multiplica e reparte os pães e os peixes para nutrir todo o povo que estava com Ele, no Lago de Tiberíades. Mas se neste Evangelho João diz que o povo seguia Jesus “porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes” (Evangelho, v. 2), podemos igualmente ver no contexto do Quarto Evangelho que João já faz referência à instituição da cena eucarística: “estava próxima a páscoa”; Jesus toma o pão, rende graças e distribui o pão pelas mãos dos seus discípulos. Graças a este “pão de vida” que nos une, nós podemos perseverar na humildade, na mansidão e na aceitação reciproca, buscando estar unidos naquele que é o vínculo da nossa paz, o próprio Deus “que permanece para sempre em todos nós” (2ª Leitura, v. 6). MEDITAÇÃO A partir de hoje, na Liturgia da Palavra das missas dominicais, vamos refletir por alguns Domingos o capítulo 6 do Evangelho de São João. Este é um capítulo bem especial na obra deste Evangelista que sempre apresentou Jesus como aquele que veio para que “todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). No capítulo 6, João desenvolve a sua catequese sobre Jesus, o pão da vida. Jesus é o Pão que sacia a fome de vida que o homem sente. O episódio que é narrado no Evangelho de hoje é geograficamente situado “na outra margem” do Lago de Tiberíades. No capítulo anterior, capítulo 5, Jesus estava em Jerusalém, agora, sem transição, João diz que Ele está na Galileia, a atravessar o “mar” para o outro lado (v. 1). Em termos cronológicos, João nota que estava perto a Páscoa, a festa mais importante do calendário religioso judaico, que celebrava a libertação do Povo de Deus da opressão do Egito. Fica clara a referência catequética que João intenciona passar ao seu leitor: o objetivo final da vida de Jesus é fazer o povo que o acompanha passar da escravidão para a liberdade. O povo que seguia o Mestre era um povo marcado pelo sofrimento e pelo abandono, por outro lado era um povo capaz de perceber que só Jesus, com as suas palavras e com os seus gestos, conseguia ajudá-los a superar a condição de desesperança, desafiando-os a mudar de vida, pelo caminho do Reino. Diante da situação de fome da multidão, identificada a partir de uma pergunta de Jesus a Felipe: “Onde vamos comprar pão para esse povo comer?” (v. 5), o Mestre, na procura da solução ao problema, busca envolver toda a sua comunidade, naturalmente, incluindo-se a si mesmo, indicando assim que todos os que anunciam a Boa Nova do Reino, para recuperar a vida em Deus e na sua plenitude, devem se sentir responsável pela “fome” do povo e ao mesmo tempo não podem “deixar de lado” a responsabilidade e missão de saciar essa “fome”. É neste contexto que uma pergunta pode nos ajudar a entender o Evangelho de hoje: o que é essa “fome” no Evangelho de João? Se lermos alguns versículos mais adiante, neste mesmo capítulo 6, veremos que João apresentará um discurso de Jesus feito de palavras verdadeiramente profundas: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Assim podemos dizer que a fome do povo é a fome da Palavra que renova a esperança, ou seja, da própria Palavra de Deus transmitida pelo testemunho de Jesus. Palavra presente na vida do povo e que orienta a vida, tal como no tempo de Moisés, na experiência do deserto, onde a partilha acontecia sempre que o povo se reunia em nome de seu Deus. Jesus é o novo Moisés que conduzirá o povo ao Reino prometido, através da sua palavra e da sua vida, confiante na força da partilha dos pequenos. O novo alimento de vida que Jesus veio propor, não está no senso da possibilidade lógica de conseguir comida a toda aquela gente, mas no milagre do serviço humilde que leva à partilhar a vida com os irmãos. É nesta “celebração” de partilha e de bênção, que cinco pães e dois peixes se tornam suficientes para saciar a fome de cinco mil pessoas, fome de Deus, fome de esperança e de vida (v. 10). ORAÇÃO Salmo 144: Que vossas obras, oh, Senhor, vos glorifiquem e os vossos santos com louvores vos bendigam. Que eles narrem a todos a glória e o esplendor do vosso reino. AGIR Ao receber o “Corpo de Cristo” faça o propósito de sempre tê-lo no seu coração. Pe. Adilson Schio, ms
0 Comments
Assim não nos deve surpreender a forte denúncia feita pelo Profeta Jeremias contra os pastores maldosos que, surdos aos ensinamentos de Deus, em vez de cuidar das ovelhas a eles entregues, as dispersam e as afugentam: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor!” (1ª Leitura, v.1). No Evangelho de hoje temos a bela passagem onde Marcos nos revela a compaixão de Jesus pelo povo e pelos apóstolos. É com a sua palavra que Ele nutre a esperança em todos e cuida de todos como um pastor que se entrega plenamente ao serviço do seu rebanho. Ao contemplar o mistério da cruz de Cristo, São Paulo, escrevendo aos Efésios (2ª Leitura), anuncia que todos podem se sentirem unidos no próprio Cristo e assim serem um só povo reconciliado com Deus. MEDITAÇÃO A Palavra de Deus nos ilumina neste Domingo para que conheçamos melhor o coração de Jesus. Ele é Mestre que não se esquece da sua atenção especial aos que o seguem bem como também a todo o seu povo. Se aos discípulos Ele propõem um tempo de repouso depois do cansaço da missão, para o povo que o busca ansiosamente Ele oferece o seu amor e a sua palavra. É o jeito mais sensível de Jesus mostrar que Deus sempre vem em auxilio daqueles que o buscam de coração sincero. Para dar conta da missão de cuidar do rebanho, Jesus nos mostra que é necessário retirar-se do meio da multidão, estar um pouco distante, e viver ao menos por algum tempo, no silêncio orante e contemplativo. Este ensinamento de Jesus, presente no Evangelho de hoje, não se destina somente a quem tem o compromisso de servir o povo de Deus como sacerdote, religioso ou religiosa, mas também a todos os que desejam viver como Jesus vivia, amar como Ele amava, servir como Ele servia e “falar” com Deus como Ele falava. Este silêncio, portanto, é importante para estarmos com Jesus, tendo-o como o nosso mestre, para escutarmos a sua palavra, aprofundarmos à sua maneira de ser e descobrir o sentido de tudo que Ele fazia. De fato, ao mesmo tempo que Jesus tem um cuidado especial para bem formar os seus Apóstolos, segundo a sua relação com o Pai e pelo seu amor especial e único para com os que sofrem, Ele não se descuida do povo, ao contrário, se comove com compaixão e se dedica a ensiná-los muitas coisas. Assim Marcos faz questão de dizer que o cuidado-compaixão é um traço de jeito de Jesus ser e uma maneira dele viver seu relacionamento para com os discípulos e com as multidões. A cada um desses dois grupos de pessoas, Jesus destina todo o seu amor. Se para os discípulos Ele propõe um tempo para “recuperar as forças”, ao povo Ele faz que a “palavra que sai da sua boca” seja a grande força que reconforta. Da narrativa do Evangelho de hoje, principalmente na sua parte final, podemos nos colocar uma significativa questão: O que atraí tanta gente a Jesus que até quando ele se retira o povo o segue? Para Marcos, o que faz o povo buscar Jesus não era a quantidade de palavras e discursos que ele proferia, não era a sua fama de alguém que fazia milagre, mas sim o fato de demonstrar a “compaixão” como uma qualidade do amor concreto do Pai: “Jesus viu uma multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor” (v. 34). Literalmente o texto nos diz que a “compaixão” de Jesus o fazia “entrar” no sofrimento do outro e sentir no próprio coração as dores daqueles que sofriam, fazendo desse sentimento um ato de solidariedade afetiva e efetiva por quem o seguia. Este traço da prática de Jesus é um desafio a nós hoje que, por nossa individualidade ou por nossa indiferença, não irradiamos a compaixão do Pai. A fidelidade ao Mestre exige que no descanso e no silêncio, reencontremos o sentido mais profundo da nossa fé: amar com o mesmo amor com que Jesus nos amou. Hoje os discípulos de Jesus são aquilo que Jesus foi a seu tempo, isto é, são as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por todo o seu povo. ORAÇÃO Salmo 22: O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas me encaminha e restaura as minhas forças. AGIR Ouça o convite de Jesus que quer estar com você e dê a Ele esta oportunidade para que Ele lhe fale ao seu coração, no silêncio. Pe. Adilson Schio, ms
poder, simplesmente porque “o Senhor chamou-me e me disse: Vai profetizar para Israel o meu povo” (1ª Leitura, v. 15). O Apóstolo Paulo (2ª Leitura) tem uma só mensagem a oferecer aos Efésios: o Cristo é a salvação. Ele descreve e celebra com entusiasmo e emoção “o mistério escondido a séculos” (cf. 2ª Leitura, v. 4), isto é, a revelação da vontade do Pai, que decidiu “derramar profusamente sobre nós” (v. 8) a sua graça, pela ação do Espírito, através de Jesus Cristo, seu Filho primogênito. A missão dada por Jesus aos Apóstolos, descrita no Evangelho de hoje, responde à urgência do anúncio do Reino que precisa chegar aos ouvidos de todas as pessoas. O Apóstolo deve ir e anunciar esta boa nova a todos, com fidelidade, na totalidade da sua entrega e na liberdade do seu testemunho ser aceito ou não. MEDITAÇÃO O Evangelho de hoje celebra a Igreja que anuncia o Reino. Em toda a ação de Jesus, e por conseguinte, em toda a ação da Igreja, o Reino de Deus deve ocupar um lugar central. Anunciar o Reino é falar de um tempo onde a justiça e a paz serão o “sol da esperança” que brilhará para todos. Anunciar o Reino é missão daqueles que seguem Jesus e praticam a sua palavra. Anúncio, testemunho, palavra, compromisso e vida doada, são os imperativos para que a proposta do Reino chegue ao conhecimento de todos os que acreditam na aliança de Deus. O Concilio Vaticano II, entre tantas verdades de fé, disse com clareza que a “Igreja é por natureza missionária” (Apostolicam actuositatem, n. 2). O Evangelho deste domingo nos fala dos Apóstolos enviados pelo Senhor a anunciar uma Boa Nova que, se escutada com o coração, torna-se um convite à salvação. Aquilo que se segue na história contada pelo Evangelista Marcos, não é iniciativa própria de um ou de outro que por ventura andava com Jesus pelas estradas da Judeia e da Galileia, mas é propriamente um mandato do Senhor que, mesmo alertando a todos que hora eles seriam escutados e hora seriam contestados, se compromete com cada um dizendo para terem confiança pois não lhes faltará a proteção do Senhor. É desta forma livre e comprometedora que Jesus associa os Doze que Ele mesmo escolheu, à sua missão. A missão é a mesma de Jesus, para tanto ele os faz participantes do seu poder sobre aquilo que é mal e que provoca o afastamento de Deus: “...e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros” (v. 7). A dimensão comunitária com que Jesus propõe o anúncio da sua mensagem (dois a dois) faz também comunitária a caminhada da Igreja hoje, sempre em vista de viver o mandamento do amor como caminho que nos aproxima do Pai, do seu Reino e da sua verdade. A força da comunitariedade da fé é que torna possível afrontar os “espíritos impuros”, isto é, que torna possível fazer frente a todas as realidades e a todas as ações que são contrárias à vivência do Reino na sua dimensão de fraternidade e de amor, pois é no Reino que somos unidos por um só laço, aquele de sermos Filhos de Deus fortalecidos no amor do Pai. A mensagem central do Evangelho de hoje é reveladora do quanto a construção do Reino é o primeiro elemento da missão de Jesus e como Ele coloca tal missão nas mãos de todos os seus discípulos. Com alegria podemos dizer que hoje Marcos nos diz que a base da ação cristã de quem é de Jesus é justamente o compromisso com o Mestre e com o projeto que Ele faz presente no meio de nós pelo seu anúncio e pelo seu testemunho de vida. Todos nós somos discípulos de Jesus. Todos somos enviados juntamente com nossa comunidade. Todos temos a mesma missão de construir o Reino. Todos nós fundamentamos nossa fé e nossa vida na partilha dos dons e dos compromissos como discípulos e discípulas de Jesus, o mestre da Boa Nova da conversão. ORAÇÃO Salmo 84: Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade e a vossa salvação nos concedei. AGIR Aproxime-se cada vez mais da Palavra do Senhor e escute o seu chamado a evangelizar. Pe. Adilson Schio, ms
– Comunidade dos Seguidores de Jesus – depois de sua morte e ressurreição. A Leitura é uma bela narração de um dos momentos de maior dificuldade para os cristãos:Pedro é preso por Herodes e “enquanto ele era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele”. (1º Leitura, v. 5). A prece da Igreja faz Pedro ser libertado pelo anjo do Senhor, fato que o faz expressar sua confiança em Deus e que Lucas descreve com esta frase: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar...” (v. 11). Na Segunda Carta de São Paulo a Timóteo (2º Leitura) podemos ver o coração agradecido deste grande missionário do Evangelho e ao mesmo tempo a sua serenidade em dizer que tudo em sua vida, depois da sua conversão, foi oferecido pelo Evangelho: “O Senhor esteve a meu lado e me deu forças...” (v. 17). Tudo isso Paulo transforma em testemunho ao dizer que ele tem convicção que o Senhor dará a recompensa a “todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa” (v. 8). No Evangelho temos a profissão de fé de Pedro, que responde a uma pergunta de Jesus em nome de todos os Discípulos. Jesus é o Messias, o Filho de Deus (cf. Evangelho, v. 16). MEDITAÇÃO O Novo Testamento nos permite conhecer boa parte do itinerário da vida de Pedro e de Paulo, dois grandes apóstolos, cada um com seu estilo, mas que revelam na sua prática e na sua abertura em servir ao Senhor, o quanto faz bem e engrandece a pessoa acolher em si, a gratuidade de Deus. Pedro pescador da Galileia, vivia seus dias no lago de Tiberíades com o seu pai Jonas e seu irmãos André. O seu trabalho era aquele de lançar redes, depois retirá-las e, na beira da praia, remendá-las. Foi aí, no seu lugar e na sua atividade, quando lançava as redes para a última pescaria do dia, que ouviu o chamado de Jesus que passava: “Venha, eu te farei pescador de homens” (Mc 1,17). Assim ele começou a sua extraordinária aventura de discípulo: seguiu o Mestre da Galileia para a Judeia; daí, depois da morte de Jesus, percorreu a Palestina, até mudar para Antioquia. De Antioquia chegou finalmente a Roma onde entregou a sua vida animando a fé dos que acreditavam na sua palavra sobre Jesus, fato o que o levou à prisão e à morte. Diante deste grande testemunho de fé, que foi capaz de dizer a Jesus “a que iremos nós, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68), diante de tamanha abertura a Deus e aos irmãos, diante daquele que Jesus constitui pedra de sua igreja, podemos nos perguntar: Senhor, como nós poderemos ser construtores do teu Reino, reconhecendo cada vez mais a tua verdade em nós?... Paulo, que de perseguidor se tornou Apóstolo dedicado e fiel, missionário ardoroso do Evangelho de Jesus Cristo a quem dedicou a sua vida “combatendo o bom combate, completando a caminhada, guardando a fé” (2º Leitura, v. 7). Homem das grandes viagens missionárias e de grande visão de futuro; o grande animador das comunidades primitivas através das suas cartas apostólicas; aquele que sabia unir a força da fé que abraçou por revelação divina, quando viu uma forte luz à porta da cidade de Damasco, com a capacidade de orientar todos para o seguimento justo e verdadeiro das palavras do Mestre. O Paulo dos grandes discursos que convertiam, mas também o Paulo das relações fraternas e pessoais com os que professavam a fé no Cristo, que para ele era Aquele que morreu na cruz para nos salvar, cruz que para uns é escândalo, para outros é loucura, mas para os que creem é sabedoria de Deus (cf. 1Cor,1,23s). O Paulo do martírio e o Paulo que se deixou transformar profundamente pela “visita” de Jesus em sua vida a ponto de não mais viver para si, pois era o Cristo que vivia nele (Gal 2,20); enfim, o Paulo que “pregava corajosamente em nome do Senhor” (Atos 9,28). Diante desta grande testemunho de fé, podemos nos perguntar: Senhor, como nós poderemos testemunhar sempre mais, por palavras e por ações, a Vossa presença em nossa vida como o nosso salvador e redentor?... A Solenidade que celebramos hoje nos faz ver como é bonita a nossa Igreja que celebra nos seus santos a graça de Deus que consagra pessoas para o testemunho. É a graça que nos vem daquele que foi, é e sempre será “o Filho do Deus vivo”. Salve São Pedro e São Paulo. Santos da nossa fé e pilares da nossa Igreja. ORAÇÃO Salmo 33: Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha. Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia. AGIR Fortaleça a sua fé no testemunho destes dois Santos de Deus. Pe. Adilson Schio, ms
|
Pe. Adilson Schio Ms
|