deste mistério da Páscoa que Pedro realiza um milagre curando uma pessoa doente (1ª Leitura). É também por este mistério que os discípulos acreditam no amor do Cristo, mesmo sem o verem com eles, porque percebem que ele continua agindo (2ª Leitura). É pelo mistério pascal que toda a humanidade pode esperar a salvação pois o amor e a misericórdia do Senhor nos são oferecidos como caminho de vida. MEDITAÇÃO O pastor é uma figura muito comum na narração bíblica. Como um ícone de espiritualidade, sempre nos é apresentada a comparação entre o bom pastor e o mau pastor, isto é, entre aquele que cuida e aquele que abandona o seu rebanho. Um exemplo claro desta distinção podemos ver no Salmo 22 onde encontramos a “dinâmica” do pastor com o seu rebanho, atribuída ao “jeito” de Deus ser com seu povo. O Salmo começa dizendo que Deus é o Pastor e por isso nada nos faltará e a razão desta certeza vem de que é Ele que “por causa do seu nome, nos guia por bons caminhos” (Salmo 22, v. 3). Os pastores de Israel a cada dia, pela manhã, andavam à frente de seus rebanhos, para conduzi-los a lugares de “verdes pastagens” e “às fontes de águas puras”. E as ovelhas o seguiam por estes caminhos. Assim o pastor cumpria a sua missão e o Salmo nos diz que desta forma as ovelhas restauravam as suas forças. No final da tarde o pastor vinha atrás do seu rebanho para que nenhuma das ovelhas se perdesse. Elas, seguindo o caminho para o aprisco onde, antes de entrarem, esperavam o pastor lhes abrir a porta. Esse era o momento em que o pastor lhes curava as feridas, passando-lhes óleo e fazia a contagem para ver se nenhuma ovelha havia se extraviado. Caso notasse a falta de alguma ovelha, lá ia o pastor a procura daquela que havia se perdido. Com esta “dinâmica” de cuidar e curar, de ir à frente e conduzir, de chamar e ser reconhecido, fica muito fácil fazer a comparação com Jesus. Ele é o Bom Pastor cujo “bastão e cajado nos deixam tranquilos” (Salmo 22, v. 4). Já o mau pastor é aquele que abandona as suas ovelhas quando elas mais precisam, e por isso não pode ser chamado de pastor, mas de mercenário pois cuida apenas de si mesmo (cf. Ezequiel 34,2-4). Encontramos no Evangelho de hoje esta bela expressão, usada por São João, dizendo que Jesus “conhece” as suas ovelhas como conhece o Pai e é conhecido pelo Pai e as suas ovelhas também o conhecem e por conhecê-lo conhecem também aquele que o enviou. O verbo “conhecer”, na linguagem bíblica, não significa um saber intelectual, mas indica que tal conhecimento é fruto de um relacionamento de proximidade, de amor e de solidariedade. O conhecimento que Jesus tem de nós, seus discípulos, nasce e se faz pleno no amor que existe entre o Pai e o Filho. O “conhecer” do Evangelho de hoje nos enche de paz e de serenidade pois revela que Jesus é entre nós e não nos deixa sós. Por isso podemos dizer como o salmista: “nada nos faltará”, afinal de contas temos acima de tudo o amor incondicional de Jesus que doa sua vida por nós. Somos um só rebanho e temos um só pastor, assim podemos resumir a beleza da mensagem da liturgia deste domingo. É dia de rezar pelas vocações. Na sua mensagem, o Papa Francisco nos convida a esta oração apresentando o tema do “sair”, isto é, de ir ao encontro dos outros como uma experiência fundamental de vocação. Como diz o texto do Papa, “na raiz de cada vocação cristã, há este movimento fundamental da experiência de fé: crer significa deixar-se a si mesmo, sair da comodidade e da rigidez do próprio eu para centrar a nossa vida em Jesus Cristo... Esta dinâmica de “êxodo” rumo a Deus e ao homem enche a vida de alegria e de significado.” Sair, como um rebanho, com seu pastor, assim despertaremos vocações... ORAÇÃO Salmo 117: Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia. É melhor buscar refúgio no Senhor, do que pôr no ser humano a esperança. É melhor buscar refúgio no Senhor, do que contar com os poderosos deste mundo. AGIR Faça sua prece ao Pai e a Nossa Senhora, pedindo mais vocações consagradas para a Igreja. Pe. Adilson Schio, ms
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de cruz, poderia resultar num sinal de vida e de salvação? Pois é aí onde está o “mistério”. A Primeira Leitura deste domingo nos leva a refletir nesta pergunta a partir da palavra clara e firme de Pedro ao dizer que tudo o que aconteceu com Jesus já fora anunciado como o plano de Deus para o perdão de todos os pecados: “Deus porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas...”. Na Segunda Leitura, continuando a reflexão da Primeira Carta de São João iniciada no domingo passado, vemos que Jesus Cristo se faz nosso advogado (em grego “paráclito”), revelando-nos a força do seu perdão. No Evangelho temos a bela cena de Jesus ressuscitado que se coloca visivelmente no meio dos apóstolos e os convida a “sentirem” que aquele é verdadeiramente ele mesmo, o Jesus, Filho do Deus vivo. É esta experiência que se tornará a base de toda a fé e de todo o entendimento. MEDITAÇÃO Tudo é desígnio de Deus. Tudo em Jesus e com Jesus é vontade do Pai. A experiência dos discípulos, passado os dias da Páscoa de Jesus, é de medo e de dúvida. A Liturgia da Palavra de hoje destaca muito bem estes sentimentos que amedrontam e “prendem” os discípulos na angústia e na incerteza. Porém podemos refletir, igualmente a partir da Liturgia deste domingo, de que é justamente neste momento em que mais uma vez o Cristo se faz presente para trazer a paz e para dizer a todos do quanto ele continua vivo na missão que agora deve ser a de anunciar e testemunhar que a morte foi vencida pelo imenso amor de Deus. Como nos diz a Igreja Católica no seu Catecismo, na altura do número 655: “A ressurreição de Cristo – e o próprio Cristo Ressuscitado – é princípio e fonte da nossa ressurreição futura... Cristo ressuscitado vive no coração dos que nele creem”. É este o testemunho a que somos convidados a dar ao mundo a partir do Evangelho de hoje. Um testemunho livre do medo e da incerteza e, portanto, um testemunho convicto e convincente que vem do nosso coração pois é lá onde o Cristo se faz presente como vencedor de todas as mortes, até mesmo da morte e da ruptura que o pecado provoca em nós. Lucas ao narrar este encontro de Jesus ressuscitado com a comunidade dos discípulos reunida, faz questão de dizer da situação reinante entre os seguidores de Jesus e ao mesmo tempo, as palavras do Cristo que são confirmadas pelos sinais da doação de sua vida: “vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo” (Evangelho, v. 39). Parece que Lucas soube “ler” e ao mesmo tempo “iluminar” a presença dos sentimentos de medo e de desesperança que podem estar presentes em nossas comunidades e em nós mesmos. Diante da dúvida da comunidade, Lucas busca “recuperar” o ânimo e a coragem, falando não tanto de um Jesus com muitas palavras, mas de um Jesus que vem ao encontro (ele mesmo, visível aos olhos de todos), que se coloca no meio (não num canto, nem acima, nem longe, mas no meio, junto, ao lado um do outro) e diz “a paz esteja convosco... É preciso que se cumpra tudo o que estava escrito” (v. 36). É esta experiência do “mistério” da ressurreição que transforma os membros da comunidade primitiva em testemunhas vivas do que sentiram e vivenciaram: “Vós sereis as testemunhas de tudo isso” (v. 48). Um grupo sem rumo e sem confiança transforma-se em uma comunidade de evangelizadores que assume a tarefa de anunciar em nome do Cristo Ressuscitado “a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”. O Evangelho de hoje nos ensina que quando nos encontramos com o mistério do Cristo Ressuscitado, a nossa lógica humana deve “abandonar-se” na confiança e na sabedoria de Deus que se faz plenamente presente em nós por seu Cristo unigênito ressuscitado (2ª Leitura, v. 5a). ORAÇÃO Salmo 4: Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça! Vós, que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição, atendei-me por piedade e escutai minha oração! AGIR Abra o seu coração a esta verdade: Jesus ressuscitou para nos salvar. Pe. Adilson Schio, ms
amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (2ª Leitura, v. 2). O testemunho de Jesus, graças ao dom do Espírito Santo, nos dá a possibilidade de anunciar o amor de Deus e de viver no caminho indicado pelo próprio Jesus que nos abriu a porta da vida eterna. A palavra definitiva não é aquela que vem deste mundo, mas aquela do “reino do Pai” onde o Cristo nos garante um lugar. A fé na ressurreição nos dá um olhar privilegiado sobre a vida humana. Não é mais o querer sempre acumular e não é a divisão entre os irmãos que exerce sua força no coração das pessoas, mas é a reconciliação que vence todo o ódio e toda injustiça, e que nos foi conquistada por Jesus com sua plena doação de vida (Evangelho). MEDITAÇÃO Um povo novo. Hoje é celebrado o Domingo da Divina Misericórdia. Toda a pregação de Jesus pode ser resumida nesta intenção: criar um coração novo, fazer renascer um espírito novo no coração das pessoas para que as relações entre elas e a sociedade em que vivem, sejam verdadeiramente novas no seu jeito de ser e de promover o bem, a verdade e a justiça. A páscoa da ressurreição do Senhor faz nascer naqueles que o seguem, o desejo de serem “homens novos” para “uma nova missão” dada pelo próprio Jesus ressuscitado, portador da paz e do Espírito Santo: “A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Evangelho, v. 23). O Espírito que Jesus transmite aos seus discípulos reunidos no cenáculo, o encontro com Tomás, aquele que não acreditava sem que o visse, as palavras de Jesus no desejo de que a paz estivesse com todos, tudo isso, nos apresenta a grande e imensa misericórdia de Deus. É justamente esta possibilidade de experimentar a misericórdia ao se dar e pedir perdão que faz também nós, nesta celebração ainda da Páscoa do Senhor, oferecer um hino de louvor a Deus, junto com o Salmista do Salmo 117: “Eterna é a misericórdia do Senhor... Foi pelo Senhor que tudo isso foi feito; quantas maravilhas o Senhor fez aos nossos olhos” (Salmo). O Evangelho de hoje faz referência a um tema muito atual da nossa vivência religiosa: o encontro com o Senhor vivo e ressuscitado. Muitas vezes a fraqueza de nossa fé se deve pela nossa falta de fé no Cristo vivo. Somos facilmente do Cristo morto do que do Cristo ressuscitado. O encontro de Jesus com Tomé pode nos trazer uma bela reflexão no dia de hoje. Vejamos que o encontro dos dois (Jesus e Tomé) acontece num domingo, “dia do Senhor”, quando a comunidade cristã, naquele tempo ainda primitiva, estava reunida para fazer memória da ressurreição do Cristo. Tomé representa um pouco de todos nós: crer, não crer, ou precisar de provas para crer. Porém ele vive a experiência que todos nós devemos viver: passar da dúvida à fé verdadeira; do não acreditar no que nos foi contado, para o comprovar que tudo era verdade; ir da angústia humana e da insegurança, para a promessa do dom do Espírito Santo, força de vida. Jesus deixa com todos aqueles que são seus o dom mais precioso que pode brotar da fé na ressurreição: o dom da paz. Como ouvimos em cada missa e que são João no seu Evangelho nos recorda; “ao anoitecer daquele dia, estando fechadas as portas do lugar onde estavam os Apóstolos, Jesus entrou e pondo-se no meio deles disse: Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. A paz que dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Assim como o pai me enviou, eu também envio vocês...” (cf. Evangelho, v. 19-21). Em cada domingo, a cada encontro dominical da comunidade, somos convidados a repetir que “o amor do Senhor é para sempre” e permanece para sempre quando “com um só coração e um só espírito” (1ª Leitura, v. 32) vivemos a comunhão e a fraternidade dos que creem no Cristo ressuscitado, pois acreditamos contra todas as aparências que o bem é mais forte do que o mal, a vida é mais forte do que a morte, e a paz é mais forte do que toda e qualquer prepotência, simplesmente porque “sentimos” Cristo presente entre nós. ORAÇÃO Salmo 117: A mão direita do Senhor fez maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou, a mão direita do Senhor fez maravilhas! AGIR Deixe as palavras de Jesus, repetidas no Evangelho de hoje, tocarem o seu coração. Pe. Adilson Schio, ms
Cristo, minha esperança... Sabemos e acreditamos, Cristo ressuscitou dos mortos...” A Páscoa do Cristo é também solenemente proclamada na antífona que se canta para aclamar o Evangelho: “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado, celebremos a festa do Senhor.” A Primeira Leitura deste Domingo de Páscoa, tirada do Livro dos Atos dos Apóstolos, é o belo discurso de Pedro, na casa de Cornélio, um centurião romano, onde ele nos apresenta o conteúdo central de toda a mensagem cristã: a pregação de Jesus, os seus milagres, a sua morte e a sua ressurreição. A força do discurso de Pedro está em dizer que tudo o que ele fala de Jesus não é porque ouviu dizer mas porque “nós [os Apóstolos] somos testemunhas de tudo o que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém” (1ª Leitura, v. 39). Na Segunda Leitura, da Carta de São Paulo aos Colossenses, a Páscoa é contado como obra do Pai e por isso a nossa atitude diante desse fato consiste em “alcançar as coisas do alto” (2ª Leitura, v. 1) e no voltar nosso pensamento para o céu, onde está o Cristo Ressuscitado. O Evangelho de São João nos conta que “no primeiro dia da semana”, aquele dia em que era costume a comunidade estar reunida, eles recebem a notícia de que o Senhor não está mais entre os mortos. MEDITAÇÃO “Dai graças ao Senhor, porque eterna é a sua misericórdia. A mão direita do Senhor fez maravilhas”. O convite que se estende a toda a comunidade cristã, neste dia de glória e de alegria, nos vem do Salmo Responsorial e deve se tornar de hoje em diante, muito mais do que um simples verso de oração, e sim uma verdade de fé que procuraremos recordar sempre que necessitarmos fortalecer nossa vida em Deus. O Salmo, em toda a sua composição, nos convida a ver a ação de Deus como especial e sempre em vista do seu povo. O nosso Deus escolhe aqueles que são desprezados, “a pedra que os construtores rejeitaram”, para fazer deles a “pedra angular” de seus projetos. E Deus faz isso “porque eterna é a sua misericórdia”. Em todo o seu Evangelho, João nos apresenta um Jesus cuja missão principal é aquela de criar o homem novo, livre da escravidão e do pecado, livre da morte e do egoísmo. Em João, Jesus, o mestre, não perde a oportunidade de ensinar a lição do amor total, aquele amor que não guarda nada para si, mas faz da vida um dom radical entregue ao Pai e aos irmãos. E a comunidade que surge desse amor é uma comunidade de homens e mulheres que se convertem e aderem a Jesus. Uma comunidade que a cada dia – mesmo diante do sepulcro vazio – é convidada a manifestar a sua fé no Jesus vivo que não está mais entre os mortos, mesmo que seja difícil compreender: “Eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segunda a qual ele devia ressuscitar dos mortos” (v. 9). Inicialmente os discípulos pensavam que a morte tinha vencido toda a esperança, pensavam num Jesus “prisioneiro” do sepulcro. A comunidade portanto sentia-se perdida, desorientada, insegura, desamparada, por isso procura Jesus no túmulo. A mudança de mentalidade e de compreensão da nova vida de Jesus é contada por João como algo que precisa ser descoberto com urgência. É bela a maneira como ele narra tal urgência: O fato começa a acontecer de madrugada, “quando ainda era escuro”, portanto quando não se podia ver bem o futuro, aquilo que viria pela frente. Maria Madalena, que no contexto do Evangelho de João representa a comunidade nascida da ação do Messias, ao ver o túmulo sem o Cristo, “corre” para contar a todos a notícia, mesmo sem saber ao certo o que havia acontecido, se alguém teria tirado dali o corpo de Jesus, e sem ter informação de onde o colocaram. Ao saber da notícia trazida por Maria Madalena, dois dos discípulos também “correm” até o sepulcro, entram no local e encontram tudo arrumado (v. 6), mas Jesus não estava mais onde deveria estar. É aqui, no encontro ou no desencontro com o Jesus do túmulo, que começa a nova compreensão da comunidade, pois a morte não havia vencido a vida, a ressurreição verdadeiramente era uma realidade. “Revestidos de Cristo”, a comunidade ressuscita com ele para uma vida nova. Hoje é também o dia da nossa páscoa, isto é, da nossa passagem para a vida nova naquele de tudo nos deu por amor. Jesus ressuscitou, aleluia! ORAÇÃO Salmo 117: A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pera angular. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que maravilhas ele fez aos nossos olhos. AGIR Seja atencioso e amoroso nos seus desejos de Páscoa a todos que convivem com você. Pe. Adilson Schio, ms
LEITURA A Vigília Pascal nos permite contemplar o grande mistério: o Cristo, sepultado ao cair da noite como um dos últimos desta terra, na manhã de Páscoa ressurge glorioso, como havia anunciado aos Apóstolos. Jesus ressuscita. A sua vitória sobre o pecado e a morte é a base mais segura da nossa fé. Como nos diz, a propósito desta verdade, o Apóstolo Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios: “Se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também vazia é a nossa fé” (1Cor 15,14). Durante o dia de sábado a Igreja continua meditando a paixão e morte do Cristo, sua descida à ”mansão dos mortos” e espera na oração a sua ressurreição. Já a Celebração do Sábado Santo à noite, é uma vigília em honra ao Senhor. Esta Vigília Pascal se desenvolve a partir de alguns ritos, começando com o altar e todo o presbitério sem nenhuma decoração: 1- Prepara-se o Círio e abençoa-se o fogo e proclama-se com solenidade a Páscoa com o canto do “Exulte”; 2- A Liturgia da Palavra revela as promessas de Deus recuperando as leituras desde a criação do mundo, o convite a Abraão para sair de sua terra, a libertação do Egito e a profecia que anuncia que Deus dará à casa de Israel um coração novo e um espírito renovado e “então vocês serão o meu povo e eu serei o Deus de vocês” (Ez 36,28); 3- A Liturgia Batismal com a renovação das promessas batismais e o batismo daqueles que se prepararam para este sacramente durante o Tempo da Quaresma; 4- A Liturgia Eucarística: onde somos convidados a nos aproximar da eucaristia, sacramento da memória do Cristo presente entre nós. MEDITAÇÃO O Sábado Santo, durante o dia, nas Igrejas, é um dia de silêncio. Os sinos não tocam e não se usa nenhum outro instrumento. Tudo é espera e expectativa. Se faz de tudo para criar uma atmosfera de contemplação. O altar continua sem nenhuma decoração e o sacrário fica aberto e vazio. Somente a cruz que foi entronizada na Sexta-Feira Santa continua em um lugar central da Igreja e geralmente com um pano vermelho nos seus braços. É o dia da ausência. Dia de solidão, de dor, mas também de esperança nas promessas que devem se realizar. O Verbo de Deus, palavra de vida, foi calado pela morte na cruz. Depois do seu último grito parece tudo estar consumado. Mas justamente este silêncio pode conter uma mensagem que nos fala profundamente: tudo é mistério. O Cristo experimenta a morte e na morte a força do Pai que o fará ressuscitar. A fraqueza que vem com o abandono é vencida com a certeza de que Deus não morre, é sempre eterno no seu plano de amor. Na celebração noturna do Sábado Santo faz-se a luz nova do Cristo “dissipar as trevas antigas da morte e do pecado” e quando a comunidade cristã entra na Igreja com as velas acesas, pouco a pouco o escuro do lugar se transformará em claridade, assim como a ressurreição de Jesus poderá “encher” nossa frágil vida de um significado totalmente novo. É uma noite luminosa onde o Evangelho nos apresenta a atitude das mulheres que ao cumprir um gesto de piedade e de afeto, tomam a estrada bem cedo para irem ao sepulcro onde colocaram Jesus, levando os perfumes para ungir o seu corpo, o fazem com tristeza e com o pensamento de que a história de Jesus havia terminado ali, mal sabiam elas que estavam por presenciar a grande novidade de Deus, algo totalmente inesperado que lhes transformará o coração e o pensamento. Primeiro a dúvida, depois o encontro com um “jovem vestido de branco”, e por fim a pressa em contar a todos a grande notícia. A pedra estava removida. O corpo de Jesus não estava mais onde o colocaram. É ali onde receberam a mensagem de que “Ele ressuscitou e disse que vos precederá na Galileia, lá onde todos poderão vê-lo como ele mesmo havia dito” (Evangelho, v. 7). Na Galileia, lá onde tudo havia começado, onde os apóstolos foram convidados a segui-lo, onde a sua missão ficou conhecida naquele sábado na Sinagoga, ao se ouvir o próprio Jesus ler o livro do Profeta Isaías e ao dizer que aquelas palavras se cumpririam nele e na sua missão. É para lá onde todos devem ir, pois é novamente de lá que a missão deve ser retomada nas suas raízes, nos seus fundamentos, nas suas esperanças e na sua força de transformação. Hoje o céu exulta e a terra se alegra. Nesta noite a luz brilhou para nós com mais intensidade pois “Jesus ressuscitou, ele não está mais entre os mortos” (Evangelho, v. 6). ORAÇÃO Salmo 103: Bendize, ó minha alma ao Senhor. Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande. De majestade e esplendor vos revestis e de luz vos envolveis como num manto. AGIR Encontre-se com a luz de Jesus ressuscitado. Abra-se a esta luz. Pe. Adilson Schio, ms
Neste dia em nenhuma Igreja Católica se faz a missa ou qualquer outro sacramento, tal como acontecem em outros dias da semana ou nos domingos. A Liturgia começa sem que se faça o sinal da cruz, simplesmente com o celebrante prostrando-se diante do altar em silêncio, assim como a celebração da Quinta-Feira Santa não terminou com o Sinal da Cruz, faz-se então a unidade entre os dois atos litúrgicos como se fosse um dia só. As hóstias usadas na Comunhão Eucarística desta celebração foram consagradas na Missa da Quinta-Feira Santa e guardadas no Sacrário, posteriormente expostas num altar especialmente preparado a fim de possibilitar a todos um momento de oração e de adoração. Toda a liturgia deste dia está em função de Cristo crucificado e nós, povo cristão, na oração e no silêncio, expressamos nossa dor pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. MEDITAÇÃO “O meu servo será exaltado” (Is 52,13). Estas são as primeiras palavras que ouvimos na Celebração da Paixão de Jesus na Sexta-Feira Santa. A oração que inicia esta celebração é uma profunda prece ao Pai, autor de toda vida e de toda consolação, implorando a sua misericórdia para que nos tornemos em Cristo novas criaturas: “Concedei-nos que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho... e que pela vossa graça, possamos ser a imagem do Homem Novo”. O Profeta Isaías na Primeira Leitura nos fala da glória do “Servo”, mas que glória é esta que acontece através da via dolorosa da morte de cruz? Que glória é esta que vem da morte como consequência do anúncio de um amor incondicional e infinitamente misericordioso? Que glória é esta que vem da triste realidade de que “Ele foi eliminado do mundo dos vivos, e por causa do pecado do povo foi golpeado a morrer?” (1ª Leitura, v. 7). A resposta a estas e tantas outras perguntas sobre a morte de Jesus, precisa ser buscada na certeza de que em Deus, até uma vida desprezada e rejeitada, pode florir novamente e até inesperadamente, isto porque em Deus a vida é sempre gerada em um amor que não morre. O amor de Deus nunca morre. É o amor de Deus que sustenta Jesus na sua hora derradeira. É o amor de Deus que não deixa Jesus abandonado no mundo dos mortos. É o amor de Deus pela humanidade que faz a vida renascer mesmo que a “profundeza da escuridão da morte” teime em dizer: tudo é terminado, chegou-se ao fim da esperança. A luz que virá depois de todos os tormentos, é a luz que emerge com toda a força da “noite escura” e que irradia o seu esplendor até mesmo na treva mais densa da desesperança. A escuridão do medo e a tristeza da morte nada podem contra aquele que é a luz verdadeira. Não há nada que possa vencer a luz do amor infinito do Pai, revelado na ressurreição de seu Filho. A espiritualidade desta celebração da Sexta-Feira Santa nos faz recordar que aquilo tudo que Jesus havia anunciado quando falava do “Bom Pastor”, agora se torna realidade nele mesmo: ele é quem dá a vida pelas suas ovelhas, e o faz de forma livre, ninguém tira a sua vida, ele a oferece em sacrifício. Assim é o agir de Deus, assim é o amor de Deus por todos nós, sempre abrindo caminhos e nos convidando a viver mais perto de si. Até mesmo quando o Filho é morto na cruz, Deus faz daquela cruz de Jesus ser o sinal mais forte de vida nova. Como diz São Paulo aos Hebreus, “é na consumação da sua vida [de Jesus], que ele tornou-se causa de salvação eterna para todos (Hb 5,9). Nesta Celebração da Paixão do Senhor precisamos olhar tudo com os olhos da fé, pois lá onde os olhos do mundo só conseguem ver o fim e a morte, nós, pela fé, enxergamos o amor e a força de Deus, renovando a vida. A última palavra ainda será ressurreição. Por hora, confiantes na palavra do Evangelho vivemos horas de profunda consternação, adorando a cruz de Jesus, caminho de vida nova, e nos unindo a ele na comunhão eucarística, alimento de esperança. Este é o tempo da Vigília Pascal. ORAÇÃO Salmo 30: Senhor, eu ponho em vós minha esperança; que eu não fique envergonhado eternamente! Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito, porque vós me salvareis, ó Deus fiel. AGIR Participe da eucaristia com a certeza de estar em “comunhão” com Deus. Pe. Adilson Schio, ms
instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, se inicia o Tríduo Pascal. Este é o tempo central e mais importante do Ano Litúrgico. Reunidos em torno do altar, mesa da eucaristia, participamos da celebração do mistério pascal com a mesma fé e o mesmo espírito de fraternidade com que os apóstolos, na Última Ceiam sentaram-se na mesa do Cenáculo com Jesus. Como nos dizem os Evangelhos, naquela Ceia, sabendo que a sua hora era chegada, Jesus os fez compreender que no pão e no vinho, estaria a memória da sua eterna presença entre nós. Comunhão e espírito de serviço são duas atitudes que nos fazem acolher no coração o significado mais profundo e verdadeiro do grande mistério da vida do Filho de Deus entre nós. MEDITAÇÃO Páscoa é sinal de vida nova e de libertação. Ao iniciarmos o Tríduo Pascal a liturgia nos recorda este memorial de vida nova. O Povo de Deus, jamais deve esquecer que pela mão de Moisés foi libertado da “terra da escravidão”. Por isso a 1ª Leitura desta Quinta-Feira Santa narra a celebração da primeira Páscoa como a noite em que o Senhor libertou o seu povo, fazendo-o sair do Egito em busca da “terra prometida”. Ao escrever sua Primeira Carta aos cristãos de Corinto, São Paulo faz esta mesma lembrança, agora realizada por Jesus aos instituir a ceia eucarística justamente no contexto da “noite em que foi traído”. O versículo 26 da Segunda Leitura de hoje nos revela a certeza da fé no compromisso da unidade e da comunhão que o próprio Apóstolo deseja anunciar a partir das suas convicções e da sua experiência de vida. Paulo fala da Eucaristia de uma maneira tão simples e a partir de uma dimensão verdadeiramente eclesial e celebrativa. A Ceia estabelecida pelo Senhor é memória da Páscoa libertadora e alimento de esperança na vinda do Senhor: “Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha” (2ª Leitura, v. 26). Ao meditarmos o Evangelho que a Igreja nos apresenta para este dia, podemos notar que São João faz referência, mais do que os outros três Evangelistas, aos discursos de despedida de Jesus. A força que João coloca nas palavras finais do Mestre, fazem com que estes textos sejam como que o testamento e o núcleo essencial da mensagem de Jesus. No início destes discursos temos o Lava-pés, momento no qual o compromisso de Jesus por toda a humanidade é resumido num gesto de humildade e numa recomendação para os Apóstolos. É daqui que parte toda a Oração Sacerdotal de Jesus. Suas palavras se tornam uma prece ao Pai, recomendando-o “todos aqueles que Tu mesmo me deste”. São palavras que antecipam a hora da Paixão e ao mesmo tempo revelam a angústia da Cruz. Na Quinta-Feira Santa torna-se visível, de maneira muito particular, o novo sacerdócio de Jesus Cristo, isto é, a sua nova entrega como corpo e sangue, memorial permanente de sua presença entre nós. Do Evangelho de hoje podemos guardar no coração três expressões que serão importantes para celebrarmos com devoção e profundidade os mistérios de um Cristo morto pela nossa salvação: 1) Se lê no Evangelho, no versículo 1: “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”: João destaca, para a clareza de nossa fé, o amor supremo de Jesus que vai até a doação de tudo o que ele é e de tudo o que ele possui: a vida, o corpo, o amor pelo Pai e pela humanidade. 2) O versículo 5 do Evangelho diz que Jesus “começou a lavar os pés dos discípulos”: o sinal profundo do serviço que acompanha aqueles que se aproximam do Mestre fazem de suas atitudes um exemplo de vida a ser seguido. E por fim a afirmação final de Jesus, no versículo 15, “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”: Jesus revela aos Discípulos, nesta hora final, que tudo o que Ele fez e ensinou foi por amor, um amor verdadeiro que se concretiza na humildade e no serviço que deve continuar a ser o exemplo mais significativo que todos os cristãos possam dar. Como diz a escritura, “Ele quis ardentemente celebrar esta ceia com os seus”. Celebremos também nós a eucaristia da Paixão e da Esperança do Cristo, alimento de vida: E guardemos estas três passagens do Evangelho de hoje em nosso coração. ORAÇÃO Salmo 115: Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor. AGIR Participe da eucaristia com a certeza de encontrar-se na “comunhão” com Deus. Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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