UM CORAÇÃO CAPAZ DE DISCERNIR.
bem daqueles que amam a Deus” (v. 28). No Evangelho temos novamente outras três parábolas que Jesus usa para falar do Reino de Deus: é como um campo onde há um tesouro e este tesouro é encontrado por alguém que dá tudo por aquele campo; é como um comprador de pérolas que encontra uma pérola de grande valor e também dá tudo para ter aquela pérola e; é como uma pesca que, quando lançada a rede, pega todos os tipos de peixes e que depois, na beira da praia, são escolhidos pelos pescadores. MEDITAÇÃO Um dos elementos que mais deve caracterizar o cristão é justamente fazer o desejo de Deus. O Reino que Jesus anuncia é a vontade de Deus para a vida do seu povo. Este também deve ser o nosso desejo, porém muitas vezes desejamos tantas coisas e nem sempre nos damos conta que a única coisa que deveria estar no centro do nosso coração, a tal ponto de ser o nosso desejo dia e noite, é a presença de Deus em nossa vida e a nossa presença, livre e serena, diante do Senhor. Sem o desejo da presença de Deus, como poderíamos viver a fidelidade? Como poderíamos aprofundar o nosso conhecimento das coisas de Deus? Como poderíamos ser abertos a Deus e aos seus planos?... E se o nosso desejo de Deus não tiver raízes no nosso coração, correremos o risco de criar uma imagem falsa de Deus e da sua vontade em nós. A Primeira Leitura, nas suas poucas palavras, nos faz pensar justamente neste horizonte da presença de Deus em nossa vida como a razão mais profunda das nossas buscas e das nossas realizações na fé. É interessante ver nestas tantas parábolas que Jesus conta sobre o Reino, como Ele apresenta um horizonte totalmente novo para a presença de Deus no meio de nós. Não um Deus longe e distante, mas um Deus presente que quer fazer história e aliança com o seu povo; não como um rei que precisa ser servido, mas como o Criador que ama com fidelidade e compaixão até o fim; não um Deus formal, mas um Deus próximo que se faz presença naqueles a quem nós nos fazemos próximos. Enfim, um Deus que é Pai (Abba) a quem pedimos a cada oração do Pai Nosso que o seu Reino venha até nós e que a sua vontade aconteça no céu e na terra. Segundo o Catecismo da Igreja Católica (nº 1716), vivemos os valores do Reino de Deus, anunciado por Jesus, quando fazemos crescer neste mundo a verdade, a justiça, a paz, a fraternidade, o perdão, a liberdade, a alegria e a dignidade da pessoa humana. O Reino de Deus é o sustento da nossa esperança no meio das tribulações e das injustiças que acontecem no mundo (CIC 1717). Não é por nada que Mateus, ao narrar a parábola contada por Jesus sobre o homem que encontra um tesouro no campo, faz referência a uma atitude daquele homem que encontrou o tesouro que, por ser muito sutil, pode até nos passar desapercebida. Mateus diz que o homem mantem o tesouro escondido e “cheio de alegria” vai, vende seus bens e compra o campo (v. 44). O texto enfatiza que é “cheio de alegria” que o homem troca seus bens pelo tesouro encontrado. O Reino é o valor e é por ele que devemos mudar a nossa vida. Não é um peso, mas uma alegria que brota da profundeza do nosso ser. Como disse o Papa Francisco na sua Exortação, “Deus e o seu Reino é a realidade mais presente e decisiva para qualquer ato de nossa vida”. ORAÇÃO Pai Nosso que estais no céu. Santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu Reino e seja sempre feita a tua vontade. Amém. AGIR Medite com mais profundidade a Oração do Pai Nosso. Pe. Adilson Schio, ms
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VIRÁ O TEMPO DA COLHEITA.
paciência e perdão. Ele faz maravilhas. As palavras da Primeira Leitura poderiam ser classificadas como “consoladoras”. São expressões de uma profundidade que, por vezes, somente no Livro da Sabedoria, encontramos: “não há além de Ti outro Deus” (v. 13). “A teus filhos destes a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores” (v. 19). Esta leitura ajuda a reconstruirmos em nós, o verdadeiro rosto de Deus. Um Deus que ama com justiça, julga com clemência e perdoa com misericórdia. É este também o tema da Segunda Leitura tirada da Carta de São Paulo aos Romanos, texto que vem em continuidade daquele do domingo passado. Paulo diz: “É o Espírito que vem em nosso socorro” e penetra o íntimo dos nossos corações. Continuando a falar em parábolas, Jesus nos apresenta, no Evangelho, outras parábolas que falam de sementes e de fermento. Elas nos ajudam a refletir na nossa vida de fé diante da proposta de Deus. MEDITAÇÃO A reflexão do Evangelho deste domingo é uma grande luz para a nossa vida em comunidade. Jesus continua a falar em parábolas, portanto, a se fazer compreender de tal forma que a conclusão final seja feita por aqueles que o ouvem. Hoje lemos três parábolas que comparam o Reino de Deus a um campo de trigo, a um grão de mostarda e ao fermento na massa quando se faz pão. O texto termina como a explicação do sentido da parábola do trigo e do joio. O joio é uma planta parasita que cresce a tal ponto que sufoca a planta boa. A questão é que o joio se confunde com o trigo, por este motivo é arriscado arrancá-lo pois corre-se o risco de arrancar também o trigo bom. Jesus utiliza o exemplo desta planta para fazer que compreendamos que é muito arriscado definir soluções drásticas quando se trata de julgar o comportamento das outras pessoas na comunidade. Somente Deus conhece os segredos dos corações que vivem no amor e na bondade, ou no egoísmo e na maldade. É muito interessante de analisar a pergunta que os discípulos fazem a Jesus quando estão na casa. Ao contar a Parábola, Jesus falava de trigo (semente boa) e de joio (a semente parasita). Na narração da parábola as duas sementes ocupam o mesmo espaço tendo porém um fim diverso. Mas a pergunta dirigida a Jesus é justamente sobre uma só das duas sementes: “Explica-nos a parábola do joio!” perguntaram os discípulos. Parece que eles são capazes de ver a má semente mas esquecem que há uma boa semente que também foi e ainda hoje é lançada. Muitas vezes este também é o nosso olhar: o mal ocupa toda a nossa visão sobre o mundo impedindo que vejamos o bem que certamente existe. Jesus nos faz acreditar fortemente que no fim, o bem que Ele anuncia, produzirá muito mais vida do que o mal possa produzir de morte. A beleza do ensinamento das três parábolas está em mostrar que a semente, o fermento, o Reino de Deus, todos tem um dinamismo interno capaz de dar resultados que por vezes são inesperados se comparados ao tamanho e à sua fragilidade. Onde existe uma comunidade de discípulos de Jesus, há ali uma força de vida nova que está além das forças humanas pois é movida pelo Espírito Santo de Deus. Como diz São Paulo no versículo 27 da Segunda Leitura: “É sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos seus santos”. Voltando à mensagem do Salmo, se pode notar que o perdão de Deus é sempre uma bênção. No entanto o perdão não é o único benefício do arrependimento. Quando somos perdoados somos “confirmados em nosso vigor” porque são realmente grandes as maravilhas que Deus faz por cada um de nós. ORAÇÃO “Vou escutar o que diz o Senhor: Deus anuncia a paz ao seu povo e a seus fiéis, paz aos que se convertem de coração. A salvação está próxima dos que amam e a glória de Deus habitará a nossa terra” (Salmo 84). Senhor, mostra-nos o teu amor, concede-nos a tua salvação. Amém. AGIR Busque ser sempre um fermento que faz crescer a presença de Deus no coração das pessoas e no meio da comunidade. Pe. Adilson Schio, ms
AQUELE QUE OUVE A PALAVRA E A COMPREENDE...
É preciso esperar que, assim como o ciclo da chuva, Deus também mostrará sua força ao gerar vida nova para seu povo. Paulo é sempre pronto a dizer que é a sua confiança que renova a sua esperança. Esta esperança que faz Paulo afirmar que o sofrimento de esperar não é nada perto da grandeza do que se revelará quando todos formos finalmente libertos para vivermos como Filhos de Deus (2º Leitura). MEDITAÇÃO Ao transmitir muitas de suas mensagens em parábolas, Jesus não busca somente se fazer entender melhor, mas muitas vezes mostra através delas o seu desejo de que possamos transformar a nossa vida para que possamos acolher o mistério do Reino de Deus que ele anuncia. Acolher o Reino significa deixar-se converter pela sua lógica e pelos seus princípios; é também abandonar o nosso jeito de pensar e de agir para aderir ao modo de ser e de agir de Deus. Muito mais do que uma fácil compreensão da mensagem, as parábolas tem como objetivo revelar a necessidade de conversão. Muitas vezes Jesus encontrou esta situação no seu caminho: pessoas que ouviam e não compreendiam, viam e não enxergavam o verdadeiro sentido dos seus gestos e das suas palavras. Os Evangelistas fazem dessa situação um motivo para Jesus dizer uma frase bastante profunda, tal como temos no Evangelho deste Domingo no versículo 15: “Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração...”. Nas Parábolas de Jesus se faz evidente a eficácia da Palavra de Deus da qual o Profeta Isaías fala da Primeira Leitura: a Palavra não retorna a Deus sem ter produzido frutos. A Parábola é uma comparação, construída em forma de uma história, que envolve personagens ou situações da vida diária ou da natureza e que consegue prender a atenção de quem a ouve justamente pelas imagens apresentadas para a reflexão. A Parábola sempre provoca uma certa “dúvida” sobre o seu sentido, exatamente para que cada um seja estimulado a refletir por si mesmo. Podemos ver no Evangelho de hoje que até os próprios Discípulos discutiam entre si para saber o verdadeiro sentido daquilo que Jesus contava em parábolas. São eles que pedem ao Mestre do porque ele fala desse jeito, e a resposta de Jesus é reveladora de uma verdade tão profunda quanto a verdade contida na própria parábola. Disse Jesus: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado”(v. 11). Ou seja, quem “anda perto” de Jesus, quem está com Ele, conhece os mistérios do Plano de Deus, mas quem não o segue, precisa ainda descobrir por si mesmo que essas são as novas verdades, por mais difíceis que elas sejam de ser interpretadas. Com relação à Parábola do Semeador, é bom saber que na antiga Palestina, as sementes sempre eram lançadas antes mesmo de se arar a terra, por isso Jesus fala de várias situações de terreno. Mas o interessante da Parábola é que apesar dos obstáculos e do trabalho que ainda deveria ser feito para que a semente pudesse estar numa terra que poderia fazê-la produzir, ela, a semente lançada, não perde a sua força. Deus a lança em todas as direções e nas mais diversas situações. Ele não se recusa de sempre lançar a sua semente ou fazer o convite para que “aqueles que o conheçam” a lancem, pois verdadeiramente o acolhimento do Evangelho não depende nem da semente, nem do semeador, mas da qualidade da terra que é o nosso coração e o coração das nossas comunidades. É assim que a parábola se faz fácil de ser compreendida: depende primeiramente do terreno que somos nós mesmos. ORAÇÃO Senhor, que eu não me canse de semear a Tua semente. Onde eu estiver, por onde eu andar, naquilo que eu fizer, que eu não me canse de semear a Tua semente. Amém. AGIR Pergunte-se: você ouve a palavra? Como você a vive? Lembre-se que para vivê-la plenamente é preciso saber ouvi-la. Pe. Adilson Schio, ms
VINDE A MIM VÓS TODOS...LEITURA Das Cartas de São Paulo, aquela aos Romanos é onde ele expõe de maneira muito serena e aprofundada o tema da gratuidade da salvação pela fé. Paulo mostra que só Deus pode salvar e que Ele salva não apenas os judeus mas toda a humanidade, por meio de Jesus Cristo. No texto que temos na liturgia deste domingo, temos a bela verdade revelada por Paulo dizendo que “se temos o espírito de Jesus em nós, temos também em nós o espírito daquele que ressuscitou Jesus.” Ele que vivificará
a vontade do Pai é instaurar o Reino, mostra-se acolhedor e cheio de com-paixão com aqueles que acolhem esta vontade, isto é, aqueles que têm um coração puro. MEDITAÇÃO A Igreja recorda esta passagem do Evangelho de hoje através do Prefácio ao Santo da Oração Eucarística de número VI-D. Numa singela e ao mesmo tempo profunda explicação teológica este texto nos apresenta um Jesus que se coloca no meio dos que sofrem como a esperança que vem do Pai. Um Deus que é totalmente misericórdia e cuidado, portanto, um Pai que é amor. Este é o texto do Prefácio: “Pai misericordioso e Deus fiel, Vós nos destes vosso Filho Jesus Cristo, nosso Senhor e Redentor. Ele sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados. Com a vida e a palavra anunciou ao mundo que sois Pai e cuidas de todos como filhos e filhas”. A força que tem a expressão “sempre se mostrou...” neste texto acima, faz eco daquilo que lemos no Evangelho da Missa deste XIV Domingo do tempo Comum: Jesus que faz uma pequena prece que certamente só poderia ser feita por quem tem em si a certeza e a confiança daquilo que reza: “Pai, eu te dou graças porque tu revelaste essas coisas aos pequeninos”. Jesus vê e percebe que aqueles que acolhem a revelação do Reino como vontade do Pai, são justamente aqueles que têm um coração livre das coisas deste mundo e que fazem de Deus o seu bem maior. A oração que Jesus faz é uma oração que brota da própria experiência da sua missão. Vem do seu encontro com o povo e da sua opção de anunciar a eles a esperança da vontade de Deus. Mas, quem são os pequenos a quem Jesus se refere como os que compreendem as coisas de Deus? Se olharmos para outras partes do Evangelho de Mateus veremos que ele se refere a estes pequenos como sendo os próprios discípulos, portanto aqueles que seguem Jesus (Mt 10,42), a quem foi dado a conhecer os mistérios do Reino dos Céus (Mt 13,11). É aos que o seguem de perto que Jesus revela quem é o “Senhor do céu e da terra”, ou seja, aquele a quem podemos entregar o nosso pesado jugo que Ele nos aliviará. O Deus de Jesus é o “Deus da Vida”, aquele que se revela e se faz conhecer nos gestos de misericórdia e de compaixão do Filho enviado como Salvador. Jesus não diz que o projeto de vida de quem o segue não seja um caminho exigente, que tudo nele e com ele se torna fácil. Não, Ele não faz isto. Ele mostra que a alegria e a leveza estão justamente nas sementes do Reino que cada um vai espalhando na sua relação com o mundo, com o próximo e com Deus. Só quem segue Jesus e procura viver como Ele, poderá chegar à comunhão plena com o Pai no amor, na misericórdia e na compaixão. É no gesto confiante da partilha da nossa vida com Jesus onde tudo se torna suportável e onde tudo na vida toma um sentido verdadeiro. ORAÇÃO Senhor, “Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos; fazei que a exemplo de Cristo, e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles. Vossa Igreja seja testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, para que toda a humanidade se abra à esperança de um mundo novo.” (Oração Eucarística VI-D) AGIR Olhe para você mesmo e para sua comunidade e veja como você e a comunidade estão se empenhando no serviço aos irmãos(as). Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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