de lavar os pés dos seus. Nós, hoje, celebrando esta memória somos chamados a receber com o coração aberto este dom que Jesus nos dá e a cuidar para que na nossa vida em comunidade este mandamento se torne verdadeira prática de fé. A Primeira Leitura deste dia nos vem do Livro do Êxodo e nos conta como o povo hebreu fazia memória dos prodígios que Deus fez para libertá-los da escravidão. A Leitura nos faz refletir num “Deus Libertador”. A Segunda Leitura da Primeira Carta de São Paulo à Comunidade de Corinto, temos o testemunho do Apóstolo ao afirmar que a eucaristia torna presente, ainda em nossos dias, a oferta da vida de Cristo na cruz, sinal eterno da “Nova aliança” e memória perene da vida que nos vem do Cristo. A Segunda Leitura nos faz refletir num “Deus que se faz alimento de vida”. No trecho do Evangelho destaca-se toda a cena na Última Ceia e neste contexto a força do gesto de Jesus de lavar os pés daqueles que com ele haviam caminhado por três anos. O Evangelho de hoje nos faz refletir num “Deus humilde servidor”. Humildade, disponibilidade, serviço e sobretudo amor, eis o ensinamento que nos vem desta celebração. Estamos verdadeiramente no caminho da Páscoa com Nosso Senhor Jesus, o Cristo, Filho do Deus da vida. MEDITAÇÃO O primeiro versículo do Evangelho deste dia nos dá a maior de todas as certezas que na fé devemos viver e que pela fé devemos meditar: “Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. O Evangelista João nos apresenta uma “bela entrada” para os mistérios que vamos celebrar de hoje até o Domingo da Ressurreição. Tudo o que acontecerá com Jesus, tudo o que ele vai enfrentar e toda a força que Ele coloca de si para ir até o fim, tudo isso só pode vir do amor especial que Jesus tem pelos seus. Não há prova de amor maior do que aquela de doar a vida pelos irmãos. Verdadeiramente, em Jesus, a doação é um gesto de amor e de fidelidade: "Amou-os até o fim”. Irmãos e irmãs, não podemos esquecer destas duas ou três palavras que João coloca na narração que faz daquele que se tornou um dos últimos momentos de Jesus com seus Apóstolos. A Ceia naquela noite precisava acentuar o jeito diferente de Jesus olhar seu povo e servir seu Deus, por isso era preciso que toda aquela nova maneira de “servir” pudesse ficar fortemente marcada na memória e no coração daqueles a quem Jesus confiaria o seu Espírito a fim de continuarem a sua missão. “Era antes da festa da Páscoa”, portanto, da memória de que Deus havia voltado seu rosto para o seu povo e, vendo o seu sofrimento, o fez sair da “terra da escravidão”: “Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua” (1ª Leitura, v. 14). A proposta de Jesus é também uma proposta de libertação, ou até mais, uma proposta de se viver como pessoas libertadas de toda espécie de prisão que pode nos afasta do caminho de Deus e nos fechar ao serviço aos irmãos. Foi verdadeiramente esta a missão de Jesus, e este caminho de libertação tem agora uma última etapa: é preciso ser capaz de viver como pessoas livres. Pode nos parecer fácil viver assim, mas bem sabemos por tudo aquilo que aconteceu na história de Jesus e de seus Apóstolos que a fraqueza humana por vezes nos leva a caminhos que não nos libertam. A última etapa do caminho de Jesus é “fazer a ceia juntos”, ceia de Páscoa, portanto de memória da libertação, a ser celebrada na vida cotidiana. A mensagem central que podemos guardar da celebração de hoje é que a Eucaristia e o Lava-pés, ou seja, a fé e o serviço, não podem existir sem estarem ligadas e sem que uma seja consequência da outra. Lavar os pés é considerar o outro antes de tudo como um irmão; é ter a coragem de “abaixar-se” no gesto mais puro e significativo de humildade; é considerar o outro antes de considerar-me a mim mesmo; é servir como um verdadeiro servidor; é levantar os olhos ao irmão e olhá-lo com gratidão; é fazer-se pronto para participar do Reino de Deus onde todos terão seu espaço e sua importância. É inverter a lógica do mundo. É crescer no horizonte do amor, novo e sublime mandamento que quem se faz Filho de Deus. E é justamente aqui que entra a Eucaristia. Tal como Jesus a propõe, ela nos chama a vivermos a lógica da Páscoa, isto é, da doação total; a lógica do amor como Jesus nos amou; a lógica de dar a vida; a lógica de fazer da vontade do “Pai” a meta do “Filho”; a lógica de transformar este mundo, por um gesto de doação total, em um “novo céu e uma nova terra”. Recordemos e reflitamos hoje que desde aquela sua última ceia até os nossos dias e para todo o sempre, Jesus se dá na humildade de ser “pão e vinho de salvação” que vem habitar dentro de nós trazendo para o nosso interior a mais bela experiência de um Deus que se faz vida na vida de quem o segue. Como dizia Madre Teresa de Calcutá, “a eucaristia é fonte insubstituível de esperança e de caridade. É o pilar sobre o qual se apoia toda a ação. Não se pode amar o próximo sem que tenhamos um amor especial pela eucaristia”. Irmãos e Irmãs, com Jesus e com a Igreja, vivamos com intensidade este Tríduo Pascal. ORAÇÃO Salmo 115 – Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor. AGIR Preparamo-nos para celebrar os mistérios da Páscoa, iniciando este Tríduo com um tempo de silêncio e adoração diante do Senhor presente na Eucaristia. Pe. Adilson Schio, ms
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