humildade a palavra” (2ª Leitura, v. 21) e “praticar a Palavra” na assistência e na solidariedade daqueles que mais precisam (v. 22). Paulo chega a afirmar que está é, perante Deus, a verdadeira prática religiosa. Esta mensagem é completada pelo Evangelho onde Jesus demonstra sua total oposição aos fariseus e escribas porque eles se distanciaram do senso mais profundo da lei, valorizando pura e simplesmente o legalismo e a formalidade. MEDITAÇÃO O Evangelho de hoje nos apresenta duas questões importantes em que há uma ligação muito próxima entre elas. A primeira questão vem do confronto claro entre Jesus e os escribas e fariseus. Tal confronto não é feito sobre o valor da lei, mas sim sobre a sua interpretação e principalmente sobre a prática que deriva dos preceitos humanos e também religiosos. Não nos esqueçamos que a prática religiosa do judaísmo no tempo de Jesus estava centrada sob os conceitos de “puro” e “impuro”. A partir desta visão e deste agir, Jesus faz todos verem a outra questão que é justamente o como e com que profundidade se honra, se ama e se serve a Deus na relação pessoal que deve existir entre aquele que crê e aqueles que são os amados de Deus. “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Is 29,13). Jesus, ao retomar esta passagem do Livro do Profeta Isaías, faz emergir no seu confronto com os fariseus e escribas, a sua visão de como praticar a lei. Jesus não é contra a lei. Ele as seguia. Porém na justa medida e na verdadeira prática para o bem do próximo. Os fariseus e os escribas representam no Evangelho de Marcos a figura do homem religioso que existe também em nós. Muitas vezes nos deixamos levar pelo legalismo, pelo formalismo e pela exterioridade, fazendo da oração e da fé um peso e uma obrigação condenatória, muito mais do que uma verdadeira experiência do Deus da paz, do perdão, da misericórdia e do amor que promove, edifica e fortalece. A beleza e a profundidade das palavras de Jesus neste Domingo indicam a nós hoje, que somente uma intensa e verdadeira “espiritualidade”, que Jesus a identifica como aquela que “vem do coração que está perto de Deus” (cf. Evangelho, v. 6), pode fazer agradáveis a Deus, o nosso pensar e o nosso agir. Para aqueles que se diziam grandes entendedores de como servir a Deus (os fariseus e os escribas), Jesus não tem meias palavras para dizer: “Vocês honram a Deus somente com os lábios” (Evangelho, v. 6). Jesus nos mostra que a espiritualidade é a vivência da fé nas condições e nas ações práticas da vida cotidiana. Neste sentido Ele nos mostra que ela não é só uma atitude a ser vivida dentro das quatro paredes de uma igreja, mas abrange as dimensões individual, familiar, comunitária e social. Jesus, pelas palavras firmes do Evangelho de hoje, recupera a visão dos profetas do Antigo Testamento que sempre exortaram ao povo para viver a prática da justiça e da vontade de Deus como primeira ação que pode nos aproximar Dele. Pois de verdade a “impureza” de que fala a lei, são “as más intenções, a imoralidade, os roubos, os crimes, os adultérios, as ambições sem limites, a maldade, a malícia, a devassidão, a inveja, a calúnia, o orgulho e a falta de juízo” (Evangelho, v. 21). É isso que nos afasta de Deus e tudo isso muitas vezes vem de dentro de nós, simplesmente porque não temos Deus no coração. Para terminarmos a nossa meditação deste 22º Domingo do Tempo Comum, é bom refletir neste versículo que São João escreveu na sua Primeira Carta: “O amor de Deus se realiza de fato em quem observa verdadeiramente a Palavra de Jesus” (1Jo 2,5). ORAÇÃO Salmo 14: Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo? Aquele que caminha sem pecado, pratica a justiça fielmente e que pensa a verdade no seu íntimo. AGIR Reflita: sua prática religiosa é de exterioridade ou vem da presença de Deus em seu coração? Pe. Adilson Schio, ms
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como portadora do espírito de vida e da graça do Pai. No Antigo Testamento, o povo descendente de Abraão, reúne-se em Siquém e reconhece de ter sido libertado do “peso dos outros deuses”, graças a ação prodigiosa de Deus em seu favor e que por isso todo o povo deve empenhar-se em “servir o Senhor, nosso Deus, ele mesmo é quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra da escravidão. Foi ele quem realizou grandes prodígios diante de nossos olhos” (1ª Leitura, v. 17). A declaração do povo reunido diante de seu Deus é um chamado à integridade da fé e à fidelidade na confiança. No Novo Testamento a fé na presença “eucarística-pão descido do céu” se demonstra ainda mais exigente. Os próprios discípulos consideram por demais dura a palavra de Jesus, a ponto de muitos voltarem atrás e não seguirem mais o Mestre (Evangelho, v. 66). Mas é Pedro que reconhece a origem de toda a fidelidade a Cristo que o seguimento exige: “Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus...” (Evangelho, v. 69). A quem então ir, senão na direção do Cristo, o Filho do Deus vivo? São Paulo vê no amor dos esposos cristãos o reflexo do amor de Cristo por toda a sua Igreja. O amor de Cristo é pleno e total, é um amor que purifica e engrandece: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. Ele quis assim torná-la santa...” (2ª Leitura, v. 25s). MEDITAÇÃO A antífona da aclamação do Evangelho da missa de um dos dias desta semana fala justamente da força e da profundidade da ação da Palavra de Deus. Pois é esta ação que aos ouvidos de alguns discípulos e porque não dizer, a muitos de nós hoje, nos parece dura para ser ouvida e mais ainda para ser seguida. Aquela antífona dizia, fazendo menção a uma passagem da Carta de São Paulo aos Hebreus: “a Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada; ela penetra até o ponto onde a alma e o espírito se encontram... Ela sonda os sentimentos e os pensamentos mais íntimos do coração. Não existe criatura que possa esconder-se de Deus” (cf. Hb 4,12). Pois estas três ou quatro linhas, tendo como tema central a Palavra de Deus, nos dão a razão da desilusão de alguns que escutavam Jesus. O Evangelho de hoje é o texto conclusivo do discurso sobre o Pão da Vida. Tema que nos últimos domingos tem dominado a Liturgia da Palavra. Hoje vemos o quanto fica claro no Evangelho de João que diante de Jesus e de suas palavras, aqueles que o ouvem, precisam fazer uma decisão radical. Os versículos do Evangelho deste domingo não escondem o fato de que nem todos conseguem optar por Jesus. A referência feita no início do texto dizendo que “depois de terem ouvido isso”, demostra que a dificuldade nasce justamente a partir de algum ensinamento de Jesus. João, no seu jeito único de contar os fatos da vida de Jesus, não nos diz claramente qual foi este tal ensinamento que “assustou” e afastou alguns dos que estavam ali. Terá sido a questão do dar a vida, como pão que alimenta? Terá sido a força que deve ter o amor em cada um, a tal ponto de entregar-se radicalmente? Terá sido a necessária conversão que faz brotar a vida plena de Deus em nós? Enfim, a palavra de Jesus não é feita de meias frases, ela é concreta e comprometedora. O que é claro no Evangelho de hoje é que este texto é dirigido aos discípulos de Jesus, e alguns deles, diante desta necessidade de escolher a vida como um dom a ser doado, deixam de fazer parte do grupo do Mestre. É interessante percebermos qual foi a reação de Jesus a esse abandono. Notemos que ele não volta atrás, ele não diminui a verdade e a profundidade daquilo que ele diz, ele não se preocupa em ficar somente com alguns. Para Jesus não é no número que está o valor, mas sim a fidelidade ao Pai e aos seus planos de amor. Jesus na sua serenidade olha para aqueles que ele mesmo chamou e os faz encontrarem-se com a própria escolha pessoal de radicalidade: “Vocês também querem ir embora?” (v. 67). Em última análise, a vida nova que Jesus propõe é um dom de Deus, oferecido a todos (v. 65). O que é preciso fazer para poder possuir esta vida nova? É no encontro com Jesus, aderir plenamente à sua palavra e ao seu projeto. Se não estivermos abertos à ação do Pai, não estaremos prontos para integrar a comunidade dos que seguem Jesus. É então pela voz de Pedro que todos reconhecem que somente no caminho proposto por Jesus se pode encontrar vida definitiva: “Só tu tens palavras de vida!” (v. 68). A liturgia deste 21º Domingo do Tempo Comum nos fala, portanto, de opções, de escolhas por valores eternos que nos conduzem à vida definitiva em Deus. Cada um de nós, dia após dia, precisa fazer a sua escolha. Tomara que ela seja sempre por Jesus, por causa das suas palavras de vida eterna. ORAÇÃO Salmo 33: Provai e vede quão suave é o Senhor. AGIR Repita em oração a profissão de fé de Pedro: “A quem iremos nós Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna”. Pe. Adilson Schio, ms
A maneira de expressar esta confiança é feita de frases simples e profundamente carregadas de certeza: “A minha alma engrandece o Senhor. E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva” (Evangelho, vs. 46-48). A Primeira Leitura, do Livro do Apocalipse, nos conta da mulher que aparece no céu, cheia de luz - “vestida de sol” (v. 12) - como um sinal. É a imagem do Povo de Deus, igreja reunida em torno da Palavra, na mais profunda confiança de que chegou a hora do “templo da arca da aliança se abrir” (v. 19a). Da Carta de Paulo aos Coríntios, Segunda Leitura, temos uma bela reflexão do Apóstolo sobre a ressurreição de Cristo e a ressurreição dos que acreditam no Cristo. Maria, com a sua Assunção ao céu, já está associada à glória do Pai, plenamente realizada na ressurreição do Filho. MEDITAÇÃO No Evangelho de hoje temos contada a beleza da história do encontro entre duas mulheres simples do povo. Uma (Isabel) louva a grandeza da outra (Maria), que se vê pequena diante do grande mistério que toma conta de sua vida: o mistério de Deus que a faz escolhida para ser a mãe do Salvador. Neste encontro está também o sentido mais profundo do que celebramos neste dia. Poderíamos sintetizar a razão da Festa Litúrgica da Assunção de Nossa Senhora nesta frase: Maria, mãe do Filho de Deus, por ter acreditado na Palavra do seu Senhor, faz-se modelo no amor ao próximo (Ela visita Isabel) e na confiança nas promessas Daquele que a escolheu pela sua humildade e por sua pequenez (Ela canta a sua oração ao Deus que não se esquece dos pobres e humildes desta terra). A Assunção de Nossa Senhora é a antecipação do destino ao qual Deus chama a todos nós, seus filhos. Deus nos quer todos no céu. É justamente a isso que se refere a visão que nos é contada no Apocalipse: uma mulher vestida de sol (cheia de luz), é vitoriosa sobre o mal representado pelo dragão que mata e devora. Maria se faz representante e ao mesmo tempo caminho para a Igreja peregrina que somos todos nós. Na nossa humildade e na nossa pobreza, Deus também realiza grandes coisas (cf. Evangelho, v. 48). Porém mais ainda do que somente modelo, Maria é para nós, povo de Deus, um sinal claro e evidente de como a nossa peregrinação aqui neste mundo deve estar voltada para a “meta final” que é viver plenamente no Cristo ressuscitado (2ª Leitura, v. 22). A mesma saudação que Isabel fez à Mãe do Salvador deve ser a nossa prece especial neste dia: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre... Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Evangelho, v. 42 e 45). Em Maria assunta ao céu somos convidados por Deus a guardar no coração a certeza de sermos pessoas amadas por Ele para todo o sempre, destinadas, na profundidade e na certeza da nossa fé, a participarmos da sua glória. Na celebração de hoje, Maria nos mostra como podemos chegar a ser plenamente de Deus, sem que esqueçamos de nossos irmãos e irmãs: é preciso escutar como Ela escutou, crer como Ela creu, confiar como Ela confiou na Palavra de Deus e nas suas promessas. Como nos recorda a última frase da 1ª Leitura da missa de hoje: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo”. Olhando o exemplo de Maria podemos dizer que a razão de tudo está na perseverança na fé. Sem a perseverança nada venceremos. A partir da perseverança venceremos com Deus que nunca se esquece de suas promessas pois “O seu nome é santo e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam” (Evangelho, v. 49s). ORAÇÃO Salmo 44: À vossa direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir. AGIR Encontre um tempo nesta semana para você ir até uma Igreja e rezar o Terço com Nossa Senhora Pe. Adilson Schio, ms
ponto de murmurar contra Ele, pelo fato de Jesus dizer que havia descido do céu e de oferecer seu corpo como alimento. “Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá” (Evangelho, v. 50). Diante desta verdade proclamada por Jesus, o nosso entendimento humano fica pequeno para compreender tamanha dimensão de entrega e amor, mas é a fé que ilumina este mistério. É na fé que entendemos o que Jesus diz da parte do Pai. Na força da fé o cristão se nutre realmente do Cristo, pão de vida, e pode caminhar com confiança para Deus (1ª Leitura) e assim experimentar a alegria de bendizer ao Senhor e celebrá-lo em todos os tempos (cf. Salmo Responsorial). MEDITAÇÃO A nossa meditação de hoje inicia com o encontro com uma frase do Evangelho: “Quem crê, possui a vida eterna” (v. 47). Bem sabemos que nos caminhos que percorremos em nossa vida, acontecem momentos de dificuldades e de alegrias. O importante é que, marcados pela fé, tenhamos sempre a certeza que em todos os momentos, sejam como eles forem, nós precisamos da presença viva do Cristo em nós. Mas o que se pode chamar de presença viva? O Evangelho de hoje nos dá uma mostra clara e evidente de que esta presença é feita de encontro, de confiança, de aceitação, de seguimento e de reconhecimento de que Deus pode fazer do pequeno, do pobre, do humilde, ou de um simples “filho de José, que tem pai e mãe conhecidos” (cf v. 43), Deus pode fazer deste um Messias, um enviado do céu para trazer à terra o anúncio da salvação e do Reino. O início do Evangelho de hoje nos questiona no sentido de como reconhecemos a força do Pai no Cristo. Por vezes achamos que Jesus é uma espécie de “marionete” do Pai; por vezes temos o Cristo como alguém que tinha tudo em sua vida já predestinado pelo Pai, e ainda por vezes pensamos no Cristo com um aspecto puramente divino ou então puramente humano. Mas São João, no Evangelho de hoje, nos mostra que a origem do Cristo é aquela da vontade do Pai e o Cristo realiza plenamente a vontade do Pai porque veio do Pai, “descido do céu” (v. 51), para dar “vida ao mundo” (v. 51). Para São João não há nada mais potente que pode nos trazer a vida, do que crer no Cristo e na sua união com o Pai. O Evangelho de hoje é uma grata revelação no sentido de que nos diz que o “pão celestial”, que nos nutre para esta vida e para a vida eterna, é a revelação de Deus na ação de Jesus Cristo e no seu ensinamento sobre a lei, o amor fraterno e o Reino. A liturgia deste 19º Domingo do Tempo Comum nos dá a certeza, uma vez mais, como nos domingos anteriores, de que Deus olha pelo seu povo e oferece a todos o “pão” da vida plena e definitiva. Assim Jesus respondeu aos murmúrios daqueles que não o compreendiam: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai, e eu o ressuscitarei no último dia” (v. 44). Cristo é o nosso caminho de vida. Se retomarmos a Carta escrita por São Paulo, quase no final de sua vida, aos Efésios (2ª Leitura), veremos que é uma carta onde Paulo expõe aos cristãos, de forma serena e aprofundada, as principais exigências da vida nova em Cristo. Ele diz que vida em Cristo significa pautar toda a nossa vida em atitudes de bondade, de compaixão, de perdão e de amor, tendo Cristo como modelo de vida (2ª Leitura, v. 32). O fundamento de tudo, segundo Paulo, está no fato de todos os que creem serem “filhos bem amados por Deus”, por isso devem imitar em suas vidas a perfeição, a bondade e o mesmo amor que Deus tem por nós (cf. 2ª Leitura 5,1). Eis aí o que é possuir a vida eterna. ORAÇÃO Salmo 33: Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor, que ouçam os humildes e se alegrem. AGIR Busque o Salmo 33 na sua Bíblia e reze-o, louvando a Deus com todo o seu coração. Pe. Adilson Schio, ms
A nós parece ser difícil pensar na possibilidade do provisório, do inserto, daquilo que não podemos dizer que haveremos possibilidade de possuir, mesmo quando esta certeza nos vem das promessas de Deus, isto é, da confiança e da fé nos Planos do Pai. Diante das situações de incerteza até a fé se torna fraca. O povo de Israel se queixa de Moisés e Arão, em pleno deserto, por medo de não terem o que comer: “Por que nos trouxestes a este deserto para matar de fome toda esta gente?” (1ª Leitura, v. 3). Hoje, é a 2ª Leitura que pode nos oferecer um contra ponto para nossa reflexão sobre este aspecto: “despojai-vos do homem velho... e renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade. Revesti-vos do homem novo, criado a imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” (2ª Leitura, v 23s). O Evangelho nos mostra, pelas palavras duras de Jesus, que aqueles que O escutavam e lhe pediam insistentemente novos prodígios, são a imagem daqueles que tem medo de uma opção de fé que os possa exigir sofrimento e renúncia. MEDITAÇÃO Na Liturgia da Palavra de Domingo passado, João nos contou como Jesus alimentou uma multidão de pessoas com cinco pães e dois peixes. Recordemos que este fato aconteceu na “outra margem do Lago de Tiberíades” (cf. Jo 6,1-15). O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta está situado em Cafarnaum e no “dia seguinte” àquele da multiplicação dos pães e dos peixes. Este detalhe é importante pois o início do Evangelho diz que a “multidão viu que Jesus não estava ali, nem os seus discípulos” (v. 24) e foi à sua procura até encontrá-lo na Sinagoga em Cafarnaum. Esta atitude do povo em querer seguir Jesus pode nos revelar o “sucesso” de sua pregação e do como o povo o seguia em função daquilo que Ele dizia. Aparentemente a missão de Jesus estava surtindo efeito, porém Jesus percebe facilmente que a multidão está um tanto quanto equivocada e que O procura não pelas razões mais profundas. Na verdade a multiplicação dos pães e dos peixes pretendeu ser, da parte de Jesus, um ensinamento sobre o amor, a partilha e o serviço, mas parece que a multidão que participou daquele “sinal” (o Evangelista João não usa a palavra “milagre”, mas sim “sinal”, para dizer que Jesus vai nos dando sinais que devemos interpretar na sua mais profunda verdade), aquela multidão não foi sensível a este significado que Jesus quis dar à multiplicação e simplesmente ficou nas aparências daquilo que Ele realizou. Ao “buscar” Jesus e ir ao seu encontro, não significa que o povo tenha aderido à sua proposta, significa apenas que viu em Jesus um modo fácil de resolver os seus problemas mais eminentes. Este Evangelho deve nos fazer refletir numa pergunta muito importante para a nossa experiência de fé: por que buscamos Jesus? Ou então: por que queremos tê-lo conosco? Ou ainda, quais as razões verdadeiras que nos fazem querer ser de Jesus? As respostas que daremos a estas perguntas devem vir da nossa experiência de um encontro pessoal e verdadeiro com o Mestre, pois, não existe outro caminho para o Pai, senão o caminho de Jesus e com Ele. Jesus é a razão da nossa vida de fé e por isso se torna o “pão, alimento de vida eterna” (cf. v. 35). Aos que o seguem, Jesus pede que aceitem esse “pão”, isto é, que escutem as suas palavras, que as acolham com o coração, que vivam os valores do Reino e que jamais deixem de anunciar a boa nova de que Deus está sempre empenhado em oferecer um alimento que dá vida eterna e definitiva a todos. A última frase do texto do Evangelho deste Domingo nos mostra que Jesus não é mais o portador do pão, tal como Moisés o foi no Antigo Testamento, mas Ele é o próprio pão que Deus quer oferecer ao seu povo para lhe saciar a fome de vida (v. 35). Para que Jesus seja o nosso alimento, é preciso que façamos também da nossa vida um dom total de amor aos irmãos, tal como Ele fez quando esteve entre nós. Jesus é o grande alimento da nossa fé. Sem ele não há esperança. Sem ele estamos longe de Deus. ORAÇÃO Salmo 77: Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos e nos transmitiram os nossos pais, nós haveremos de contar a nossos filhos. Para as novas gerações cantaremos as grandezas do Senhor. AGIR Lembre-se: a Eucaristia é o alimento da vida cristã. É o Cristo que se dá inteiramente a cada um. Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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