celebramos a sua doação que fez da cruz a força da ressurreição. Isaías (1ª Leitura) com o “Canto do Servo Sofredor” nos apresenta a sua profecia que se realiza no Cristo Jesus. São Paulo (2ª Leitura) nos oferece um antigo hino que, fazendo destaque da espoliação de Jesus até a morte, nos faz também ver a cruz como caminho. O Evangelho que narra a paixão de Jesus vai contando a história acontecida com o Cristo homem, para nos apresentar de forma conclusiva, a afirmação do centurião romano: “Na verdade, este homem era o Filho de Deus!” MEDITAÇÃO O que ouvimos e celebramos neste Domingo, tem por finalidade fazer-nos viver na fé a certeza de que também para nós, e não somente naquele tempo e para aquele centurião, “Jesus é o Filho de Deus”. Sua vida humilde e sua missão marcada pela compaixão o conduziram a este momento final. Sua fidelidade aos planos do Pai, mesmo que por vezes tenham exigido esforços acima de suas possibilidades humanas, o conduziram a este momento de entrega total. Seu amor para com os pobres e pequenos, sua palavra profética e verdadeira condenando as injustiças e as falsidades de um sistema que oprimia, o levaram a esta etapa derradeira de sua vida. Seu jeito simples e ao mesmo tempo profundo de ensinar, mostrando o rosto misericordioso do Pai, lhe conduziram a este testemunho definitivo onde fez da morte a possibilidade de “nascer de novo” agora em eterno. Como diz São Paulo na Carta aos Filipenses (2ª Leitura), “Jesus Cristo, mesmo existindo na condição divina... humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (v. 6-8). Este “esvaziamento” de Jesus, chamado pela tradição bíblica de “kenosis”, nos faz recordar da constante atitude de Deus no Antigo testamento. Um Deus que “desce”, que “vem para o meio”, que “se faz presença”, que se doa, que se deixa tocar e sentir, um Deus próximo que sofre com quem sofre e se alegra com quem se alegra Nele. Um Deus que experimenta em tudo a condição humana e, por isso mesmo, ama as pessoas com um amor verdadeiramente infinito. O Jesus que se esvazia, é o próprio Deus que experimenta a condição humana para fazê-la plenamente divina. Um Deus, servo sofredor, mas também um Deus que é um “auxiliador” que não deixa que o ânimo se abata (1ª Leitura, v. 7). Jesus é o Deus que despojado de toda a sua divindade, e mesmo que aclamado com “hosanas” (Evangelho da Entrada triunfal em Jerusalém), deixa tudo para ser tal como um de nós. Ele se despoja totalmente para ser servo fiel. É um Deus entregue ao outro para dar mais a vida pelos outros. É um Deus esvaziado de si para se relacionar e se encontrar no outro. Enfim, é um Deus que dá testemunho do seu amor e nos chama a seguir os seus exemplos. De uma só coisa esse Deus não se esvazia: do seu amor incondicional e misericordioso por todos; do seu amor infinitamente gerador de vida e de libertação; do seu amor encarnado na história, na vida, na realidade e na esperança do seu povo. Jesus, que se despoja da sua condição divina, o faz para ser pequeno e servir. Ele se doa, se abandona, se esvazia para encontrar o humano. Ele vai às últimas consequências, seja para lavar os pés em sinal de humildade, seja para morrer na cruz como possibilidade de ressurreição. Esse Jesus que celebramos hoje e em cada novo dia é o Jesus totalmente Deus e totalmente humano, capaz de estar plenamente em nosso coração. Celebremos pois, nesta Semana Santa, o Deus feito doação de amor por nós e em nós, simplesmente porque a nossa fé nos leva a acreditar que a paixão de Jesus sempre será a força do nosso Deus. “Bendito aquele que veio e que continua entre nós, como um profeta da vida eterna!” ORAÇÃO Salmo 21: Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, sois a minha força, vinde logo em meu socorro. AGIR Faça a sua profissão de fé, na missa deste domingo, com um renovado ardor de fé. Pe. Adilson Schio, ms
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lei do Senhor (1ª Leitura, v. 33), portanto é uma aliança de vida e de fidelidade. Na Carta aos Hebreus, Paulo dá o seu testemunho de fé na “vida do Filho, que por obediência ao Pai, tornou-se causa de salvação” (2ª Leitura, v. 9). MEDITAÇÃO As celebrações da Páscoa se aproximam e no próximo domingo celebramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, lembrada na liturgia com a celebração do Domingo de Ramos. Neste contexto, o Salmo Responsorial deste domingo tem uma espiritualidade muito própria que nos convoca para o arrependimento e a conversão. O Salmo 50 é uma oração em estilo profético-penitencial. O centro desta oração está na busca da comunhão com Deus a partir do reconhecimento do pecado como uma realidade presente em nossa vida e até, por vezes, maior que a nossa própria vontade. Mas o Salmista não se esquece de dizer a si mesmo, e a nós hoje, que o Senhor não quer sacrifícios, mas corações arrependidos. E quando o coração se torna “purificado” pelo arrependimento e pela misericórdia infinita de Deus, então surge o compromisso para aquele que é perdoado de “ensinar” os caminhos que levam a Deus. Rezar este Salmo, neste tempo de Quaresma, deve nos fazer compreender o quanto podemos nos aproximar do Senhor, apesar de nossas faltas e pecados, pois Ele é bom e eterna é a sua misericórdia... “Chegou a hora...”, esta é a frase com que João apresenta a fala de Jesus no Evangelho deste domingo. Aquilo que Jesus diz depois destas primeiras palavras pode nos parecer uma contradição já que Jesus diz que a hora da sua glorificação é chegada e por isso aproximasse a hora da sua morte. Mas se olharmos sob o ponto de vista da entrega total de Jesus, veremos que a sua maior glória é realizar na sua vida e com a sua vida, os planos do Pai. Como o próprio texto nos diz, “foi precisamente para isso que ele veio” (v. 27). João, em todo o seu Evangelho, apresenta Jesus como aquele que veio para “trazer a vida para todos e a vida em abundância”. (cf. Jo 10,10). O Jesus de Nazaré, o Jesus fiel ao Pai, o Jesus glorificado pelo Pai, o Jesus que queremos seguir, nos convoca ao seguimento pelo caminho da cruz, isto é, pelo caminho do amor radical, do dom da vida, da entrega daquilo que somos a Deus e aos irmãos. Se o caminho da cruz possa parecer, aos olhos do mundo, um caminho de fracasso e de morte, é justamente desse caminho de amor e de doação que brota a verdadeira vida que Deus nos quer oferecer. Como diz o versículo 25 do Evangelho de hoje: “quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna”. A Palavra de Deus deste domingo nos mostra que ao dar a vida por amor, Jesus deixa a todos nós uma última e suprema lição que devemos aprender por sermos seus seguidores: o dom total da vida está na nossa entrega radical aos projetos de Deus. A vida nasce do amor, do amor total, do amor que se dá até às últimas consequências. Só o amor-doação tornará a vida fecunda e cheia de Deus: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (v. 24). A vida está no doar-se por amor a Deus e aos irmãos e é isso que Jesus fará com sua vida e que celebraremos na Semana Santa que se aproxima. ORAÇÃO Salmo 50: Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. É senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito. AGIR Se você ainda não o fez, busque o Sacramento da Reconciliação, para assim preparar-se melhor para a Semana Santa. Pe. Adilson Schio, ms
justiça. O Senhor, por sua vontade, quer que todos alcancem a luz. A Primeira Leitura narra que, depois de ter vivido no exílio por ter abandonado os mandamentos do Senhor e “desprezado a sua palavra” (v. 16), o povo de Israel encontrará alívio, “e assim se cumprirá a palavra” (v. 22). Na Carta escrita aos Efésios, Paulo recorda o jeito amoroso e misericordioso de Deus para com a humanidade: apesar de nossas obras, o Pai nos faz reviver em Cristo: “Deus é rico em misericórdia, a causa do grande amor com que nos amou...” (v. 4). MEDITAÇÃO A liturgia deste domingo, com a antífona de entrada, nos convida à alegria: “Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações”. É a alegria que vem da vitória de Cristo. Deus é um pai amoroso que sempre nos ergue pela nossa confiança. A Liturgia da Palavra deste domingo nos leva a refletir nesta força de confiar no Senhor para nos “erguermos” com a ressurreição de Jesus. A vinda de Jesus ao mundo, a sua vida, a sua cruz e a sua ressurreição são os sinais mais visíveis do grande amor de Deus por toda a humanidade. No centro do que Jesus diz a Nicodemos está a afirmação do infinito amor do Pai pelo mundo e no contexto do Evangelho de São João, mundo significa toda a criação. Deus ama de maneira especial o homem, a mulher e a natureza que ele fez para que o ser humano fosse feliz, cuidando e preservando aquilo que Ele criou. É interessante perceber que no encontro com Jesus, Nicodemos apresenta àquele que ele reconhece como “mestre”, as suas perguntas. Com este mesmo pensamento podemos fazer duas perguntas ao Evangelho de hoje e assim buscarmos, no próprio texto de João, as nossas respostas: Primeira pergunta: Qual é a missão de Jesus? O versículo 17 diz: “De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. A missão de Jesus é salvar. Para João o julgamento não é algo da última hora, mas acontece quando nos encontramos com Jesus e conscientemente aceitamos ou recusamos a sua mensagem. Jesus veio para nos convocar a seguirmos um caminho, a resposta a este convite é sempre de cada um de nós e deve ser feita a cada encontro que temos com o Senhor. A Eucaristia, por exemplo, é um momento onde podemos renovar a nossa resposta positiva pelo Senhor da luz. Segunda pergunta: Então o que é “crer” em Jesus? Este é o ponto central da questão. O versículo 18 diz: “Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más”. Crer não é somente um pensamento, um desejo ou uma vontade, crer é assumir o “projeto da luz”. Jesus é o projeto do Pai para a humanidade e para cada um de nós. Ele veio como luz e por isso aqueles que constroem a vida com Jesus, não estão nas trevas, mas revelam, por sua vida e seu testemunho, a luz que é Jesus. Então não nos esqueçamos que o Evangelho diz que para crer e “ficar próximo da luz” (v. 21) é preciso agir segundo a verdade. A Quaresma é sempre um tempo propício para renovarmos a nossa escolha em seguir Jesus mais de perto. Façamos do Evangelho de hoje uma mensagem que nos aproxima ainda mais daquele que veio unicamente para nos salvar. ORAÇÃO Salmo 136: Que se cole a minha língua e se prenda ao céu da boca, se de ti não me lembrar, diz o Senhor, se não for você, Jerusalém, a minha grande alegria. AGIR Renove sua fé nas obras que o Senhor faz para que você tenha sempre mais vida. Pe. Adilson Schio, ms
e suas atitudes fazem com que muitos creiam nele. Na Primeira Leitura temos o “Decálogo”, as dez palavras ou mandamentos que se constituem no caminho que nos leva a Deus e nos aproxima dos irmãos. Três mandamentos nos fazem fiéis à aliança com Deus e os outros sete nos indicam a justa relação que devemos ter com o próximo. Na Carta de Paulo aos Coríntios, vemos a grande afirmação do Apóstolo que se torna fundamento para a nossa fé: “Cristo é poder e sabedoria de Deus” (v. 24). Ele vem do Pai para nos fazer irmãos uns dos outros. MEDITAÇÃO Neste tempo de Quaresma, temos hoje os mandamentos de Deus. A nossa conversão quaresmal pode encontrar na Primeira Leitura de hoje um caminho para a reflexão e o exame de consciência. Somos convidados a viver de maneira justa e verdadeira diante de Deus e de nossos irmãos e assim nos prepararmos para celebrar com Jesus a Páscoa da sua ressurreição. A frase central de Jesus no Evangelho é óbvia e clara: Jesus estava falando do seu corpo e não do Templo de pedra que Ele tinha diante dos olhos ao expulsar dali aqueles que comercializavam a religião e os preceitos religiosos. Mas se para nós a resposta é obvia, não o foi para as pessoas daquela época que, segundo o Evangelho, só foram compreender plenamente aquilo que Jesus havia falado, depois da sua ressurreição (v. 22). Jesus faz alusão ao seu próprio corpo, templo definitivo e sinal eterno da aliança de Deus. A atuação libertadora de Jesus é aquela de revelar o verdadeiro rosto de Deus. Jesus veio para mostrar quem é verdadeiramente o Pai e o Evangelista João, o mesmo do Evangelho deste domingo, diz em outra passagem do seu Evangelho que quem vê Jesus vê o Pai, porque Jesus e o Pai são um. Mas qual é o rosto do Pai que Jesus vem revelar e que foi escondido do povo do seu tempo? Ao demonstrar que a religião praticada no Templo se tornou vazia e misturada com os interesses de alguns, Jesus mostra que o Deus verdadeiro, aquele da aliança; o Deus da história da libertação do povo; o Deus dos mandamentos; o Deus da justiça anunciado pelos profetas; o Deus da Bíblia, este Deus é amoroso e misericordioso para com todos e suas palavras são “mais doce do que mel, do que o mel mais puro” (cf. Salmo Responsorial). Esse Deus foi substituído pelo comércio, pelo dinheiro, pelas ofertas, pelo descaso com a Casa do Senhor. Jesus não somente faz uma revelação de que a religião do interesse não é a verdadeira adoração a Deus, mas também apresenta a todos uma mudança que se faz necessária, uma conversão. É preciso acolher Deus no coração e encontrá-lo no próprio Jesus encarnado. O primeiro lugar da expressão religiosa da nossa fé é em nós mesmos, em nossas atitudes, no jeito com que vivemos a religião, em nossa união com os irmãos para formar a comunidade daqueles que vivem como “filhos do mesmo Pai”. A Igreja é assim a união de todos, pela fé, no seguimento visível de Jesus, o “corpo reconstruído de Deus”, gerador de vida para todos, na páscoa da ressurreição. ORAÇÃO Salmo 18: Senhor, tu tens palavras de vida eterna. Os teus preceitos são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz. AGIR Lembre-se de que a Quaresma é tempo de oração, penitencia e caridade. Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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