“A FORÇA DO CRISTO É O SEU AMOR”
que somente pela fé se pode entender o seu jeito de ser rei: dar testemunho da verdade e construir com a vida um Reino de justiça, paz e amor. Na Primeira Leitura, com uma visão profética, Daniel contempla o Filho do Homem, isto é, o Messias, que vem entre as nuvens do céu para instaurar no mundo um reino universal e eterno. João ao escrever o Livro do Apocalipse (Segunda Leitura), para dar coragem à comunidade cristã que era perseguida, anuncia a vinda gloriosa do Cristo, vencedor de todas as provações, “primeiro a ressuscitar dos mortos” (v. 5). Este Cristo que sempre foi e sempre será, é o Mestre e Senhor que, libertando-nos do pecado, faz de nós um reino para o seu e nosso Deus. |
LEITURA |
Profeta Daniel, é o primeiro texto bíblico onde se fala claramente da certeza da ressurreição dos mortos. No dia do juízo final, os justos terão a vida eterna e brilharão como estrelas para sempre: “Os que tiverem sido sábios brilharão como o firmamento e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude brilharão como as estrelas...” (1ª Leitura, v. 3). Foi para a salvação de todos que o sacrifício de Cristo, único e verdadeiro, se tornou redenção. Na Carta aos Hebreus (2ª Leitura), Paulo diz que o perdão vem justamente desta oferta de vida feita pelo Cristo. Ele nos liberta do pecado e da morte e nos faz nascer para a vida nova. No Evangelho Jesus pede que seus discípulos estejam atentos aos sinais que anunciam que o mundo velho do egoísmo, da mentira e da falsidade está passando, pois em seu lugar Deus fará surgir o mundo da vida e da felicidade sem fim, quando “então dos quatro cantos da terra se reunirão os eleitos de Deus” (Evangelho, v. 27).
MEDITAÇÃO
O texto do Evangelho de hoje continua a narrar os ensinamentos de Jesus nos dias que antecederam a sua paixão e morte. Nos escritos de Marcos, este é o terceiro dia de Jesus em Jerusalém. É o dia dos “ensinamentos” e das maiores polêmicas com os líderes judaicos. Esta referência do contexto em que surgem as palavras de Jesus é importante para compreendê-las. Jesus está consciente de ter chegado a sua hora de partir para o encontro definitivo com o Pai, por isso trata de confiar a sua missão à comunidade dos discípulos, alertando-os que tal missão continuará não sendo fácil. É preciso saber enfrentar com unidade as dificuldades, as perseguições e as tentações que aparecerão pelo caminho. Os continuadores da obra iniciada por Jesus terão necessidade de olhar sempre para o horizonte maior, isto é, para a promessa feita pelo Pai e anunciada por Jesus, pois aquilo que manterá a comunidade unida e que poderá ser sempre um estímulo e um alento diante dos desafios da missão será a recordação de que tudo se realizará no tempo em que só o Pai o sabe (Evangelho, v. 32), pois se neste mundo tudo passa, até o céu e a terra, as palavras de Jesus não passarão sem terem produzido seu efeito (v. 31). Para uma comunidade que ainda não compreendia tudo o que teria que viver, o apelo de Jesus se faz profundo. Jesus dirige-se aos discípulos naquele tempo e a nós hoje, para dizer em três palavras o que é preciso para continuar a missão: - fidelidade; - coragem; - vigilância. O certo é que, no horizonte da caminhada, deve-se ter sempre como verdade que haverá um encontro definitivo da comunidade dos que permanecerem fiéis, com Jesus que estará junto do Pai. A certeza da vitória final do Reino é a mensagem que deve estar no coração dos que doam a vida pela fé. Tudo o que neste mundo passa, dará lugar a um mundo novo, construído a partir do amor e da misericórdia de Deus por nós. No Evangelho de hoje, Marcos não se refere ao “fim do mundo”, mas fala claramente da vitória de Deus sobre o mal que oprime, domina e escraviza. Por isso que mais importante do que definir um tempo exato em que acabará este mundo e no seu lugar surgirá o outro, mais importante que estabelecer um tempo, é alimentar a confiança na chegada deste novo mundo a partir da capacidade de perceber os sinais que a cada dia anunciam que a força de Deus está em nosso meio, mesmo se por vezes não a vemos com a intensidade que desejaríamos que ela acontecesse. A comparação de Jesus faz clara esta mensagem: a cada ano quando aparecem novos ramos e novas folhas na figueira, sabe-se com certeza que a chegada da nova estação está próxima e que vem o tempo da colheita (v. 28-29), da mesma forma os que têm fé e forem vigilantes na fidelidade e na coragem, saberão que o tempo da libertação está próximo. E por isso, certos da vinda do Senhor, atentos aos sinais que O anunciam, os discípulos podem preparar o coração para acolher o Mestre que vem novamente na glória dos seus anjos (v. 27). A liturgia deste 33º Domingo do Tempo Comum, no momento em que já nos aproximamos do Tempo do Advento, é um convite à esperança fundada no Deus que liberta e renova. Ele é o Senhor da história cujo projeto de vida plena e definitiva chegará para todos. E nós, homens e mulheres de fé, cremos que o Senhor virá e fará de nós participantes deste Reino eterno de graça e de consolação.
ORAÇÃO
Salmo 15: Senhor, vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós, felicidade sem limites, delicia eterna e alegria ao vosso lado!
AGIR
Faça do momento da Profissão da Fé (o Creio), um momento de profunda esperança em Deus.
Pe. Adilson Schio, ms
A OFERTA QUE TEM MAIS VALOR
LEITURA |
ofereceu tudo aquilo que possuía para viver” (Evangelho, v. 44). Na Segunda Leitura, da Carta aos Hebreus, se diz que este é o mesmo oferecimento feito por Jesus que doou tudo de si como sacrifício pelos nossos pecados. Ele não doou algo material, mas a si mesmo, a sua própria vida, uma vez por todas, para dar ao mundo a salvação (2ª Leitura, v. 28). Esta disponibilidade e esta humildade de doar tudo toca o coração de Deus que faz grande a sua providência para que nada falte àqueles que o amam, como aconteceu para Elias e a viúva de Sarepta (1ª Leitura). Deus mostra que ele não olha a aparência, mas o coração.
MEDITAÇÃO
O Evangelista Marcos, ao descrever a última semana de vida de Jesus em Jerusalém, fala poucas coisas positivas que Cristo encontrou por lá. Entre estas coisas, destaca o gesto da viúva pobre que depositou duas moedas de pouco valor naquela época. O depósito era a sua oferta para o Templo. Certamente outros estavam ali para oferecerem grandes somas. Mas, especificamente a oferta daquela viúva mereceu a atenção do Mestre. Marcos fala deste gesto de Jesus, sentado diante do cofre do Templo, observando as pessoas (v. 41), com o objetivo de fazer um contraste com os versículos precedentes que lemos no Evangelho de hoje, onde há uma forte crítica aos que viviam de forma hipócrita: “Eles receberão a pior condenação.” (v. 40). Esta atitude de Jesus de “observar” e depois “falar” é destacada pelo Evangelista como uma maneira muito particular do Mestre, já que depois “de ver” ele chama o seus discípulos e lhes fala com autoridade: “Em verdade eu vos digo...” (v. 43). E tudo porque o olhar de Jesus não se detém nas aparências, mas penetra na realidade das coisas e das pessoas. É assim que ele “descobre” alguém que não se deixou dominar pela hipocrisia de uma religião sem vida, mas se manteve firme no proposito de servir a Deus com toda a força da fé, mesmo que as condições sejam contrárias. A pobre mulher deposita duas simples moedas - dois “leptá”, diz o texto grego. O “leptá” era uma moeda de cobre, a mais pequena e insignificante das moedas judaicas, contudo, provavelmente aquela quantia insignificante era tudo o que ela possuía. Mas, ninguém, exceto Jesus, manifesta admiração pelo seu gesto. Apenas Jesus, homem capaz de ler os fatos com os olhos de Deus; o Mestre capaz de ver para além das aparências, somente Ele, percebe naquelas duas moedas oferecidas certamente com sacrifício, a marca do dom total, a atitude que revela confiança que Deus não deixará faltar nada àqueles que acreditam nas suas promessas (1ª Leitura, v. 14). A viúva pobre é apresentada por Jesus como exemplo que deve ser seguido pelos seus discípulos e por nós hoje. Embora ela tenha contribuído com quase nada em termos monetários, ela representa a verdadeira espiritualidade que deve estar presente na vida de quem quer seguir Jesus, pois Ele “veio para oferecer-se uma vez por todas, para tirar os pecados do mundo” (2ª Leitura, v. 26), por isso Cristo é o sacerdote por excelência, ele é o perfeito mediador da nova aliança entre Deus e o seu povo (2ª Leitura, v. 28). Gratuidade e doação total, aliadas a uma confiança absoluta em Deus, é deste testemunho e é desta espiritualidade que o Evangelho fala neste Domingo. A Liturgia da Palavra de hoje, nos faz refletir no quanto somos capazes de confiar na providência de Deus. Tanto na Primeira Leitura como na história contada por Jesus no Evangelho, a confiança na graça providente de Deus se faz sentir principalmente por aqueles que, longe de sentirem-se autossuficientes, recorrem a Deus na certeza de que serão amparados. O Deus em quem colocamos nossa confiança, não nos abandona jamais.
ORAÇÃO
Salmo 145: O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ela dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos.
AGIR
Peça a Deus a graça de ter um coração que se alegra mais em dar do que em receber.
Pe. Adilson Schio, ms
O ROSTO DO DEUS VIVO
da fé. Os primeiros cristãos celebravam a memória daqueles que haviam dado um testemunho de coragem e de fé em vida, fazendo preces para que fossem por eles ajudados a imitar na sua vida exemplar. A virtude heroica de todos os santos nutria nos cristãos o amor ao Filho de Deus que se fortaleciam na Eucaristia. No sangue do Cordeiro, também nós podemos ser purificados de todas as nossas imperfeições para podermos ajudar a “curar as feridas dos outros” (1ª Leitura). Com o exemplo dos santos e santas podemos perceber até onde pode chegar a graça do amor daqueles que vivem em comunhão com Deus (2ª Leitura). O convite para a bem-aventurança da santidade brilha para todos como uma escolha pessoal e possível. Podemos e devemos decidir se cremos na nossa dignidade de filhos de Deus e de irmãos de Jesus Cristo, ou se damos mais espaço em nós às forças negativas do mundo que odeia Deus e oprime a pessoa humana. É sinal de maturidade de fé que em cada momento de nossa vida, invoquemos com confiança, a presença daqueles que nos precederam na fé e na caridade.
MEDITAÇÃO
Profundidade de fé. Confiança plena na ação de Deus. Caridade do tamanho do amor de Deus para com os que sofrem. Estas são três qualidades que, unidas pela simplicidade de vida e humildade de coração, fazem algumas pessoas serem especiais aos olhos humanos e aos olhos de Deus. Os nossos Santos e Santas viveram em suas vidas a graça das Bem-Aventuranças anunciadas no Evangelho de hoje como uma esperança já para a vida presente daqueles que seguem o Senhor por todos os caminhos. As Bem-Aventuranças, muito mais que uma série de normas, nos apresentam uma escolha radical e total de Jesus por aqueles que ouvem com os ouvidos e realizam com obras a Palavra que escutam do Senhor. Esta realidade de escolha total pode ser constatada, no Evangelho da Solenidade de hoje, através de algumas expressões usadas por Jesus para “ensinar aos seus discípulos e a multidão que o seguia” (cf. Evangelho, v. 1-2): “pobres de espírito”, “puros de coração”, “os que têm fome e sede de justiça”, “os que promovem a paz”, a estes se volta a escolha de Jesus que os proclama como “felizes”. Assim Jesus o faz em referência não há uma felicidade alcançada por méritos de conquista ou de preferência, mas por uma grande graça que vem da parte de Deus. Felizes e por isso Bem Aventurados já neste mundo, são aqueles que por suas atitudes e decisões se voltam plenamente ao Projeto de Deus de fazer deste mundo, um mundo de relações fraternas que irmana todos na mesma esperança e no mesmo bem, isto é, que une homens e mulheres de boa vontade em torno do coração de Deus, que é cheio de misericórdia e compaixão, capaz de promover a paz e a justiça, porque o nosso Deus é um Deus que não mede a recompensa pela medida do ter e do possuir, mas sim do ser e do fazer o bem (v. 12a). É por isso que João, ao escrever sua Primeira Carta, afirma com convicção e certeza de fé que o maior presente que Deus nos deu foi possibilitar que nos chamemos de filhos de Deus (2ª Leitura, v. 1) e nós verdadeiramente o somos, ontem e hoje e para sempre, pois Deus é eternamente bondoso e porque nós somos semelhantes a Jesus, Filho predileto do Pai, enviado para despertar no mundo pessoas de vida exemplar que não temam seguir o caminho do Reino. Sim, os Santos são todos aqueles que compreenderam de maneira radical a Palavra de Jesus e se fizeram converter por esta palavra, agindo em conformidade com o amor com que foram capazes de devotar a Deus e às pessoas. Na vida de um Santo não são os fatos extraordinários que o tornam pessoas especiais em santidade, mas o quanto de espaço deram a Deus em suas vidas, que por sua vez os fez instrumentos sensíveis à sua vontade. A santidade está na vivência total da vontade de Deus em vista do amor e da promoção da pessoa humana, especialmente aqueles mais necessitados de ajuda, conforto e solidariedade. Tal como nas Bem-Aventuranças do Evangelho, a santidade está sempre em função da promoção do Reino pois é assim que Deus se faz presença no meio do seu povo, colocando-se ao lado dos que se juntam para fazer o mundo e as pessoas se renovarem na graça do Pai. Os Santos e Santas que hoje celebramos, são o rosto mais visível da bondade de Deus e do seu infinito amor. Eles intercedem por nós que também estamos no caminho da santidade, por isso não nos esqueçamos que é a caridade que nos aproxima do caminho da santidade. Os nossos Santos revelam com suas vidas a visível “marca do Deus vivo” (1ª Leitura, v. 2).
ORAÇÃO
Salmo 23: Sobre aqueles que têm mãos puras e inocente coração, desce a bênção do Senhor e a recompensa de seu Deus e Salvador. É assim a geração dos que o procuram e que buscam a face do Deus de Israel.
AGIR
Agradeça a Deus pela intercessão de todos os Santos e Santas que hoje celebramos.
Pe. Adilson Schio, ms
Pe. Adilson Schio Ms
Reitor do Santuário
Acompanhe conosco a Liturgia dominical comentada pelo nosso reitor.
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