A NOSSA ORAÇÃO É O REFLEXO DA NOSSA VIDA
formal, tanto que Jesus não o condena, mas é sem vida, estéril, porque tinha como finalidade a auto exaltação. A oração do publicano, ao contrário, assume a característica dos pobres, reconhecendo a própria condição e colocando-se completamente nas mãos de Deus. O agir de Deus inverte a lógica humana, fazendo justiça ao publicano e deixando o fariseu “prisioneiro” de suas próprias justificativas. |
LEITURA |
ao juiz para solicitar que lhe seja feita justiça. O juiz, por sua vez, depois de muito adiar sua decisão, atende ao seu pedido para que não seja mais importunado. Porém, a finalidade clara desta parábola não é um discurso sobre a justiça ou sobre os juízes que julgam pelos seus próprios parâmetros, mas uma exortação aos discípulos quanto a perseverança na oração. É o capítulo precedente (17) que nos oferece o quadro para poder compreender esta parábola: por causa da perseguição em razão da fé, é preciso rezar sempre para “não cair no poder da tentação”, nem desanimar. É preciso rezar sempre para manter vivo o testemunho.
MEDITAÇÃO
Não é raro, durante a vida, fazermos a experiência difícil e misteriosa do silêncio de Deus. Por vezes, justamente quando se precisa com mais força de sinais da presença de Deus em nós ou em uma determi-nada situação, quando o peso da existência nos parece insustentável, então temos o sentimento que Deus está longe de nós e da nossa vida. Rezamos, mas por mais que dizemos, tudo parece estéril. Nossa fé enfraquece e duvidamos da própria ação amorosa de Deus. A Liturgia da Palavra deste domingo é uma bela reflexão sobre esta situação humana de nossa espiritualidade. Contrariamente ao que poderíamos pensar, Jesus nos diz que nestes momentos é preciso uma oração mais constante, capaz de não ceder a descrença quanto a ação de Deus. A viúva da parábola do Evangelho tinha todas as razões para desacreditar que um dia lhe seria feita justiça, mas intensificou sua ação em busca de sua necessidade. O ensinamento de Jesus tem aqui uma grande clareza, pois é feito de forma muito compreensível através da comparação: se até um juiz injusto atende os pedidos insistentes de uma viúva, quanto mais Deus vai atender os pedidos daqueles que Ele ama! A persistência leva a viúva a alcançar o seu objetivo, assim deve também ser persistente a oração do discípulo. O versículo 7 é de uma beleza incrível pois revela a certeza que Jesus sempre quis transmitir: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu lhes digo que Deus fará justiça e bem depressa”. Mas qual poderá ser esta oração de persistência? Qual é a verdadeira oração quando duvidamos da presença e da ação de Deus? Duas boas perguntas para refletir e buscar respostas nas leituras deste domingo. O Salmo Responsorial nos dá uma boa pista para responder a estas perguntas. Leia-o, é o Salmo 120/121 (Do Senhor é que me vem o meu socorro...). Outro caminho é aquele da oração de um profundo silêncio interior. Quando a razão parece indicar a ausência de Deus, certamente poderemos encontrá-Lo no nosso mais profundo interior, lá onde a fé jamais se esvai, lá onde sempre se encontra uma dose de esperança e de confiança, por isso o silêncio também se transforma em oração de confiança que nos faz reencontrar o Deus que pensávamos estar longe de nós. A Liturgia da Palavra deste domingo nos faz lembrar de um dos temas centrais de toda a Bíblia: o grito de quem ama a Deus e a resposta de Deus que ama com todo o seu amor de Pai Criador.
ORAÇÃO
Maria, virgem santa, fique sempre do nosso lado e nos ensine a rezar insistentemente com uma expectativa sempre nova. Ajuda-nos a escutarmos as palavras de Jesus e a carregarmos em nós a certeza da presença de Deus em todas as horas, em todos os momentos e em todas as situações. Fica em nós, Maria. Amém.
AGIR
Escolha um dia desta semana para rezar com mais profundidade. O que fazer neste dia? Como rezar? Deixe que Deus te mostre o caminho...
Pe. Adilson Schio, ms
UM SÓ VOLTOU PARA AGRADECER...
LEITURA |
surpreen-dente resposta positiva dos “estrangeiros” aos ensinamentos de Jesus. Dos dez leprosos, um só, não judeu, se mostra agradecido àquilo que Jesus fez por todos. Jesus diz a ele: “Levanta-te e vá, a tua fé te salvou”. A palavra de Jesus é de cura e de promoção de vida. Ele diz para aquele que retornou que ele não só estava livre daquilo que lhe paralisava, mas que poderia inclusive fazer o seu próprio caminho... “Levanta-te e vá...”
MEDITAÇÃO
Jesus atravessa a Samaria e a Galileia. No caminho ele encontra dez leprosos. A lei declarava os leprosos como impuros e os fazia viver longe da cidade e do convívio das pessoas, além de obriga-los a viver sozinhos. Aquele que os tocassem também se tornava um impuro. Jesus faz o seu quarto milagre na caminhada para Jerusalém, e como em todos os milagres narrados por Lucas, o mais importante não é o milagre em si, mas o ensinamento que brota dele. Lucas não só relata a cura de uma doença, mas nos leva, com seu texto, à compreensão da missão de Jesus que, para Lucas, é principalmente devolver a possibilidade de se viver em comunidade. A missão de Jesus e a gratidão, dois temas presentes nesta história, são muito especiais em toda a reflexão que Lucas faz de Jesus. Em muitas outras passagens este Evangelista fala de pessoas que ficam admiradas com o que Jesus diz e faz e por isso louvam a Deus. Para Lucas, Jesus revela o Deus misericordioso, por isso que o grito dos leprosos tem um significado especial: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós” (v. 13). A palavra “compaixão” é a base do pedido dos leprosos pois eles mesmos tinham o pensamento sobre si de que eram pecadores. Jesus entra na pobreza e na dor de cada um dos dez leprosos, mesmo conhecendo a lei, e oferece, pela palavra e pelo gesto, a cura de todas as paralisias, principalmente àquela que os fazia acreditar que eram impuros e pecadores. A ação de Jesus promove a vida, modifica o pensamento e limpa os dez leprosos de todas as feridas. Mas, foi somente o samaritano que “percebeu” (esta é a palavra que é usada no evangelho: “percebeu”) a ação de Deus nele. Com certeza este termo tem um significado bem maior do que somente “viu que ficou curado”. Então a sua volta a Jesus significa conversão. A atitude do leproso que voltou é de “dar glória a Deus”. “Levanta-te” é a palavra que faz “ressuscitar” a vida no samaritano leproso e é a palavra de Jesus a cada um de nós que precisamos de mais vida e de mais coragem.
ORAÇÃO
Espírito Santo de Deus, chama que arde e purifica as impurezas de nossa vida, faça-nos capazes de amar a vida, amar o bem, amar a fé, amar a graça da vossa presença em nosso dia a dia. Espírito Santo de Deus, sopra sempre em nossos ouvidos esta palavra de Jesus: “levanta-te”. Amém.
AGIR
Faça tudo para sempre reconhecer a misericórdia de Deus em tua vida e no mundo que te cerca e não esqueça de dividir esta alegria com outras pessoas.
Pe. Adilson Schio, ms
O BEM MAIOR
LEITURA |
descrita a beleza e o conteúdo da fé: é um dom (carisma, graça) e uma força (dimanis-mo) que vem de Deus; é presença viva de Jesus Cristo e é obra do “Espírito que habita em nós”. A fé é um bem precioso que a Igreja é chamada a cuidar e a transmitir fielmente de uma geração à outra.
MEDITAÇÃO
São Lucas descreve o verdadeiro discípulo de Jesus como aquele que tem fé e se faz servidor justamente por causa desta fé. Fica muito claro neste Evangelista que a fé significa adesão a Jesus e a sua proposta de vida. Por isso a fé do discípulo precisa ser inabalável. Toda esta reflexão vem do próprio pedido dos Apóstolos a Jesus: “Aumenta em nós a fé”. A partir deste Evangelho podemos fazer uma boa reflexão sobre nossa vida de fé e de serviço ao próximo e a Deus. Os discípulos, aqui neste Evangelho, revelam a experiência de toda pessoa - acreditamos em Jesus, queremos seguir a sua pessoa e o seu projeto, mas a vida se encarrega de demonstrar como é fraca a nossa fé - quantas caídas, traições, incoerências, recaídas!... Jesus, na sua resposta, enfatiza tanto a necessidade da fé quanto da sua força. Podemos nos perguntar, à luz deste Evangelho, que força tem a fé em nossa vida? A comparação que Jesus faz nos assusta e nos leva a pensar que a fé que temos é nada diante da fé que o Mestre nos propõe. Jesus, com suas palavras coloca em crise a nossa fé, pouca ou grande, mas como conseguiremos tamanho prodígio tal como dizer a árvore saia daqui e vá pra outro lugar? E olha que Jesus diz que uma fé do tamanho de um grão de mostarda, isto é, do tamanho da menor semente, já seria suficiente. É interessante que este trecho de Lucas não revela qual teria sido a razão dos discípulos fazerem aquela pergunta a Jesus, mas o mais interessante é que se olharmos o texto precedente a este, veremos que fala do perdão ao irmão que se arrepende, será justamente esta atitude que faz com que eles peçam que a fé aumente? É provável, principalmente quando se tem que perdoar o próximo que nos magoa constantemente, as vezes, nestas situações, a paciência e o amor enfraquecem, por isso é necessário muita fé. As leituras deste domingo são um convite a reconhecermos nossa pequenez e a acolhermos com gratidão os dons que nos vem de Deus e, juntamente com a vida, a fé é o maior de todos os dons. Se a fé está em nós como um dom, então ela será sempre grande e forte, ou melhor, do tamanho justo, porque nos vem do Criador.
ORAÇÃO
Livra-me, Senhor, de cada atitude que eu possa ter de arrogância. Reveste-me com tua misericórdia. Dá-me um futuro pleno de graça e de luz e um incondicional amor pela vida. Senhor, faça-me forte com minha fé. Amém.
AGIR
Tente fazer alguns instantes de silêncio, um silêncio um pouco mais profundo, para escutar o que a voz de Deus fala ao seu ouvido.
Pe. Adilson Schio, ms
Pe. Adilson Schio Ms
Reitor do Santuário
Acompanhe conosco a Liturgia dominical comentada pelo nosso reitor.
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