O SOPRO DO ESPÍRITO FORTALECE A COMUM UNIDADE.
(celebrações, oração e fração do pão). A comunidade da ressurreição é aquela que nasce nas casas, se fortalece na memória do ressuscitado pelo ensinamento que vem da experiência vivida com Jesus e passa pelo pão que é repartido. A Segunda Leitura, tirada da Primeira Carta de São Pedro, uma carta cujo centro da reflexão está em propor a fraternidade como aquilo que fortalece a vida cristã e que poderá unir todos na “casa de Deus”, apresenta neste trecho o Batismo (vida nova) como a nossa identificação com o Cristo e a razão da nossa entrega aos irmãos. No Evangelho, Jesus, vivo e ressuscitado, vem e se coloca no meio da comunidade ainda fechada em si pelo medo. Em torno do Cristo que anuncia a paz, a comunidade se anima e é enviada. MEDITAÇÃO A vida em Comunidade, ou melhor, a nova comunidade cristã, é apresentada na Liturgia deste domingo como uma comunidade reunida em torno de Jesus ressuscitado. Em meio à alegria pascal ainda presente nas orações litúrgicas, a “nova comunidade” (Igreja) é aquela que nasce da Cruz e da Ressurreição, com a missão de mostrar ao mundo a vida nova que é revelada pela vitória de Jesus sobre a morte. Assim podemos dizer que a ressurreição de Jesus é, na verdade, a razão da missão da Igreja. A primeira palavra de Jesus após a ressurreição é um oferecimento de paz: “A paz esteja convosco”. No Evangelho Jesus repete esta expressão dando um significado muito profundo para o momento de medo e de desesperança ainda presente no pensamento dos Apóstolos. A paz que Jesus oferece é a paz total, o Shalom, isto é, a paz que deseja que todo bem esteja com o outro. A paz que Jesus oferece não é a paz do comodismo, somente de sensação, mas é realmente o desejo de que tudo aconteça no bem, para o bem de todos. Tomado no seu significado, Shalom expressa o desejo positivo mais profundo que podemos ter em relação a uma pessoa. Em palavras simples, diríamos que o Shalom é o que temos de mais bonito em nós e que desejamos aos outros. Esta é a paz que Jesus oferece aos discípulos e para a qual os convoca, soprando sobre eles o Espírito. O Evangelho nos diz que a Comunidade que nasce deste “sopro” de Jesus é uma comunidade fortalecida na missão e que dá testemunho, provocando admiração e reconhecimento de todos, atraindo assim novos membros. Essa comunidade descrita por Lucas na leitura dos Atos dos Apóstolos e por João no Evangelho pode ser o exemplo de uma comunidade ideal, mas este fato tem por objetivo nos recordar hoje daquilo que fundamental para toda comunidade cristã: ser uma comunidade de irmãos, reunida em torno do Cristo ressuscitado, animada pelo Espírito, que vive a missão de testemunhar na história a ação de Deus por seu povo. Podemos afirmar que em nossa comunidade estes elementos estão presentes? Nossa caminhada de Povo de Deus deve sempre ser pelos caminhos da missão, da busca da justiça e na construção da solidariedade pois é Deus que nos “faz nascer de novo, para uma esperança nova”. É na comunidade que nós encontramos a certeza de que Jesus está vivo. Quem não participa da comunidade não se encontra com a saudação de Jesus, não sente em si a alegria da Páscoa e da paz, nem recebe a graça e o dom do Espírito Santo. “Felizes aqueles que acreditaram sem ter visto” diz Jesus a Tomé, o ausente. Este é o apelo que vem da fé na ressurreição: acreditar contra todas as aparências de que a vida vence a morte. E tudo acontece, diz o Evangelho, no primeiro dia da semana, lembrando o Domingo, dia do encontro com o Senhor, onde somos convidados a celebrar a memória de Jesus e a partilhar do seu corpo e do seu sangue. E assim, vivendo a comunidade, quando nos encontrarmos com o próprio Jesus, poderemos dizer com toda a convicção da nossa fé: “Meu Senhor e meu Deus” tu és minha vida. ORAÇÃO Espírito Santo, vento de amor, coloca asas nos meus sonhos e reaviva a minha esperança para que eu possa voar livre na alegria e na caridade. Amém. AGIR Ofereça a tua palavra de paz a mais pessoas do que normalmente você oferece. Pe. Adilson Schio, ms
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SÓ COM AMOR É POSÍVEL VER.
nasce de Jesus. A Segunda Leitura relata o testemunho de Paulo que diz ser o batismo a forma de estarmos em comunhão com o Cristo Ressuscitado, e que deste batismo deriva algumas exigências que se tornam testemunho pelas obras que os batizados realizam. O Evangelho descreve a atitude da Comunidade dos seguidores e das seguidoras de Jesus diante da ressurreição. MEDITAÇÃO Hoje renasce o canto da Beleza do Amor, a vida se faz vitoriosa contra cada lógica de morte que percebemos no mundo. Como diz a Sequência que se proclama antes da aclamação do Evangelho: “O Senhor da vida estava morto, mas agora, vivo, triunfa”. Páscoa é um chamado a reerguer-se na certeza de que a esperança da vida se renova também em nós, no nosso coração e por meio de nós, na vida da comunidade cristã. Na Páscoa vemos esperança que só o amor é capaz de ver. A vida venceu e Jesus Ressuscitado é luz para todos. O Evangelho é de uma beleza literária interessante e também tem um belo conteúdo de espiritualidade a partir das atitudes dos seus diversos personagens. Maria Madalena, Pedro e o Discípulo Amado correm em direção ao túmulo de Jesus porque eles precisam de luz. Eles não esperam pela ressurreição. A cruz era o fim da esperança, a desilusão jamais esperada. E tudo isso estava acontecendo pela traição de um dos Doze. Não é difícil de imaginar que o ambiente entre os mais próximos de Jesus, na manhã daquele domingo, não era nada agradável e a “escuridão” com relação às novas perspectivas teimava em não se dissipar. É ai que chega Maria e as mulheres com a notícia de que o túmulo estava vazio. É bela a expressão contida nos relatos dos Evangelhos que diz que não devemos procurar entre os mortos aquele que está vivo. Nossa fé na ressurreição não se fundamenta no túmulo vazio pois lá restam apenas as “faixas de linho no chão”, nossa fé tem sua razão nos caminhos que levam à vida e para os quais Cristo nos convoca como comunidade dos que acreditam na vitória da cruz. Qual a nossa atitude diante da Ressurreição? Confusão, angústia, medo, incerteza, dúvida... As mulheres vão ao sepulcro e ficam confusas. Pedro e João vão ao sepulcro e são capazes de ler os sinais: “ele entrou, viu e acreditou”. Só quem olha com os olhos do coração é capaz de penetrar e ver para além das aparências. Na ressurreição de Jesus a vida se enche da certeza da eternidade. É por isso que hoje celebramos a esperança da vida eterna. É preciso enxergar a Vida (que é Jesus) em nossa vida, e só o amor é capaz de nos fazer ver o que é invisível aos olhos. Só a fé pode nos fazer acreditar naquilo que a muitos é inacreditável. Só vencendo o medo se pode encontrar com Jesus vivo e presente no meio dos seus. Este é o sentido da Páscoa: ver com os olhos do amor a vida que ressurge no Filho, pela fidelidade ao Pai. São João, na sua primeira carta, nos dá o verdadeiro entendimento do que consiste o amor: “O amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. Se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1Jo 4, 10-11). A Páscoa não começa com uma notícia de pura alegria, mas com uma experiência que exige fé e amor em meio a lembrança da promessa feita pelo Messias. É isso que precisamos dizer ao mundo: Cristo ressuscitou e está vivo no meio de nós. ORAÇÃO “Diga-nos, tu Maria: Que viste pelo caminho? Vi o túmulo de Cristo vivo e a glória do Ressuscitado. Vi os anjos como suas testemunhas; vi o sudário e os lençóis. O Cristo ressuscitado é a nossa esperança: Ele vai adiante e nos precede na Galileia.” (Sequência da Missa do Domingo da Páscoa). AGIR Alimente sua fé na Comunidade, é lá que você encontrará o Cristo Ressuscitado. Pe. Adilson Schio, ms
para uma vida nova no Cristo ressuscitado. A Igreja ainda hoje convida os seus fiéis para celebrarem em vigília esta solenidade que é a mais importante e central do ano litúrgico. A celebração desta noite começa com todas as luzes do templo apagadas e em um lugar propício se prepara o fogo em torno do qual o povo se reúne. Neste “fogo novo” o sacerdote acende o Círio Pascal dizendo: “A luz do Cristo que ressuscita glorioso disperse todas as trevas do nosso coração e da nossa mente”. Com estas palavras se começa a celebração deste dia que se divide em quatro grandes partes: 1) a liturgia da luz; 2) a liturgia da Palavra; 3) a liturgia batismal; 4) a liturgia eucarística. MEDITAÇÃO Tudo é espera. Uma espera vigilante. Estamos na noite da Vigília Pascal. Noite de oração e de esperança. Noite de meditação e de expectativa. Noite de deixar-se transformar desde dentro pela certeza de que a vida vence a morte e por isso podemos acreditar na vida nova que nos vem do Cristo. A celebração da Vigília Pascal é a noite santa na qual renascemos do pecado e da morte. É nesta noite memorável que celebramos a vitória da luz, a vitória da libertação da opressão do mal e da injustiça, é nesta noite memorável que se instaura a grande e eterna Páscoa: “Noite mil vezes feliz, noite clara como o dia, na luz do Cristo glorioso, exultemos de alegria” (Proclamação da Páscoa, Exulte). É na beleza desta atmosfera de esperança e vida que renovamos nossas promessas batismais e onde nos falam alto os símbolos da vida: o fogo, a luz, a água, o óleo, o pão e o vinho. Todos celebrados na alegria da comunidade que “sente” o Cristo vivo em seu meio e O celebra nos cantos, no branco da cor litúrgica deste dia e nas flores que enfeitam o espaço da celebração onde a memória da ressurreição celebrada nesta noite será recordada e renovada a cada novo domingo do ano. E nós, comunidade cristã inundada na esperança, vivemos com o Cristo este momento porque queremos também nós fazer Páscoa em nossa vida. Queremos ressuscitar com Jesus. Não queremos simplesmente “assistir” a sua ressurreição, mas queremos acolher em nós esta nova vida que nos “renovar” na certeza que celebramos hoje a maior de todas as graças: renascer para a vida eterna. Jesus não morre e não ressuscita somente para fazer ver que ele tem todos os poderes em suas mãos, ao contrário, Ele se doa, se entrega na sua morte e a sua ressurreição, para “alcançar” a sua vitória a todos nós. Na luz da Páscoa de Jesus podemos refletir em três atitudes que devemos ter para vivermos na profundidade da fé, este momento e este mistério da Ressurreição do Senhor: 1) Devemos nos deixar amar, por este Deus que se faz tão próximo de nós, que faz de nós a sua escolha mais profunda a ponto de tudo fazer para que a vida plena se faça plenitude em nós. 2) Devemos nos deixar salvar por este Deus que nos “levanta” sempre que precisamos, que nos faz forte sempre que necessitamos, que nos dá vida sempre quando achamos que tudo é morte e portanto chegamos perto do fim. Deixarmo-nos salvar por este Deus que realmente nos salva por ser misericórdia e bondade, luz e esperança, força e coragem... 3) Devemos nos deixar transformar, por este Deus que não nos quer escravos, mas homens e mulheres livres, homens e mulheres da luz e de luz, homens e mulheres dispostos a construírem com seu coração transformado, o Reino tão sonhado. Cristo ressuscita, e com isso também para nós há uma possibilidade de “vida para sempre”. Sejamos profetas da ressurreição de Jesus, isto é, aqueles que revelam ao mundo que nem a morte, nem a dor, nem o mal podem conter o imenso amor que Deus tem por nós. Sintamos a vida que vem até nós com o Cristo Ressuscitado, luz eterna neste mundo ainda de trevas. ORAÇÃO Salmo 103 – Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! De majestade e esplendor vos revestis e de luz vos envolveis como num manto. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! AGIR Deixe que a luz nova da vida em Cristo entre dentro de você. Pe. Adilson Schio, ms
no silêncio e com o altar sem as tradicionais toalhas e candelabros. Ele só será preparado com uma toalha simples e com as velas quando chegar a hora da comunhão, terminado este momento o altar ficará novamente descoberto. A cruz assume lugar de destaque tornando presente todas as dores e o sacrifício de Cristo e de inúmeros cristãos que como Ele, morreram pela fé. Os atos litúrgicos deste dia se realizam em três momentos: A Liturgia da Palavra; a Adoração da Cruz e a Comunhão Eucarística. O silêncio e a oração são, portanto, dois aspectos importantes desta Celebração. Neste dia não há rito de bênção e de envio, pois cada participante é convidado a permanecer em oração meditando a Paixão e Morte do Senhor até que, após a solene Vigília Pascal se celebre a vitória da vida na Ressurreição do Senhor. MEDITAÇÃO Nossa meditação de hoje começa justamente com o primeiro ato litúrgico deste dia. Após prostrar-se e rezar em silêncio, o Padre ou o Ministro, proclama à comunidade esta profunda oração que nos faz refletir nos mistérios da graça de Deus que faz seu Filho único morrer pela salvação de todos. Assim se reza: “Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos, pela natureza, a imagem do homem terreno, possamos trazer, pela graça, a imagem do homem novo”. A beleza desta oração está no significado daquilo que a “morte de um só pode trazer à toda a humanidade” (cf. Carta de São Paulo aos Romanos 5,12), isto é, a possibilidade de sermos semelhantes a Cristo por nos deixarmos transformar em “homens novos”. É encorajador para nossa vida cotidiana saber que Deus tem o propósito de nos fazer semelhantes a seu Filho na capacidade de amar, de nos doarmos e de nos fazermos presentes na vida das pessoas. O propósito de Deus é que sejamos imagem sua, a semelhança de seu Cristo que se entregou inteiramente por nós. Deixemos que as leituras e o Evangelho deste dia provoque em nós esta inquietude à medida que a Liturgia da Palavra nos revela a força que tem o pecado, ao mesmo tempo que nos mostra a grandiosidade da graça e da misericórdia. O Livro do Gênesis nos mostra que desde o início da nossa história o pecado entrou no mundo e com o pecado veio também a morte de toda a esperança, de toda a alegria, de toda a vida e de toda a possibilidade de viver aqui na terra o “paraíso terrestre”. Mas, é justamente na plenitude dos tempos que Deus nos envio seu Filho escolhido que, assumindo a natureza humana, se fez um como nós e nos deu a possibilidade da salvação “fazendo-se obediente até a morte, morte de cruz, tornando-se causa de salvação eterna” (cf. Carta de São Paulo aos Hebreu 4,9). Nosso Deus é de infinita misericórdia a tal ponto que, tendo compaixão de nós e com um gesto de amor igualmente infinito, nos libertou de nossos pecados. Este é o dia em que “foi imolado o Cristo, nossa Páscoa”, nossa libertação (1Cor 5,7). Rezemos esta graça com o Salmo Responsorial deste dia: “Junto de ti, ó Senhor, eu me abrigo, não tenha eu de que me envergonhar; por tua justiça me salva e teu ouvido ouça o meu grito: “Vem logo libertar-me!”. Sê para mim um rochedo firme e forte, uma muralha que sempre me proteja; por tua honra, Senhor, vem conduzir-me, vem desatar-me, és minha fortaleza. Em tuas mãos eu entrego o meu espírito, ó Senhor Deus, és Tu quem me vai salvar-me; tu não suportas quem serve falsos deuses. Somente em ti, ó Senhor, vou confiar!”. ORAÇÃO Salmo 30 – Eu me entrego, Senhor, em tuas mãos e espero pela tua salvação. AGIR Deixe que as palavras do Salmo Responsorial que você leu acima, sejam gravadas no seu pensamento e no seu coração. Pe. Adilson Schio, ms
de lavar os pés dos seus. Nós, hoje, celebrando esta memória somos chamados a receber com o coração aberto este dom que Jesus nos dá e a cuidar para que na nossa vida em comunidade este mandamento se torne verdadeira prática de fé. A Primeira Leitura deste dia nos vem do Livro do Êxodo e nos conta como o povo hebreu fazia memória dos prodígios que Deus fez para libertá-los da escravidão. A Leitura nos faz refletir num “Deus Libertador”. A Segunda Leitura da Primeira Carta de São Paulo à Comunidade de Corinto, temos o testemunho do Apóstolo ao afirmar que a eucaristia torna presente, ainda em nossos dias, a oferta da vida de Cristo na cruz, sinal eterno da “Nova aliança” e memória perene da vida que nos vem do Cristo. A Segunda Leitura nos faz refletir num “Deus que se faz alimento de vida”. No trecho do Evangelho destaca-se toda a cena na Última Ceia e neste contexto a força do gesto de Jesus de lavar os pés daqueles que com ele haviam caminhado por três anos. O Evangelho de hoje nos faz refletir num “Deus humilde servidor”. Humildade, disponibilidade, serviço e sobretudo amor, eis o ensinamento que nos vem desta celebração. Estamos verdadeiramente no caminho da Páscoa com Nosso Senhor Jesus, o Cristo, Filho do Deus da vida. MEDITAÇÃO O primeiro versículo do Evangelho deste dia nos dá a maior de todas as certezas que na fé devemos viver e que pela fé devemos meditar: “Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. O Evangelista João nos apresenta uma “bela entrada” para os mistérios que vamos celebrar de hoje até o Domingo da Ressurreição. Tudo o que acontecerá com Jesus, tudo o que ele vai enfrentar e toda a força que Ele coloca de si para ir até o fim, tudo isso só pode vir do amor especial que Jesus tem pelos seus. Não há prova de amor maior do que aquela de doar a vida pelos irmãos. Verdadeiramente, em Jesus, a doação é um gesto de amor e de fidelidade: "Amou-os até o fim”. Irmãos e irmãs, não podemos esquecer destas duas ou três palavras que João coloca na narração que faz daquele que se tornou um dos últimos momentos de Jesus com seus Apóstolos. A Ceia naquela noite precisava acentuar o jeito diferente de Jesus olhar seu povo e servir seu Deus, por isso era preciso que toda aquela nova maneira de “servir” pudesse ficar fortemente marcada na memória e no coração daqueles a quem Jesus confiaria o seu Espírito a fim de continuarem a sua missão. “Era antes da festa da Páscoa”, portanto, da memória de que Deus havia voltado seu rosto para o seu povo e, vendo o seu sofrimento, o fez sair da “terra da escravidão”: “Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua” (1ª Leitura, v. 14). A proposta de Jesus é também uma proposta de libertação, ou até mais, uma proposta de se viver como pessoas libertadas de toda espécie de prisão que pode nos afasta do caminho de Deus e nos fechar ao serviço aos irmãos. Foi verdadeiramente esta a missão de Jesus, e este caminho de libertação tem agora uma última etapa: é preciso ser capaz de viver como pessoas livres. Pode nos parecer fácil viver assim, mas bem sabemos por tudo aquilo que aconteceu na história de Jesus e de seus Apóstolos que a fraqueza humana por vezes nos leva a caminhos que não nos libertam. A última etapa do caminho de Jesus é “fazer a ceia juntos”, ceia de Páscoa, portanto de memória da libertação, a ser celebrada na vida cotidiana. A mensagem central que podemos guardar da celebração de hoje é que a Eucaristia e o Lava-pés, ou seja, a fé e o serviço, não podem existir sem estarem ligadas e sem que uma seja consequência da outra. Lavar os pés é considerar o outro antes de tudo como um irmão; é ter a coragem de “abaixar-se” no gesto mais puro e significativo de humildade; é considerar o outro antes de considerar-me a mim mesmo; é servir como um verdadeiro servidor; é levantar os olhos ao irmão e olhá-lo com gratidão; é fazer-se pronto para participar do Reino de Deus onde todos terão seu espaço e sua importância. É inverter a lógica do mundo. É crescer no horizonte do amor, novo e sublime mandamento que quem se faz Filho de Deus. E é justamente aqui que entra a Eucaristia. Tal como Jesus a propõe, ela nos chama a vivermos a lógica da Páscoa, isto é, da doação total; a lógica do amor como Jesus nos amou; a lógica de dar a vida; a lógica de fazer da vontade do “Pai” a meta do “Filho”; a lógica de transformar este mundo, por um gesto de doação total, em um “novo céu e uma nova terra”. Recordemos e reflitamos hoje que desde aquela sua última ceia até os nossos dias e para todo o sempre, Jesus se dá na humildade de ser “pão e vinho de salvação” que vem habitar dentro de nós trazendo para o nosso interior a mais bela experiência de um Deus que se faz vida na vida de quem o segue. Como dizia Madre Teresa de Calcutá, “a eucaristia é fonte insubstituível de esperança e de caridade. É o pilar sobre o qual se apoia toda a ação. Não se pode amar o próximo sem que tenhamos um amor especial pela eucaristia”. Irmãos e Irmãs, com Jesus e com a Igreja, vivamos com intensidade este Tríduo Pascal. ORAÇÃO Salmo 115 – Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor. AGIR Preparamo-nos para celebrar os mistérios da Páscoa, iniciando este Tríduo com um tempo de silêncio e adoração diante do Senhor presente na Eucaristia. Pe. Adilson Schio, ms
DO TRIUNFO PARA A MORTE. DA MORTE PARA A VIDA LEITURA O “Domingo de Ramos” e também, da “Paixão do Senhor” coloca juntos o triunfo de Jesus e sua paixão. Na celebração e no ensinamento deste dia, a Igreja expressa com a Liturgia esta dupla realidade da glória e do sofrimento própria do mistério pascal.
Hoje a Primeira Leitura, tirada do Livro do Profeta Isaías, apresenta um profeta que é chamado por Deus para testemunhar, no meio das nações, a Palavra de Salvação. Na Segunda Leitura, um belo hino onde Paulo fala do Cristo como princípio e fim de todas as coisas. Ele assumiu a condição humana para revelar totalmente o amor do Pai. MEDITAÇÃO Para entender bem a mensagem do Evangelho deste domingo, principalmente aquele que narra a chegada de Jesus a Jerusalém, é preciso resgatar o verdadeiro sentido desta entrada. O próprio Evangelho de Mateus dá uma informação importante, quando no v. 5 cita o profeta Zacarias. Um Profeta do tempo em que o povo vivia uma situação de grande opressão e pobreza, e que procura animar a sua gente mantendo viva a força da resistência da fé no Deus verdadeiro. Zacarias anuncia com seu profetismo que a esperança está na chegada de um Messias e que ele teria três grandes características: seria rei (ver Zacarias 9,9-10), bom pastor (Zac 11,4-7), mas também “transpassado... por ele muitos chorarão” (Zac 12,9-14). O Reino daquele rei não seria de dominação e opressão como tantos outros na história do povo de Deus, mas de paz, de justiça e de solidariedade: “Dance de alegria, cidade de Sião; grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho duma jumenta. Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e os cavalos de Jerusalém; quebrará o arco de guerra. Anunciará a paz a todas as nações, e o seu domínio irá de mar a mar” (Zc 9,9). Aqui está o verdadeiro sentido da recordação da entrada de Jesus em Jerusalém: acolher na alegria e na esperança o Messias dos pobre e dos justos, que faz da vitória não um triunfo pessoal que vem da força, mas da fidelidade ao projeto de Deus, no seguimento até a Cruz, para gerar a vida nova na ressurreição. A vitória de Jesus é a vitória da fidelidade e do compromisso. O outro Evangelho proclamado neste Domingo, narração da Paixão, nos coloca no meio de todo o processo injusto de condenação e morte de Jesus. Mas de tudo o que podemos ver é que, mesmo em na “escuridão da morte”, renasce a luz de um novo dia e que faz até mesmo o soldado romano declarar que Jesus era o Filho de Deus. Como o Papa Francisco nos recordou nesta semana, a Igreja nasce da contemplação do rosto de Deus crucificado. Nasce da cruz e do sentimento de dor e de amor por Jesus daquele pequeno grupo de seus discípulos e das mulheres que o seguiam e que, no seu amor, revelam o mesmo sentimento que Deus tem pelo mundo. O que sentimos quando olhamos para a cruz de Jesus? Vemos ali verdadeiramente o caminho da salvação ou não entendemos como Jesus pôde terminar sua vida deste jeito? Lembremos o que diz o Evangelho: Jesus passou a vida fazendo o bem e sendo fiel à missão que recebera do Pai. Num dia o triunfo no outro a morte, mas devemos sempre lembrar que ainda haveria um outro dia, o terceiro dia, o dia da vida nova, da ressurreição que vence a morte e todas as nossas mortes para nos fazer plenamente merecedores da salvação que nos vem de Deus, por seu filho Jesus, morto na cruz pelos nossos pecados. ORAÇÃO Escuta Senhor, a oração do teu povo que celebra a paixão do teu Filho. Fazei que experimentemos a libertação da cruz e a ressurreição da vida em Jesus. Convertei-nos pela força do vosso amor e tornai-nos sensíveis às dores dos nossos irmãos e irmãs. Amém. AGIR Leia várias vezes a Segunda Leitura (Filipenses 2,6-11) e faça desta leitura uma preparação significativa para celebrar com a Comunidade a Semana Santa. Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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