós hoje: quem tem confiança no Senhor, mesmo na noite mais escura da vida, será capaz de ver a Luz que traz alegria e esperança. O sacerdócio de Cristo é o tema central da Carta aos Hebreus (2ª Leitura): sendo verdadeiro homem e verdadeiro Filho de Deus, Jesus possui em si mesmo todas as qualidades de um sacerdote. Ele é o enviado do Pai para dissipar as trevas e iluminar novamente a vida. Ele é o mediador perfeito entre a nossa frágil humanidade e a grandeza divina de Deus. |
LEITURA |
Porém a sua morte será ali, daquele momento em diante, por toda a história da humanidade, sempre um germe de vida. Paulo diz aos Hebreus que esta “doação” do Cristo pela salvação de todos nos faz solidários e irmãos uns dos outros, “por isso permaneçamos firmes na fé que professamos” (2ª Leitura, v. 14). É a este Cristo que nós nos voltamos com confiança, na certeza de encontrarmos o Senhor que salva. “Aproximemo-nos, então, dele, com toda a confiança” (2ª Leitura, v. 16). No Evangelho vemos de novo a dificuldade dos discípulos de compreender as verdadeiras razões da vida e do ministério de Jesus. Ele havia anunciado pela terceira vez a sua paixão e morte, e a preocupação de alguns dos discípulos, mesmo depois de todo o ensinamento do Mestre, era a de garantir um lugar para si próprio ao lado de Jesus na glória prometida (cf. Evangelho, v. 37).
MEDITAÇÃO
O que Marcos narra no Evangelho de hoje, está situado quase no final da caminhada de Jesus com seus discípulos, em direção a Jerusalém. Ele anuncia a sua paixão pela terceira vez, dizendo aos discípulos até mesmo da completa rejeição que sofreria: “vão caçoar do Filho do Homem, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará” (cf. Mc 10,33-34). Este anúncio desperta nos discípulos algumas atitudes de completa incompreensão sobre a vida que Jesus veio propor, baseada muito mais no servir do que no ser servido. É muito clara a diferença descrita por Marcos entre o ensinamento de Jesus e o desejo dos dois irmãos, filhos de Zebedeu (Tiago e João). Porém não “culpemos” apenas estes dois, pela reação dos outros, eles “ficaram com raiva” (v. 41), é porque também neles estava o desejo de preferência e de recompensa na glória que Jesus prometia. Mais uma vez “aparece” a paciência de Jesus ao compreender o momento daqueles que o seguiam, fazendo com que Ele aproveitasse a ocasião para ajudá-los a entender um pouco mais do “novo” jeito de viver a fé e o compromisso com o Deus da vida. A comunidade dos discípulos deve ser diferente da maneira com que o mundo realiza as suas ações. “Entre vocês não devem ser assim” (v. 43), já que a grandeza não está em ser servido, mas em servir pois “aquele que quiser ser o primeiro, que seja o servidor de todos” (v. 44), porque foi para isso que Jesus veio e deu testemunho entre nós com suas ações e com sua própria palavra. Jesus convida os discípulos a não se deixarem dominar pelas coisas que vem da ambição pessoal e do desejo de grandeza, mas a fazerem da sua vida um dom de amor e de serviço. Esta é sempre a insistência de Jesus a quem quer ser da sua “comunidade”, e a comunidade de Jesus é a “comunidade do Pai”, portanto aquela do Reino. Chamados a seguir aquele que veio para servir (cf. v. 45), os discípulos devem ser testemunhas de um novo jeito de viver e de testemunhar a presença de Deus no meio de nós. Deus está entre nós muito mais no amor fraterno do que na letra da lei, que muitas vezes escraviza e julga sem misericórdia. Aos dois discípulos que disseram que Jesus “devia fazer aquilo que eles pedissem” (v. 35), Jesus responde que a humildade e a simplicidade deve ser o desejo do coração de todos os que querem fazer parte do Reino de Deus. São estes dois valores que, apresentados ao mundo com o testemunho da doação da própria vida, ensinará ao mundo e as pessoas, os caminhos que verdadeiramente as façam felizes. A liturgia deste 29º Domingo do Tempo Comum nos recorda que o jeito de Deus pensar a vida é bem diferente do jeito do mundo, pois é no amor de quem serve os irmãos que a vida se torna oferta de “resgate para muitos” (v. 45).
ORAÇÃO
Salmo 32: Reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça.
AGIR
Pergunte-se, ao ler e meditar o Evangelho de hoje: o que eu devo fazer para ser como Jesus?
Pe. Adilson Schio, ms
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LEITURA |
É neste sentido que temos a passagem do Evangelho onde Jesus diz àquele que lhe busca para saber “o que fazer para ter a vida eterna” (Evangelho, v. 17). A resposta de Jesus surpreende aquele que havia feito a pergunta, bem como a todos os outros seus ouvintes, especialmente os Discípulos que “tudo deixaram para segui-lo” (v. 28). Jesus faz ver que a vida eterna não é simplesmente conquista por vontade, mas merecimento por atitudes. O belíssimo texto da Primeira Leitura nos apresenta o sábio que, na sua oração, pede e alcança sabedoria e prudência. Duas graças de Deus na vida de quem o ama, diz a leitura que é um belo testemunho de espiritualidade. Nos dois versículos da Segunda Leitura, Paulo nos diz de uma grande certeza da sua fé: a Palavra de Deus é eficaz quando nós abrimos nosso coração a ela.
MEDITAÇÃO
Há duas “catequeses” (no sentido de ensinamento) no Evangelho deste 28º Domingo do Tempo Comum. A primeira (vers. 17-27) é uma belíssima e concreta catequese sobre as exigências do Reino e do seguimento a Jesus. A questão central é aquela relacionada com “entrar no Reino de Deus” (v. 17) ou como diz em algumas traduções deste Evangelho, “ganhar a vida eterna”. É bom lembrar que há uma sutil diferença entre “ganhar a vida eterna” e obter a “salvação eterna”. A salvação sempre é fruto da gratuidade, da misericórdia e do amor de Deus, e diante de tamanha consideração de Deus por nós, sabemos que, se não a merecemos por nossas atitudes, a teremos pela bondade infinita do Senhor. Enquanto que o Reino de Deus, é algo, como disse Jesus, “que já está no meio de nós” (Lc 17,21), portanto é uma experiência cristã de fé, mesmo que se na plenitude só o viveremos quando “o Senhor vier novamente” (Ap 22,20). A pergunta que o Evangelho nos apresenta hoje, através desta conversa significativa entre Jesus e “alguém que veio correndo ao seu encontro” (Evangelho, v. 17) é mais do que uma simples vontade de uma pessoa que vivia de maneira correta, mas que ainda sentia a angústia de não ter a certeza da sua vida eterna. A pergunta serviu naquele tempo e serve a nós hoje como um questionamento sobre o que de verdade estamos dispostos a fazer para “receber cem vezes mais agora, durante esta vida... e, no futuro, recebermos a vida eterna” (v. 30). Se como aquela pessoa do Evangelho, buscamos querer saber se temos alguma garantia para o futuro, talvez nos surpreendamos tanto quanto os que estavam com Jesus naquele momento. O Mestre fala àquele judeu piedoso e conhecedor da lei, que tudo começa no cumprimento dos mandamentos. Mas o próprio reconhece que isto não é suficiente pois representa o mínimo, é então que Jesus o apresenta de forma clara as exigências do Reino, isto é, a radicalidade das atitudes e do testemunho através do despojamento, da partilha e da solidariedade com os pobres. É isso que o tornará um membro da comunidade do Reino e que fará aquele homem sentir de perto e em si mesmo a felicidade de “entregar-se a Deus para viver o Evangelho” (cf. v. 29). A este convite, a resposta primeira é aquela da tristeza. É difícil alcançar a felicidade do Reino quando não estamos dispostos a mudar de vida. Pensemos que como todo questionamento que nos vem de Jesus, a priori nos vem como uma exigência dura, porém é justamente a confiança na ação de Deus – gratuita e misericordiosa – que pode transformar o coração e fazê-lo renovar-se na entrega de tudo por amor. É preciso deixar-se desafiar por Deus, nos ensina o Evangelho de hoje. A vida eterna se alcança no caminho do Reino. E daqui que vem a segunda catequese de Jesus no Evangelho, e agora destinada aos seus discípulos que “ficaram admirados com as suas palavras” (v. 24) e se perguntavam “então quem pode ser salvo?” (v. 26). A eles, que de certa forma já estavam no caminho do Reino, mas que precisavam descobrir a verdade do Reino como uma realidade, a eles Jesus confirma a grandeza da opção que fizeram dizendo-lhes que o caminho escolhido por eles, não é um caminho de perda, de solidão, de tristeza ou de abandono, mas é um caminho de comunhão, de vida e de reconhecimento, mesmo que esta opção seja muitas vezes incompreendida e recusada pelo mundo, já que “para Deus tudo é possível” (v. 27) até mesmo considerar o nosso pequeno, porém sincero, esforço de encontrarmos a felicidade do Reino junto com os irmãos.
ORAÇÃO
Salmo 89: Ensina-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria, Senhor!
AGIR
Faça do texto da Primeira Leitura um momento para você olhar para dentro de você, e deixe que Deus lhe fale pela Leitura.
Pe. Adilson Schio, ms
QUE NINGUÉM DIVIDA AQUILO QUE DEUS UNIU
LEITURA |
discípulos. O Mestre quer ensinar a eles como se pode cumprir a vontade do Pai. Na Primeira Leitura, do Livro do Gênesis, o autor ensina com uma linguagem simbólica, que Deus criou o homem e a mulher para que formassem no matrimônio uma união indissolúvel, com iguais direitos e deveres. Na Carta aos Hebreus (2ª Leitura) Paulo diz que Jesus “coroado de glória e de honra” (v. 9) é ao mesmo tempo Filho de Deus e verdadeiro homem, nosso irmão. Ele nos salvou com a sua morte na cruz para fazer de todos nós participantes da sua glória.
MEDITAÇÃO
Há uma bela e atual mensagem que nos vem da meditação do Salmo Responsorial de hoje. É um Salmo sapiencial em estilo de oração sobre a felicidade do justo. Com simplicidade e como um reconhecimento de uma verdade, o Salmo diz que feliz é aquele que: 1- sabe andar nos caminhos do Senhor, ou seja, tem presente em sua vida os mandamentos de Deus e faz deles a principal verdade de suas ações, e 2- aquele que “teme” o Senhor, oque não significa dizer aquele que tem “medo” de Deus, mas aquele que sabe reconhecer com sabedoria e humildade a grandiosidade de Deus como criador e redentor. O Salmo diz que este são felizes e que serão os que viverão do esforço pessoal e terão a graça de Deus e “tudo irá bem” em sua vida (Salmo 127, v2). O Salmista parece fazer a experiência do quanto Deus é importante e do quanto as atitudes humanas segundo a vontade de Deus, podem trazer o bem para “dentro” da própria vida. É neste horizonte que podemos refletir nas palavras de Jesus no Evangelho. Notemos bem que Marcos inicia o seu texto colocando o confronto entre Jesus e os fariseus “que o queriam pô-lo à prova” (Evangelho, v. 2). O tema escolhido é a questão do divórcio. Fazendo referência a uma passagem do Livro do Deuteronômio (24,1-4), coloca-se em questão quais são os critérios para um homem divorciar-se, já que naquele tempo isto era permitido somente aos homens e jamais às mulheres: é possível divorciar-se por qualquer motivo ou estes devem ser sérios? Jesus, longe de entrar neste debate que depende muito de caso a caso, aproveita a oportunidade para dizer que a lei não é capaz de revelar o quanto é grande o plano de felicidade de Deus para aqueles que se casam: quem une é Deus e ninguém pode separar aqueles que Deus uniu (v. 9). Na afirmação de Jesus podemos ver a profundidade do casamento no projeto de Deus: casamento é uma união permanente, sempre baseada no amor e no respeito do homem para com a mulher e da mulher para com o homem, pois assim eles foram feitos um para o outro, “desde o começo da criação” (v. 6). Esta união de amor e de respeito é fortalecida pela graça de Deus através do sacramento, isto é, do sinal visível de Deus na aliança entre duas pessoas por amor. Marcos, no Evangelho de hoje, mostra que Jesus não apresenta conselhos ou normas que mudam ou regulamentam situações matrimoniais em dificuldade, somente apresenta a união matrimonial como o aspecto mais imprescindível para a felicidade no amor. A questão está justamente em saber quando é que Deus realmente une um casal, ou então, quando que por “temerem e andarem nos caminhos do Senhor” (Salmo Responsorial), o matrimonio se tornou um ato de Deus na vida de duas pessoas. Quem está no Senhor, é unido pelo amor. A separação quase sempre é por causa de um amor que se tornou fraco, por isso ela não faz parte dos projetos de Deus, pois em Deus o amor é total e duradouro. Assim, quando o amor for total, acontece então a graça de uma união também duradoura. O Evangelho termina com as crianças em torno de Jesus. Elas são o contrário do orgulho e da arrogância, característica forte dos fariseus que quiseram provar Jesus. Por esperarem tudo com confiança e amor é que as crianças são modelos para o discípulo de Jesus. Assim o Evangelho termina com esta outra mensagem: Quem é como as crianças, pertence ao Reino de Deus, porém quem é como os fariseus, está longe do Reino onde todos serão unidos pelo Pai.
ORAÇÃO
Salmo 127: Feliz és tu, se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem!
AGIR
Medite em oração o Salmo Responsorial da Missa de hoje. Faça dele a oração do seu coração.
Pe. Adilson Schio, ms
Pe. Adilson Schio Ms
Reitor do Santuário
Acompanhe conosco a Liturgia dominical comentada pelo nosso reitor.
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