<![CDATA[Santuário Salete Caldas Novas - LITURGIA COMENTADA]]>Sun, 12 May 2024 21:04:37 -0300Weebly<![CDATA[Domingo de Pentecostes]]>Sun, 28 May 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/domingo-de-pentecostes5901266

POR MEIO DO ESPÍRITO SANTO DEUS FEZ DE NÓS A SUA CASA.

LEITURA
Com o envio do Espírito Santo sobre os Apóstolos celebramos o Domingo de Pentecostes e com esta festa celebramos também o início da missão e o nascimento da Igreja. Encerra-se hoje o Tempo Pascal. A Sequência, isto é, o hino que se proclama antes da aclamação do Evangelho da missa deste
domingo, nos dá a verdadeira profundidade e espiritualidade desta festa. Vale a pena meditar neste texto antes de refletirmos as Leituras e o Evangelho: “-Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz! - Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons. - Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde! - No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem. ​- Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele. - Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente. - Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei. - Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons - Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna! - Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!
 
MEDITAÇÃO
Na mesma liturgia temos dois Pentecostes. O primeiro é aquele vivido pelos Apóstolos na pequena comunidade presente no Cenáculo “na noite daquele dia, o primeiro da semana” (Evangelho). O segundo é aquele descrito por Lucas nos Atos dos Apóstolos, que acontece na manhã de uma das grandes festas da tradição hebraica, em que os Apóstolos estão provavelmente no pátio do Templo. Na verdade, neste domingo se dá o pleno cumprimento do dia da Páscoa. Celebramos o “vento e o fogo” da ressurreição de Jesus como promessa de vida e fonte de esperança para todas as criaturas. O simbolismo do vento e do fogo evoca o mistério da vida que, para ser forte precisa do mesmo movimento e do mesmo dinamismo de uma chama que se nutre de seu combustível e que precisa da brisa de um pouco de vento para manter-se acesa. Estes dois símbolos nos recordam que o dom do Espírito Santo não é somente o “primeiro dom aos que creem”, mas é a fonte perene de coragem na fé. Por isso o Apóstolo Paulo diz com clareza que “um só é o Espírito, pois é o mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos” (2ª Leitura). Muito interessante é perceber que quando Jesus se apresenta aos seus Discípulos, Ele lhes deseja duas coisas: a paz como um dom que pode fazê-los vencer o medo; e a confiança na sua plenitude. Confiança que Ele, Jesus, tinha neles, pois “assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Paz e confiança que vem com o sopro de Jesus, sopro de vida que traz consigo o amor que reconcilia. Jesus dá aos Apóstolos nada menos que o Espírito Consolador, aquele que os faz capazes de “perdoar os pecados” porque os faz capazes de amar com a mesma misericórdia que Jesus amou. É a vida ressuscitada de Jesus que agora é “transmitida” àqueles que continuarão a anunciar para todos os povos as maravilhas de Deus (1ª Leitura). Naquele dia de Pentecostes a Igreja se tornou capaz de sair, de deixar o pequeno lugar onde estava para ser animadora da esperança e anunciadora da alegria para toda a humanidade. Nossa vida de igreja hoje tem sua raiz e sua razão justamente naquele dia de Pentecostes. Pois o Espírito prometido por Jesus é aquele que veio para os Apóstolos, mas é também aquele que ficará para sempre em nós. “Para sempre” aqui não indica somente a duração de um tempo cronológico, mas quer dizer em todas as situações. A liturgia de hoje nos diz que o Espírito ficará conosco também quando nos distanciamos de Deus, pois o Espírito de Deus nos faz livres do medo de sermos verdadeiramente seus filhos na construção do Reino da paz. O anúncio do Evangelho se torna, à luz de Pentecostes, uma proposta de vida que se vive na escuta e na busca sincera da verdade. É o Espírito Santo que, como dom de Deus, transforma nossa tristeza em perfeita alegria pois somos membros do mesmo corpo de Cristo. Que a certeza do Espírito em nós nos faça dizer hoje e sempre como disse o Salmista do Salmo Responsorial deste domingo de Pentecostes: “Que a gloria do Senhor perdure para sempre e alegre-se o Senhor em suas obras! Hoje seja-lhe agradável o meu canto, pois o Senhor é a minha grande alegria!”
 
ORAÇÃO
(refrão de uma antiga canção) - Vem, ó Espírito de Deus, vem amigo, vem inflamar meu coração, vem fazer da minha vida uma luz pro meu irmão. Vem, ó Espírito de Deus, vem amigo, vem infundir sabedoria, transformar a minha vida converter meu coração. Amém.
 
AGIR
Abra-se para acolher na sua vida e na sua comunidade o Espírito Santo de Deus.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[Domingo da Ascensão do Senhor]]>Sun, 21 May 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/domingo-da-ascensao-do-senhor

SUBIU AOS CÉUS PARA NOS DAR A CERTEZA DA GLÓRIA.

LEITURA
Com a celebração litúrgica da Ascensão do Senhor temos um significado profundo para a espiritualidade do seguimento de Jesus, mas também temos aí um importante momento de conscientização da missão evangelizadora da Igreja na perspectiva da construção do Reino de Deus. Com a Ascensão celebramos o final da missão terrena de Jesus e o início da missão da Igreja, comunidade daqueles que permaneceram fieis a Cristo , “cabeça da Igreja”, não obstante as dificuldades, como diz São Paulo na Carta aos 
Efésios (2ª Leitura). Na Primeira Leitura, Lucas, sempre fiel ao seu propósito de fazer do Cristo o centro da história, inicia seu segundo livro (Atos dos Apóstolos) dizendo da despedida do Cristo em Jerusalém. No Evangelho, Mateus, sempre fiel em mostrar o Cristo nas suas raízes como o “Emanuel”, o Deus sempre conosco, encerra o seu Evangelho lá onde tudo começou, na Galileia, foi ali que Jesus reuniu os seus apóstolos e a partir dali que eles devem recomeçar.
  
MEDITAÇÃO
A Galileia tem um lugar especial no Evangelho de Mateus. Além de dizer que Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas (Mt 4,23), Mateus diz também que é para onde Jesus vai depois que ficou sabendo da morte de João Batista, portanto é deste lugar que Ele parte para chamar os seus discípulos e começar a sua vida pública. Mateus procura mostrar como na pessoa e na obra de Jesus se cumpriram as Escrituras que falavam profeticamente da vinda de um Messias. É para a Galileia onde Jesus orienta que os discípulos devem ir para se encontrar com Ele após lhes aparecer ressuscitado e é lá que Jesus garante a sua presença a todos, todos os dias e por todas as partes. Na última frase do seu Evangelho, Mateus escreve essa bela e esperançosa frase de Jesus que temos no Evangelho deste domingo: “Eis que estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Galileia é mais do que simplesmente um lugar geográfico, é o lugar da missão de Jesus, onde ele anunciou com esperança a proximidade do Reino de Deus àqueles que não tinham mais esperança. Mateus diz ainda, que “os onze foram para a Galileia, ao monte indicado por Jesus”. Uma referência não só ao monte onde Jesus venceu as tentações (Mt 4,8-10), mas também ao monte da Transfiguração (Mt 17,1-6), e principalmente ao monte das “Bem-aventuranças” (Mt 5,1-12), onde Jesus anunciou a todos o seu programa e as suas opções ao dizer a todos quem são os escolhidos do Pai. Voltar para a Galileia é voltar para a prática de Jesus. É fazer daqueles que Jesus amava e por quem Ele deu a vida, os bem-aventurados também da missão evangelizadora da comunidade cristã. Quem quiser encontrar-se com Jesus deve assumir o seguimento na prática das suas ações, na acolhida em sua vida da vontade do Pai e no anúncio corajoso de tudo o que Jesus ensinou, fazendo discípulos, isto é, seguidores, confirmados na missão pelo batismo na força viva da Trindade, ou seja, como totalmente consagrados e dedicados à missão. Como rezamos no Prefácio da Missa deste domingo, a Ascensão de Jesus ao céu não é um afastamento de nossa humanidade, “mas para dar-nos a plena certeza de que ele nos conduzirá à glória da imortalidade”. Santo Agostinho expressa bem numa frase esta verdade rezada hoje, ele diz sobre a Ascensão do Senhor: “Jesus não abandonou o céu quando veio até nós e não nos abandonou na terra quando voltou para o céu”. Interessante que o Evangelho de hoje tem uma pequena particularidade muito significativa. Mateus diz que os discípulos, ao verem Jesus, se prostraram. Uma bela atitude que indica reconhecimento ao Mestre e ao mesmo tempo adoração àquele que é vencedor da morte pela sua fidelidade a Deus. Neste Domingo, nesta celebração, e já nos preparando para o Domingo de Pentecostes, a nossa prece deve conter em si a certeza daquilo que ouvimos proclamado nos versículos 17 e 18 da Segunda Leitura: “Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, lhes dê um espírito de sabedoria que faça vocês o conhecerem profundamente. Que Ele ilumine os olhos do vosso coração para que vocês compreendam a esperança para a qual Ele vos chamou”.
 
ORAÇÃO
Senhor Jesus Cristo, vós satisfazeis o mais profundo de nossos corações e nos alimentais com o mais precioso alimento. Derramai vossas bênçãos sobre nós e dai-nos um coração generoso para que nós possamos livremente partilhar com nossos irmãos o que de vós recebemos. Amém.
 
AGIR
Ao ir à missa, lembre-se de ficar um pouco mais de joelhos diante do Senhor.
​Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[2º Domingo da Páscoa]]>Sun, 16 Apr 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/2-domingo-da-pascoa4082588

O SOPRO DO ESPÍRITO FORTALECE A COMUM UNIDADE.

LEITURA
A Primeira Leitura deste domingo é o relato de uma experiência verdadeiramente cristã da força que vem da união de todos após a morte de Jesus. Ela descreve a Comunidade cristã de Jerusalém. Uma comunidade muito diferente das experiências daquele tempo pois é reconhecida como uma “comunidade de irmãos” perseve-rantes na catequese (ensino dos Apóstolos), na caridade (partilha dos bens) e na liturgia
(celebrações, oração e fração do pão). A comunidade da ressurreição é aquela que nasce nas casas, se fortalece na memória do ressuscitado pelo ensinamento que vem da experiência vivida com Jesus e passa pelo pão que é repartido. ​A Segunda Leitura, tirada da Primeira Carta de São Pedro, uma carta cujo centro da reflexão está em propor a fraternidade como aquilo que fortalece a vida cristã e que poderá unir todos na “casa de Deus”, apresenta neste trecho o Batismo (vida nova) como a nossa identificação com o Cristo e a razão da nossa entrega aos irmãos. No Evangelho, Jesus, vivo e ressuscitado, vem e se coloca no meio da comunidade ainda fechada em si pelo medo. Em torno do Cristo que anuncia a paz, a comunidade se anima e é enviada.
 
MEDITAÇÃO
A vida em Comunidade, ou melhor, a nova comunidade cristã, é apresentada na Liturgia deste domingo como uma comunidade reunida em torno de Jesus ressuscitado. Em meio à alegria pascal ainda presente nas orações litúrgicas, a “nova comunidade” (Igreja) é aquela que nasce da Cruz e da Ressurreição, com a missão de mostrar ao mundo a vida nova que é revelada pela vitória de Jesus sobre a morte. Assim podemos dizer que a ressurreição de Jesus é, na verdade, a razão da missão da Igreja. A primeira palavra de Jesus após a ressurreição é um oferecimento de paz: “A paz esteja convosco”. No Evangelho Jesus repete esta expressão dando um significado muito profundo para o momento de medo e de desesperança ainda presente no pensamento dos Apóstolos. A paz que Jesus oferece é a paz total, o Shalom, isto é, a paz que deseja que todo bem esteja com o outro. A paz que Jesus oferece não é a paz do comodismo, somente de sensação, mas é realmente o desejo de que tudo aconteça no bem, para o bem de todos. Tomado no seu significado, Shalom expressa o desejo positivo mais profundo que podemos ter em relação a uma pessoa. Em palavras simples, diríamos que o Shalom é o que temos de mais bonito em nós e que desejamos aos outros. Esta é a paz que Jesus oferece aos discípulos e para a qual os convoca, soprando sobre eles o Espírito. O Evangelho nos diz que a Comunidade que nasce deste “sopro” de Jesus é uma comunidade fortalecida na missão e que dá testemunho, provocando admiração e reconhecimento de todos, atraindo assim novos membros. Essa comunidade descrita por Lucas na leitura dos Atos dos Apóstolos e por João no Evangelho pode ser o exemplo de uma comunidade ideal, mas este fato tem por objetivo nos recordar hoje daquilo que fundamental para toda comunidade cristã: ser uma comunidade de irmãos, reunida em torno do Cristo ressuscitado, animada pelo Espírito, que vive a missão de testemunhar na história a ação de Deus por seu povo. Podemos afirmar que em nossa comunidade estes elementos estão presentes? Nossa caminhada de Povo de Deus deve sempre ser pelos caminhos da missão, da busca da justiça e na construção da solidariedade pois é Deus que nos “faz nascer de novo, para uma esperança nova”. É na comunidade que nós encontramos a certeza de que Jesus está vivo. Quem não participa da comunidade não se encontra com a saudação de Jesus, não sente em si a alegria da Páscoa e da paz, nem recebe a graça e o dom do Espírito Santo. “Felizes aqueles que acreditaram sem ter visto” diz Jesus a Tomé, o ausente. Este é o apelo que vem da fé na ressurreição: acreditar contra todas as aparências de que a vida vence a morte. E tudo acontece, diz o Evangelho, no primeiro dia da semana, lembrando o Domingo, dia do encontro com o Senhor, onde somos convidados a celebrar a memória de Jesus e a partilhar do seu corpo e do seu sangue. E assim, vivendo a comunidade, quando nos encontrarmos com o próprio Jesus, poderemos dizer com toda a convicção da nossa fé: “Meu Senhor e meu Deus” tu és minha vida.
 
ORAÇÃO
Espírito Santo, vento de amor, coloca asas nos meus sonhos e reaviva a minha esperança para que eu possa voar livre na alegria e na caridade. Amém.
 
AGIR
Ofereça a tua palavra de paz a mais pessoas do que normalmente você oferece.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[Domingo de Páscoa]]>Sun, 09 Apr 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/2400688

SÓ COM AMOR É POSÍVEL VER.

LEITURA
É Páscoa. Deste Domingo da Ressurreição até o Domingo de Pentecostes serão 50 dias. Neste tempo se celebra com jubilo e alegria como se tudo fosse um só dia de festa, como se fosse um “grande domingo”. Neste tempo se recorre a temas como a vida nova que surge com a ressurreição de Jesus; o batismo como comunhão com a morte e ressurreição do Senhor; o Espírito Santo como princípio de unidade e de força na comunidade que nasce para fazer a memória do Ressuscitado. Hoje na Primeira Leitura temos o testemunho de Pedro na casa de Cornélio, que explica-lhe o essencial da fé e o batiza. O texto representa o primeiro ensinamento (kerigma-catequese) da comunidade primitiva e tem a sua centralidade na verdade de que a vida nova
nasce de Jesus. A Segunda Leitura relata o testemunho de Paulo que diz ser o batismo a forma de estarmos em comunhão com o Cristo Ressuscitado, e que deste batismo deriva algumas exigências que se tornam testemunho pelas obras que os batizados realizam. ​O Evangelho descreve a atitude da Comunidade dos seguidores e das seguidoras de Jesus diante da ressurreição.  
 
MEDITAÇÃO
Hoje renasce o canto da Beleza do Amor, a vida se faz vitoriosa contra cada lógica de morte que percebemos no mundo. Como diz a Sequência que se proclama antes da aclamação do Evangelho: “O Senhor da vida estava morto, mas agora, vivo, triunfa”. Páscoa é um chamado a reerguer-se na certeza de que a esperança da vida se renova também em nós, no nosso coração e por meio de nós, na vida da comunidade cristã. Na Páscoa vemos esperança que só o amor é capaz de ver. A vida venceu e Jesus Ressuscitado é luz para todos. O Evangelho é de uma beleza literária interessante e também tem um belo conteúdo de espiritualidade a partir das atitudes dos seus diversos personagens. Maria Madalena, Pedro e o Discípulo Amado correm em direção ao túmulo de Jesus porque eles precisam de luz. Eles não esperam pela ressurreição. A cruz era o fim da esperança, a desilusão jamais esperada. E tudo isso estava acontecendo pela traição de um dos Doze. Não é difícil de imaginar que o ambiente entre os mais próximos de Jesus, na manhã daquele domingo, não era nada agradável e a “escuridão” com relação às novas perspectivas teimava em não se dissipar. É ai que chega Maria e as mulheres com a notícia de que o túmulo estava vazio. É bela a expressão contida nos relatos dos Evangelhos que diz que não devemos procurar entre os mortos aquele que está vivo. Nossa fé na ressurreição não se fundamenta no túmulo vazio pois lá restam apenas as “faixas de linho no chão”, nossa fé tem sua razão nos caminhos que levam à vida e para os quais Cristo nos convoca como comunidade dos que acreditam na vitória da cruz. Qual a nossa atitude diante da Ressurreição? Confusão, angústia, medo, incerteza, dúvida... As mulheres vão ao sepulcro e ficam confusas. Pedro e João vão ao sepulcro e são capazes de ler os sinais: “ele entrou, viu e acreditou”. Só quem olha com os olhos do coração é capaz de penetrar e ver para além das aparências. Na ressurreição de Jesus a vida se enche da certeza da eternidade. É por isso que hoje celebramos a esperança da vida eterna. É preciso enxergar a Vida (que é Jesus) em nossa vida, e só o amor é capaz de nos fazer ver o que é invisível aos olhos. Só a fé pode nos fazer acreditar naquilo que a muitos é inacreditável. Só vencendo o medo se pode encontrar com Jesus vivo e presente no meio dos seus. Este é o sentido da Páscoa: ver com os olhos do amor a vida que ressurge no Filho, pela fidelidade ao Pai. São João, na sua primeira carta, nos dá o verdadeiro entendimento do que consiste o amor: “O amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. Se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1Jo 4, 10-11). A Páscoa não começa com uma notícia de pura alegria, mas com uma experiência que exige fé e amor em meio a lembrança da promessa feita pelo Messias. É isso que precisamos dizer ao mundo: Cristo ressuscitou e está vivo no meio de nós.
 
ORAÇÃO
“Diga-nos, tu Maria: Que viste pelo caminho? Vi o túmulo de Cristo vivo e a glória do Ressuscitado. Vi os anjos como suas testemunhas; vi o sudário e os lençóis. O Cristo ressuscitado é a nossa esperança: Ele vai adiante e nos precede na Galileia.” (Sequência da Missa do Domingo da Páscoa).
 
AGIR
Alimente sua fé na Comunidade, é lá que você encontrará o Cristo Ressuscitado.  
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[Sábado Santo - Vigília Pascal]]>Sat, 08 Apr 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/sabado-santo-vigilia-pascal6450520

O CRISTO NÃO ESTÁ AQUI, RESSUSCITOU...

LEITURA
A Vigília Pascal é a celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor. É sobre este fato que se baseia toda a nossa fé.  “Depois do sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro... Então encontraram um anjo que disse às mulheres: Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou!” (Evangelho v. 1 e 5-6). Aquele que estava morto, cujo corpo “pendeu no lenho da cruz” e que foi sepultado como o último dos miseráveis, ao terceiro dia ressuscitou dos mortos. Ele se ergue do seu túmulo como vencedor da morte. Desde os primeiros séculos os cristãos celebravam com grande solenidade esta certeza. Neste dia vinham batizados aqueles que foram iniciados na fé para “experimentarem” um novo renascimento, aquele 
para uma vida nova no Cristo ressuscitado. A Igreja ainda hoje convida os seus fiéis para celebrarem em vigília esta solenidade que é a mais importante e central do ano litúrgico. A celebração desta noite começa com todas as luzes do templo apagadas e em um lugar propício se prepara o fogo em torno do qual o povo se reúne. Neste “fogo novo” o sacerdote acende o Círio Pascal dizendo: “A luz do Cristo que ressuscita glorioso disperse todas as trevas do nosso coração e da nossa mente”. Com estas palavras se começa a celebração deste dia que se divide em quatro grandes partes: 1) a liturgia da luz; 2) a liturgia da Palavra; 3) a liturgia batismal; 4) a liturgia eucarística.
 
MEDITAÇÃO
Tudo é espera. Uma espera vigilante. Estamos na noite da Vigília Pascal. Noite de oração e de esperança. Noite de meditação e de expectativa. Noite de deixar-se transformar desde dentro pela certeza de que a vida vence a morte e por isso podemos acreditar na vida nova que nos vem do Cristo. A celebração da Vigília Pascal é a noite santa na qual renascemos do pecado e da morte. É nesta noite memorável que celebramos a vitória da luz, a vitória da libertação da opressão do mal e da injustiça, é nesta noite memorável que se instaura a grande e eterna Páscoa: “Noite mil vezes feliz, noite clara como o dia, na luz do Cristo glorioso, exultemos de alegria” (Proclamação da Páscoa, Exulte). É na beleza desta atmosfera de esperança e vida que renovamos nossas promessas batismais e onde nos falam alto os símbolos da vida: o fogo, a luz, a água, o óleo, o pão e o vinho. Todos celebrados na alegria da comunidade que “sente” o Cristo vivo em seu meio e O celebra nos cantos, no branco da cor litúrgica deste dia e nas flores que enfeitam o espaço da celebração onde a memória da ressurreição celebrada nesta noite será recordada e renovada a cada novo domingo do ano. E nós, comunidade cristã inundada na esperança, vivemos com o Cristo este momento porque queremos também nós fazer Páscoa em nossa vida. Queremos ressuscitar com Jesus. Não queremos simplesmente “assistir” a sua ressurreição, mas queremos acolher em nós esta nova vida que nos “renovar” na certeza que celebramos hoje a maior de todas as graças: renascer para a vida eterna. Jesus não morre e não ressuscita somente para fazer ver que ele tem todos os poderes em suas mãos, ao contrário, Ele se doa, se entrega na sua morte e a sua ressurreição, para “alcançar” a sua vitória a todos nós. Na luz da Páscoa de Jesus podemos refletir em três atitudes que devemos ter para vivermos na profundidade da fé, este momento e este mistério da Ressurreição do Senhor: 1) Devemos nos deixar amar, por este Deus que se faz tão próximo de nós, que faz de nós a sua escolha mais profunda a ponto de tudo fazer para que a vida plena se faça plenitude em nós. 2) Devemos nos deixar salvar por este Deus que nos “levanta” sempre que precisamos, que nos faz forte sempre que necessitamos, que nos dá vida sempre quando achamos que tudo é morte e portanto chegamos perto do fim. Deixarmo-nos salvar por este Deus que realmente nos salva por ser misericórdia e bondade, luz e esperança, força e coragem... 3) Devemos nos deixar transformar, por este Deus que não nos quer escravos, mas homens e mulheres livres, homens e mulheres da luz e de luz, homens e mulheres dispostos a construírem com seu coração transformado, o Reino tão sonhado. Cristo ressuscita, e com isso também para nós há uma possibilidade de “vida para sempre”. Sejamos profetas da ressurreição de Jesus, isto é, aqueles que revelam ao mundo que nem a morte, nem a dor, nem o mal podem conter o imenso amor que Deus tem por nós. Sintamos a vida que vem até nós com o Cristo Ressuscitado, luz eterna neste mundo ainda de trevas.
 
ORAÇÃO
Salmo 103 – Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! De majestade e esplendor vos revestis e de luz vos envolveis como num manto. Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
 
AGIR
Deixe que a luz nova da vida em Cristo entre dentro de você.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[Sexta Feira Santa - Paixão do Senhor]]>Fri, 07 Apr 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/sexta-feira-santa-paixao-do-senhor3064402

 CRISTO SE FEZ OBEDIENTE ATÉ A MORTE, MORTE DE CRUZ

LEITURA
Hoje é um dia de especial silêncio na Igreja. Também a celebração deste dia é inundada deste silêncio orante onde se respeita a dor do Cristo e a dor de toda a comunidade cristã que, mesmo depois de dois mil anos, reverencia seu Mestre e Senhor morto, na certeza de sua ressurreição. O luto e a dor tomam conta também do espaço litúrgico, por isso que esta celebração da Sexta-feira da Paixão começa 
no silêncio e com o altar sem as tradicionais toalhas e candelabros. Ele só será preparado com uma toalha simples e com as velas quando chegar a hora da comunhão, terminado este momento o altar ficará novamente descoberto. A cruz assume lugar de destaque tornando presente todas as dores e o sacrifício de Cristo e de inúmeros cristãos que como Ele, morreram pela fé. Os atos litúrgicos deste dia se realizam em três momentos: A Liturgia da Palavra; a Adoração da Cruz e a Comunhão Eucarística. O silêncio e a oração são, portanto, dois aspectos importantes desta Celebração. Neste dia não há rito de bênção e de envio, pois cada participante é convidado a permanecer em oração meditando a Paixão e Morte do Senhor até que, após a solene Vigília Pascal se celebre a vitória da vida na Ressurreição do Senhor.
 
MEDITAÇÃO
Nossa meditação de hoje começa justamente com o primeiro ato litúrgico deste dia. Após prostrar-se e rezar em silêncio, o Padre ou o Ministro, proclama à comunidade esta profunda oração que nos faz refletir nos mistérios da graça de Deus que faz seu Filho único morrer pela salvação de todos. Assim se reza: “Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos, pela natureza, a imagem do homem terreno, possamos trazer, pela graça, a imagem do homem novo”. A beleza desta oração está no significado daquilo que a “morte de um só pode trazer à toda a humanidade” (cf. Carta de São Paulo aos Romanos 5,12), isto é, a possibilidade de sermos semelhantes a Cristo por nos deixarmos transformar em “homens novos”. É encorajador para nossa vida cotidiana saber que Deus tem o propósito de nos fazer semelhantes a seu Filho na capacidade de amar, de nos doarmos e de nos fazermos presentes na vida das pessoas. O propósito de Deus é que sejamos imagem sua, a semelhança de seu Cristo que se entregou inteiramente por nós. Deixemos que as leituras e o Evangelho deste dia provoque em nós esta inquietude à medida que a Liturgia da Palavra nos revela a força que tem o pecado, ao mesmo tempo que nos mostra a grandiosidade da graça e da misericórdia. O Livro do Gênesis nos mostra que desde o início da nossa história o pecado entrou no mundo e com o pecado veio também a morte de toda a esperança, de toda a alegria, de toda a vida e de toda a possibilidade de viver aqui na terra o “paraíso terrestre”. Mas, é justamente na plenitude dos tempos que Deus nos envio seu Filho escolhido que, assumindo a natureza humana, se fez um como nós e nos deu a possibilidade da salvação “fazendo-se obediente até a morte, morte de cruz, tornando-se causa de salvação eterna” (cf. Carta de São Paulo aos Hebreu 4,9). Nosso Deus é de infinita misericórdia a tal ponto que, tendo compaixão de nós e com um gesto de amor igualmente infinito, nos libertou de nossos pecados. Este é o dia em que “foi imolado o Cristo, nossa Páscoa”, nossa libertação (1Cor 5,7). Rezemos esta graça com o Salmo Responsorial deste dia: “Junto de ti, ó Senhor, eu me abrigo, não tenha eu de que me envergonhar; por tua justiça me salva e teu ouvido ouça o meu grito: “Vem logo libertar-me!”. Sê para mim um rochedo firme e forte, uma muralha que sempre me proteja; por tua honra, Senhor, vem conduzir-me, vem desatar-me, és minha fortaleza. Em tuas mãos eu entrego o meu espírito, ó Senhor Deus, és Tu quem me vai salvar-me; tu não suportas quem serve falsos deuses. Somente em ti, ó Senhor, vou confiar!”.
 
ORAÇÃO
Salmo 30 – Eu me entrego, Senhor, em tuas mãos e espero pela tua salvação.
 
AGIR
Deixe que as palavras do Salmo Responsorial que você leu acima, sejam gravadas no seu pensamento e no seu coração.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[Quinta Feira Santa]]>Fri, 07 Apr 2023 00:09:39 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/quinta-feira-santa5591104

DOU-VOS UM MANDAMENTO NOVO

LEITURA
Começamos o Tríduo Pascal. Com a celebração de hoje celebra-se a “Ceia do Senhor”. Durante a sua última ceia com os discípulos, Jesus institui a Eucaristia e o Sacerdócio e dá a todos aquilo que ele mesmo chama de o “mandamento novo”. Um mandamento fundamentado no amor fraterno e no serviço aos irmãos, visível no seu gesto de 
de lavar os pés dos seus. Nós, hoje, celebrando esta memória somos chamados a receber com o coração aberto este dom que Jesus nos dá e a cuidar para que na nossa vida em comunidade este mandamento se torne verdadeira prática de fé. A Primeira Leitura deste dia nos vem do Livro do Êxodo e nos conta como o povo hebreu fazia memória dos prodígios que Deus fez para libertá-los da escravidão. A Leitura nos faz refletir num “Deus Libertador”. A Segunda Leitura da Primeira Carta de São Paulo à Comunidade de Corinto, temos o testemunho do Apóstolo ao afirmar que a eucaristia torna presente, ainda em nossos dias, a oferta da vida de Cristo na cruz, sinal eterno da “Nova aliança” e memória perene da vida que nos vem do Cristo. A Segunda Leitura nos faz refletir num “Deus que se faz alimento de vida”. No trecho do Evangelho destaca-se toda a cena na Última Ceia e neste contexto a força do gesto de Jesus de lavar os pés daqueles que com ele haviam caminhado por três anos. O Evangelho de hoje nos faz refletir num “Deus humilde servidor”. Humildade, disponibilidade, serviço e sobretudo amor, eis o ensinamento que nos vem desta celebração. Estamos verdadeiramente no caminho da Páscoa com Nosso Senhor Jesus, o Cristo, Filho do Deus da vida.
 
MEDITAÇÃO
O primeiro versículo do Evangelho deste dia nos dá a maior de todas as certezas que na fé devemos viver e que pela fé devemos meditar: “Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. O Evangelista João nos apresenta uma “bela entrada” para os mistérios que vamos celebrar de hoje até o Domingo da Ressurreição. Tudo o que acontecerá com Jesus, tudo o que ele vai enfrentar e toda a força que Ele coloca de si para ir até o fim, tudo isso só pode vir do amor especial que Jesus tem pelos seus. Não há prova de amor maior do que aquela de doar a vida pelos irmãos. Verdadeiramente, em Jesus, a doação é um gesto de amor e de fidelidade: "Amou-os até o fim”. Irmãos e irmãs, não podemos esquecer destas duas ou três palavras que João coloca na narração que faz daquele que se tornou um dos últimos momentos de Jesus com seus Apóstolos. A Ceia naquela noite precisava acentuar o jeito diferente de Jesus olhar seu povo e servir seu Deus, por isso era preciso que toda aquela nova maneira de “servir” pudesse ficar fortemente marcada na memória e no coração daqueles a quem Jesus confiaria o seu Espírito a fim de continuarem a sua missão. “Era antes da festa da Páscoa”, portanto, da memória de que Deus havia voltado seu rosto para o seu povo e, vendo o seu sofrimento, o fez sair da “terra da escravidão”: “Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua” (1ª Leitura, v. 14). A proposta de Jesus é também uma proposta de libertação, ou até mais, uma proposta de se viver como pessoas libertadas de toda espécie de prisão que pode nos afasta do caminho de Deus e nos fechar ao serviço aos irmãos. Foi verdadeiramente esta a missão de Jesus, e este caminho de libertação tem agora uma última etapa: é preciso ser capaz de viver como pessoas livres. Pode nos parecer fácil viver assim, mas bem sabemos por tudo aquilo que aconteceu na história de Jesus e de seus Apóstolos que a fraqueza humana por vezes nos leva a caminhos que não nos libertam. A última etapa do caminho de Jesus é “fazer a ceia juntos”, ceia de Páscoa, portanto de memória da libertação, a ser celebrada na vida cotidiana. A mensagem central que podemos guardar da celebração de hoje é que a Eucaristia e o Lava-pés, ou seja, a fé e o serviço, não podem existir sem estarem ligadas e sem que uma seja consequência da outra. Lavar os pés é considerar o outro antes de tudo como um irmão; é ter a coragem de “abaixar-se” no gesto mais puro e significativo de humildade; é considerar o outro antes de considerar-me a mim mesmo; é servir como um verdadeiro servidor; é levantar os olhos ao irmão e olhá-lo com gratidão; é fazer-se pronto para participar do Reino de Deus onde todos terão seu espaço e sua importância. É inverter a lógica do mundo. É crescer no horizonte do amor, novo e sublime mandamento que quem se faz Filho de Deus. E é justamente aqui que entra a Eucaristia. Tal como Jesus a propõe, ela nos chama a vivermos a lógica da Páscoa, isto é, da doação total; a lógica do amor como Jesus nos amou; a lógica de dar a vida; a lógica de fazer da vontade do “Pai” a meta do “Filho”; a lógica de transformar este mundo, por um gesto de doação total, em um “novo céu e uma nova terra”. Recordemos e reflitamos hoje que desde aquela sua última ceia até os nossos dias e para todo o sempre, Jesus se dá na humildade de ser “pão e vinho de salvação” que vem habitar dentro de nós trazendo para o nosso interior a mais bela experiência de um Deus que se faz vida na vida de quem o segue. Como dizia Madre Teresa de Calcutá, “a eucaristia é fonte insubstituível de esperança e de caridade. É o pilar sobre o qual se apoia toda a ação. Não se pode amar o próximo sem que tenhamos um amor especial pela eucaristia”. Irmãos e Irmãs, com Jesus e com a Igreja, vivamos com intensidade este Tríduo Pascal.
 
ORAÇÃO
Salmo 115 – Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor.
 
AGIR
Preparamo-nos para celebrar os mistérios da Páscoa, iniciando este Tríduo com um tempo de silêncio e adoração diante do Senhor presente na Eucaristia.  
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[Domingo de ramos]]>Sun, 02 Apr 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/domingo-de-ramos3093486

DO TRIUNFO PARA A MORTE. DA MORTE PARA A VIDA

LEITURA
O “Domingo de Ramos” e também, da “Paixão do Senhor” coloca juntos o triunfo de Jesus e sua paixão. Na celebração e no ensinamento deste dia, a Igreja expressa com a Liturgia esta dupla realidade da glória e do sofrimento própria do mistério pascal.
 A procissão de início da celebração recorda a entrada de Jesus em Jerusalém e a aclamação de “hosana” com que o povo o acolheu. Os ramos que carregamos nesta procissão tornam-se sinal da nossa alegre participação nesse rito e são a mais pura expressão de fé da Igreja no Cristo, Messias e Senhor. Ele vai ao encontro da morte para dar a todos a salvação, é por isso que com a procissão de Ramos se inicia a Semana Santa.
Hoje a Primeira Leitura, tirada do Livro do Profeta Isaías, apresenta um profeta que é chamado por Deus para testemunhar, no meio das nações, a Palavra de Salvação. Na Segunda Leitura, um belo hino onde Paulo fala do Cristo como princípio e fim de todas as coisas. Ele assumiu a condição humana para revelar totalmente o amor do Pai.
 
MEDITAÇÃO
Para entender bem a mensagem do Evangelho deste domingo, principalmente aquele que narra a chegada de Jesus a Jerusalém, é preciso resgatar o verdadeiro sentido desta entrada. O próprio Evangelho de Mateus dá uma informação importante, quando no v. 5 cita o profeta Zacarias. Um Profeta do tempo em que o povo vivia uma situação de grande opressão e pobreza, e que procura animar a sua gente mantendo viva a força da resistência da fé no Deus verdadeiro. Zacarias anuncia com seu profetismo que a esperança está na chegada de um Messias e que ele teria três grandes características: seria rei (ver Zacarias 9,9-10), bom pastor (Zac 11,4-7), mas também “transpassado... por ele muitos chorarão” (Zac 12,9-14). O Reino daquele rei não seria de dominação e opressão como tantos outros na história do povo de Deus, mas de paz, de justiça e de solidariedade: “Dance de alegria, cidade de Sião; grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho duma jumenta. Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e os cavalos de Jerusalém; quebrará o arco de guerra. Anunciará a paz a todas as nações, e o seu domínio irá de mar a mar” (Zc 9,9). Aqui está o verdadeiro sentido da recordação da entrada de Jesus em Jerusalém: acolher na alegria e na esperança o Messias dos pobre e dos justos, que faz da vitória não um triunfo pessoal que vem da força, mas da fidelidade ao projeto de Deus, no seguimento até a Cruz, para gerar a vida nova na ressurreição. A vitória de Jesus é a vitória da fidelidade e do compromisso. O outro Evangelho proclamado neste Domingo, narração da Paixão, nos coloca no meio de todo o processo injusto de condenação e morte de Jesus. Mas de tudo o que podemos ver é que, mesmo em na “escuridão da morte”, renasce a luz de um novo dia e que faz até mesmo o soldado romano declarar que Jesus era o Filho de Deus. Como o Papa Francisco nos recordou nesta semana, a Igreja nasce da contemplação do rosto de Deus crucificado. Nasce da cruz e do sentimento de dor e de amor por Jesus daquele pequeno grupo de seus discípulos e das mulheres que o seguiam e que, no seu amor, revelam o mesmo sentimento que Deus tem pelo mundo. O que sentimos quando olhamos para a cruz de Jesus? Vemos ali verdadeiramente o caminho da salvação ou não entendemos como Jesus pôde terminar sua vida deste jeito? Lembremos o que diz o Evangelho: Jesus passou a vida fazendo o bem e sendo fiel à missão que recebera do Pai. Num dia o triunfo no outro a morte, mas devemos sempre lembrar que ainda haveria um outro dia, o terceiro dia, o dia da vida nova, da ressurreição que vence a morte e todas as nossas mortes para nos fazer plenamente merecedores da salvação que nos vem de Deus, por seu filho Jesus, morto na cruz pelos nossos pecados.
 
ORAÇÃO
Escuta Senhor, a oração do teu povo que celebra a paixão do teu Filho. Fazei que experimentemos a libertação da cruz e a ressurreição da vida em Jesus. Convertei-nos pela força do vosso amor e tornai-nos sensíveis às dores dos nossos irmãos e irmãs. Amém.
 
AGIR
Leia várias vezes a Segunda Leitura (Filipenses 2,6-11) e faça desta leitura uma preparação significativa para celebrar com a Comunidade a Semana Santa.  
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[5º Domingo da Quaresma]]>Sun, 26 Mar 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/5-domingo-da-quaresma6272980

O GRITO DA VIDA

LEITURA

​A Liturgia da Palavra dos domingos anteriores faz uma sequência que nos ajuda a entender a mensagem deste Quinto Domingo da Quaresma: Cristo, água viva para a nossa sede (Samaritana); Cristo, luz para as nossas trevas (cura do Cego) e hoje, Cristo, ressurreição para a vida (Lázaro). Para São Paulo, a quem se atribui a autoria da Carta aos Romanos (Segunda Leitura), vivem segundo a carne aqueles que vivem pela lógica do mundo e não conforme o pensamento de Deus, revelado nos gestos e nas palavras de Jesus e presente em nós pela ação do Espírito Santo, em outras palavras, aqueles que fazem do seu próprio egoísmo a sua regra, 
não vivem segundo o Espírito que revela sempre a vida. Ezequiel, o profeta (Primeira Leitura), procura alimentar a esperança transmitindo essa grande verdade, válida também para os nossos dias: Deus não abandonou seu povo, o Espírito sopra e a vida reaparece. Segundo o profeta Deus transforma a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em libertação.
 
MEDITAÇÃO
No Evangelho temos três cenas bem distintas, porém sempre na mesma história: a primeira cena, no “outro lado do Rio Jordão”, se diz que Lázaro está doente, dorme e está morto. Temos aqui um crescente: da doença ao sono, do sono à morte real. Mas Lázaro é “aquele que ama e que é amado”, o significado de seu nome é, literalmente, “Deus ajudou”. Jesus é ligado a ele por um profundo sentimento de amizade (ágape). Por amá-lo com tal amor Jesus, confiando no Pai, afronta com coragem o risco da morte do amigo. Na segunda cena, na “vizinhança de Betânia”, nome que significa “lugar dos pobres”, Jesus é criticado pelas duas irmãs de Lázaro por seu “atraso” para ver e curar o irmão. Maria está em casa e chora. Marta vai ao encontro de Jesus e suas lágrimas tocam o seu coração. É muito significativo este encontro pois Marta diz da sua confiança em Jesus: “se você estivesse aqui ele não teria morrido” e Jesus lhe pede fé na ressurreição. Marta então faz uma profunda profissão de fé em Jesus, Messias e Filho de Deus. Interessante perceber que no Evangelho de João a primeira pessoa a professar a fé no Messias, enviado de Deus, é justamente esta mulher de nome Marta. Vem então a terceira cena, “Jesus diante do túmulo de Lázaro”. Uma oração chama o amigo para a vida: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste, eu sei que me escutas... Lázaro, vem para fora” e a cena termina com outra frase de Jesus que significa a libertação plena para a vida: “Desatai-o e deixai-o caminhar.” A ressurreição de Lázaro não é somente um sinal da ressurreição futura, mas é também um dom da ação de Deus para os que creem. Chegamos ao quinto domingo da quaresma com esta certeza de vida que vem da própria afirmação de Jesus: “Eu sou a ressureição e a vida”. A Igreja nos ensina que esta vida vem de Deus, como dom, e nos é dada no Batismo, é renovada no Sacramento da Reconciliação e é alimentada na Eucaristia, alimento de fé de toda a comunidade cristã que crê na força de vida que vem de Jesus. É justamente este caminho de fé que Jesus, no Evangelho de hoje, apresenta a Marta e aos seus discípulos pois crer, segundo Ele mesmo diz, não significa somente aceitar aquilo que ele anuncia, mas ter uma confiança plena nele e naquilo que Deus faz através dele. Aquilo que não parece possível a nós, é possível a Deus. Este é o convite de hoje: É preciso ter confiança na palavra de Jesus. O Evangelho nos chama a confiar no amor de Jesus e na ação de Deus. Que a nossa fé seja plena naquele que é a “ressurreição e a vida”. Em três palavras, este Evangelho fala de um encontro com Jesus, de um diálogo de confiança e de uma profissão de fé na vida que renasce plena e libertada.
 
ORAÇÃO
Rezemos como Jesus rezou diante do amigo Lázaro: “Pai, eu te dou graças porque Tu sempre me ouves.”
 
AGIR
Procure seus amigos e diga a eles que eles representam muito para você.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[4º Domingo da Quaresma]]>Sun, 19 Mar 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/4-domingo-da-quaresma9998736

“E TU O QUE DIZES DAQUELE QUE TE ABRIU OS OLHOS?

LEITURA
O tema da escolha, presente na Primeira Leitura, refletida a partir do tema da luz, descrito na Carta de São Paulo aos Efésios (Segunda Leitura), parece encontrar uma referência concreta em Jesus, ao curar aquele cego que era assim desde que nascera. Jesus escolhe o cego e o faz ver a luz. A escolha de Davi (Primeira Leitura) é muito emblemática para o nosso entendimento humano. Deus tem outros critérios do que os nossos. 
O versículo 7 é muito revelador do jeito próprio de Deus ser ao fazer a escolha dos seus. Deus diz a Samuel: “Eu não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração”. E assim Davi foi o escolhido e o ungido. A escolha de Deus sempre é para nos fazer “Filhos”, na mesma dimensão que São Paulo é capaz de escrever na sua Carta. Os versículos 8 e 9 da Segunda Leitura nos dizem: “vivei como filhos da luz, e o fruto da luz chama-se: bondade, justiça e verdade”. Só aqui, nestes dois versículos, poderíamos meditar muitas e muitas horas...
 
MEDITAÇÃO
“É um Profeta!”. A resposta simples, porém consciente, do cego curado por Jesus, ao ser perguntado pelos fariseus sobre o que ele diria daquele que o havia curado, contem em si um testemunho de pertença a Jesus que é verdadeiramente o testemunho de alguém que se fez discípulo. Reconhecer a profecia de Jesus é reconhecê-lo não só pelo ato de cura que Ele havia feito, mas também pela força da sua palavra e pela esperança que Ele transmitia com seus gestos. Assim é verdadeiramente um profeta: firme na palavra sem jamais perder a ternura dos gestos fraternos. João, no seu Evangelho, costuma tomar um fato acontecido com Jesus para daí dar início à reflexão de um tema fundamental para a sua comunidade. O fato do cego dá ao Evangelista a possibilidade de falar do processo da fé na vida de uma pessoa. A fé passa das trevas da cegueira para a luz da visão, em outras palavras, da libertação da culpa, presente na vida do cego pela imposição da lei, surge um homem liberto e crente na graça de Deus. João aponta para a nossa vida neste Evangelho. Ele nos faz pensar que só quando deixarmos a palavra de Jesus nos libertar de nossas “faltas de luz” (que segundo Paulo é bondade, justiça e verdade) é que seremos pessoas de grande liberdade interior, capazes de transformar em testemunho público, a força da vida que descobrimos em Deus. Parecendo preocupado com o entendimento da ação de Jesus, João, muito pedagogicamente, nos apresenta a reação de alguns “personagens” diante não tanto de como o cego foi curado, mas sobre quem e do porque alguém o curou, já que era dia de sábado. Se ele era cego desde que nascera, dizia a lei, era porque alguém da sua família havia pecado e por isso o que ele vivia era fruto desta situação. Para o cego não havia outra possibilidades do que aquela que o próprio texto apresenta, “ficava pedindo esmola”. Assim temos: - os Vizinhos que percebem o bem feito por Jesus ao cego, mas não se juntam a Ele no seguimento; - os Fariseus que se recusam a aceitar Jesus, mesmo com todo o testemunho que ouviram do cego; - os Pais do cego que constatam o cura mas não querem se comprometer por medo; as Autoridades que estão interessadas em saber quem era aquele que transgrediu a lei do sábado e do pensamento de que a doença vem como consequência do pecado de gerações; temos ainda o Cego que mostra-se livre, corajoso e sincero nas suas respostas; e por fim o próprio Jesus que vai ao encontro do cego por duas vezes, antes de cura para o fazer livre da cegueira, e depois da cura para acolhê-lo, revelando-se a ele. Diferentemente de outras passagens dos Evangelhos, nesta não se diz que o cego ouviu falar que Jesus passava e “implorou” pela sua cura. Jesus é quem o vê e, aquele que jamais havia conhecido se quer um raio de luz vê então a Luz de Deus inundar a sua vida. “Eu creio” diz aquele que era cego.
 
ORAÇÃO
Ó Deus, que ilumina cada um que vem a este mundo, faça resplandecer sobre nós a luz do teu rosto para que nossos pensamentos sejam sempre conformes à tua sabedoria e possamos Te amar de coração sincero. Amém.
 
AGIR
Pense na sua vida e veja como estão presentes os “frutos da luz”: a bondade, a justiça e a verdade.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[3º Domingo da Quaresma]]>Sun, 12 Mar 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/3-domingo-da-quaresma1456683

“SENHOR, DÁ-ME DESSA ÁGUA...”

LEITURA
O Evangelho deste Terceiro Domingo da Quaresma nos apresenta Jesus, que cansado da viagem, tem sede. Junto ao Poço de Jacó ele pede água a uma Samaritana e inicia assim um diálogo com ela sobre a fé, a crença e a vinda do Messias. Este encontro de Jesus, justamente lá onde o povo buscava água para beber, é coroado com o testemunho da Samaritana de que Jesus “é o verdadeiro profeta” que convoca a todos para recomeçar uma vida nova. ​ Na Primeira Leitura temos a ação de Deus que, apesar da murmuração do povo, faz compreender que Ele nos acompanha e que muitas vezes se manifesta, mesmo que não vemos claramente. 
Na linda Carta de São Paulo aos Romanos podemos meditar as palavras do Apóstolo dizendo que são as virtudes da fé, da esperança e do amor que nos permitem ter uma relação profunda com Deus e assim “saciar a nossa sede do Deus vivo”.
 
MEDITAÇÃO
Tomar água quando estamos com sede é um fato muito cotidiano em nossa vida. Partindo desta experiência Jesus faz a Mulher Samaritana compreender que há um lado interior de nossa vida que tem sede do infinito. Aquela Mulher descobre por si que só Jesus, como um profeta, é o único que pode matar esta sede pois nele se encontra as atitudes “daquele que nos fará conhecer todas essas coisas” (v. 25). Ele é o “salvador do mundo” (v. 42). Quanta sede nós temos do infinito? Neste domingo Jesus nos mostra que o caminho para o infinito é o próprio caminho que Jesus faz. Em outra passagem do Evangelho ele mesmo nos diz que vai ara junto do Pai para preparar um lugar para nós. Quando descobrimos o caminho de Jesus saberemos que quanto mais estivermos do lado daqueles que “tem sede” de Deus, de justiça e do Reino, mais estaremos fazendo a experiência significativa do infinito em nossa vida, isto é, faremos então a experiência da verdadeira fonte da vida, onde jorra água viva, que sacia nossa sede de profundidade. No Evangelho deste domingo temos uma mensagem profundamente quaresmal. Buscamos tanta coisa para viver a profundidade do infinito, seja em nossa experiência de igreja, seja na nossa oração pessoal, que acabamos por esquecer de que é em “espírito e verdade” que devemos adorar a Deus. O infinito e o profundo se juntam nas palavras de Jesus neste Evangelho e revelam que esta sede é uma vontade e um desejo de tornar a vida uma busca pelo essencial, isto é, pelo Deus de Jesus, aquele que é “fonte de água que jorra para a vida eterna” (v. 14). Um modo interessante de ler este Evangelho é analisar o processo pessoal que a Mulher Samaritana faz para acolher em si o diálogo com aquele que de início era um judeu com sede, e que no final é apresentado a todos, pela própria Samaritana, com o convite de ir e ver um “homem que pode ser o Cristo”. O diálogo traz em si as características próprias dos diálogos no Evangelho de São João, isto é, usando um tema paralelo, de início mal entendido pelo interlocutor, chega-se a um entendimento mais significativo da realidade da encarnação. O assunto da água é típico, Jesus não se refere somente a água natural que estava ali no poço a muitos anos e que servia a todos, mas coloca em evidência o assunto da revelação de Deus em si mesmo e mostra a nós hoje que quem faz a experiência da intimidade com Jesus, de tê-lo como água para a sua sede de infinito, estará descobrindo o Deus da vida em sua espiritualidade. Do seu encontro com Jesus, a Mulher Samaritana sente a necessidade de anunciar Jesus a todo seu povo. É a nossa experiência profunda do Messias que nos faz ser anunciadores de que Jesus é a fonte de nossa vida. Não nos cansemos de pedir a Jesus, como a Samaritana o fez: “Senhor, dá-nos dessa água...”   
 
ORAÇÃO - Salmo 41(42)
Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minh´alma por vós, ó meu Deus!
Minha alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus?
...
Porque te entristece, minh´alma, a gemer no meu peito?
Espera em Deus! Louvarei novamente o meu Deus salvador!

AGIR
Nesta semana procure rezar outras vezes o Salmo 41(42), rezando-o diretamente da Bíblia.

Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[2º Domingo da Quaresma]]>Sun, 05 Mar 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/2-domingo-da-quaresma9860396

ESTE É O MEU FILHO AMADO...

LEITURA
A Liturgia da Palavra deste 2º Domingo da Quaresma nos apresenta, no Evangelho, uma das mais belas páginas do Novo Testamento. Dentro de uma sequência muito significativa, após o Espírito acompa-nhar Jesus e Lhe dar forças para vencer as Tentações, temos hoje a passagem da Transfiguração. A importância desta passagem é também significativa para o nosso caminho quaresmal. Jesus, confirmado pelo Pai, é o verdadeiro caminho que nos levará a vida plena, transfigurada pela beleza da graça, sendo Ele o rosto do Deus Vivo em nosso meio.
Do Livro do Gênesis temos o convite de Deus a Abraão e a toda a sua família, e ao mesmo tempo, a promessa de bênção que vem como confirmação da fidelidade aos planos de Deus. Abraão sai de sua terra a vai pelos caminhos do Deus único. Da Carta a Timóteo, novamente o tema da graça que, segundo Paulo, foi manifestada plenamente em Jesus que “faz brilhar a vida e a imortalidade”.
 
MEDITAÇÃO
O Prefácio da Missa do 2º Domingo da Quaresma (aquele que o padre reza antes da aclamação do Santo), é uma verdadeira “aula” de teologia. As palavras que ali se reza nos introduzem neste grande mistério que é a vida de Jesus, como filho de Deus, enviado para nos resgatar da morte. Diz um parágrafo do Prefácio: “Tendo predito aos Discípulos a própria morte, Jesus lhes mostra, na montanha sagrada, todo o seu esplendor. E com o testemunho da Lei e dos Profetas, simbolizados em Moisés e Elias, nos ensina que, pela Paixão e Cruz, chegará à glória da ressurreição”. Não há ressurreição sem o caminho ou a prova da paixão e da cruz. O caminho da vida é marcado pelo testemunho vivo de que Deus nos levara a viver a vida na plenitude do amor pois Ele “pousa o seu olhar naqueles que nele confiam e esperam em seu amor” (Salmo Responsorial). Mateus descreve a Transfiguração de Jesus com um texto belo e muito inspirado, se o lermos com espiritualidade nos sentiremos presente no monte Tabor. Há uma beleza descrita nos detalhes da cena (montanha, a roupa branca, a nuvem que envolve, o brilho do rosto...) mas há também uma sensibilidade do Evangelista ao descrever as reações daqueles que presenciam aquele momento. Temos ainda da força da Palavra que sai da nuvem, para confirmar Jesus e sua missão. Porém, significativo é também o contexto em que está contada esta história no Evangelho de Mateus. Ele escreve a Transfiguração logo após ter apresentado o diálogo de Jesus com Pedro e os discípulos sobre quem era Ele, Jesus, e como deveria ser o seu seguimento. Por isso, o centro do Evangelho deste domingo é propriamente toda a cena, isto é, a Transfiguração de Jesus. Contudo a Transfiguração não é um triunfo, pois Jesus sempre rejeitou o triunfo, Ele veio para servir, nem mesmo é uma emoção que faz estar bem, como a reação de Pedro possa querer indicar, mas é certamente um pouco de todo o esplendor do Reino que Jesus anunciava e que se tornará verdade nele mesmo pois quando, ressuscitado, transfigurará o mundo todo. Mas por que Jesus leva consigo alguns dos seus apóstolos? O Evangelho não responde essa questão, mas podemos dizer que Jesus conhece as nossas fraquezas e sabe quando é o momento de nos levar ao Monte Tabor para ali iluminar a nossa esperança que por vezes é fraca. Estes momentos de luz, evidentemente, não servem só para sentirmos uma mera alegria passageira, mas para nos fortalecer na fé, pois na nossa vida e na vida dos Apóstolos naquela época, ainda haveria outra subida, a outro monte, e que nesta sim seria necessário crer com toda a certeza de que Jesus venceria a morte. Pela frente ainda haveria a subida ao Monte Calvário. Mesmo em meio às sombras da morte, ainda assim é mais forte a luz do amor de Deus em Jesus. Como bem disse o Papa Francisco na sua Mensagem para a Quaresma deste ano: A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça e generosidade”.
 
ORAÇÃO
Senhor, hoje eu rezo, com toda a Igreja, simplesmente assim: venha sobre nós a sua graça, da mesma forma que em Vós nós esperamos. Amém.
 
AGIR
Pergunte-se a si mesmo: como você está escutando Jesus?
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[1º Domingo da Quaresma]]>Mon, 27 Feb 2023 03:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/1-domingo-da-quaresma4676980

...MAS DE TODA A PALAVRA QUE
SAI DA BOCA DE DEUS.

LEITURA
Iniciamos o Tempo Litúrgico da Quaresma. Primeiramente este é um tempo de preparação para a Páscoa e logo no início somos lembrados que “não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”. A Quaresma é um tempo de conversão e de escuta da Palavra de Deus, é também de preparação ou de memória do batismo e de reconciliação com Deus e com os irmãos. O compromisso
A Quaresma não é um tempo “triste” como muitas vezes possamos pensar, mas se trata de um tempo especialmente orante para percebermos as dificuldades e também a beleza de redescobrirmos Deus presente no mundo e na nossa própria história de fé, por isso mesmo é um tempo de deixar que renasça em nós “uma nova pessoa” reconciliada na graça de Deus. É, em fim, um tempo favorável para sermos tudo, na misericordiosa e amorosa mão de Deus.
 
MEDITAÇÃO
Neste Primeiro Domingo da Quaresma a Antífona de Entrada da Missa nos dá o verdadeiro sentido para aquilo que celebraremos: Quando meu servo chamar, hei de atendê-lo, estarei com ele na tribulação. Hei de livrá-lo e glorificá-lo e lhe darei longos dias (Sl 90,15s). O Salmista expressa na sua oração tudo aquilo que Deus faz por quem o tem em sua vida. O Salmo 90 inicia com um convite: “Você que habita ao amparo do Altíssimo, e vive à sombra do Onipotente, diga a Javé: Meu refúgio, minha fortaleza, meu Deus em ti confio!” (Sl 90, 1-2). Na sequência a este convite o Salmista descreve as razões do porque fazer de Deus a nossa confiança e, entre as razões apresentadas, está justamente aquela da antífona de entrada da missa deste domingo, confiar porque Deus nos atende e nos livra das tribulações. Esta deve ser uma grande certeza de fé a nos acompanhar durante todo este período quaresmal. A história das tentações de Jesus é contada por três dos quatro Evangelhos: Mateus, Marcos e Lucas. Em todos os relatos a história contada quer expressar uma experiência interior de Jesus, isto é, Jesus consigo mesmo e diante de sua missão e do seu amor ao Pai, olha para si e vê que precisa vencer aquilo que o impede de viver o plano de Deus. É uma experiência de interioridade para fazer-se pleno na exterioridade. Vencendo as tentações comuns a todas as pessoas, Jesus pode ser totalmente livre para ser e viver como o Messias. As tentações, aquelas de Jesus e as nossas hoje, sempre nos colocam num caminho em que precisamos de discernimento. Os Evangelistas, associando esta história das tentações interiores de Jesus ao seu batismo, nos mostram que diante das tentações a verdadeira atitude não é aquela da fuga ou do distanciamento daquilo que pode ser o caminho do mal na nossa vida, mas sim, com base na própria Palavra de Deus, a atitude mais verdadeira é aquela do discernimento e da afirmação de que em nós é maior a força da Palavra de Deus do que o convite do mal. É aqui que retornamos à Antífona da Missa que meditamos anteriormente: Deus está conosco também na tribulação. O texto do Evangelho inicia dizendo que Jesus foi “conduzido pelo Espírito ao deserto” (v. 1). O Espírito não conduz Jesus à tentação, mas é presença em Jesus. O acompanha. O Espírito é sempre luz para os nossos discernimentos, principalmente nos tempos de deserto e de incertezas em nossa vida. Jesus não vence as tentações interiores só por ele mesmo, vence-as com a força do “sopro de Deus”, com o Espírito Paráclito (Paráclito significa aquele que encoraja e reanima). O mesmo Espírito que Jesus promete deixar com os seus discípulos e a Eles O envia no Pentecostes. Jesus, filho e servo, na sua vitória contra o mal, enche o nosso coração de esperança e nos ajuda a também vencermos tudo o que oprime, afasta ou nos isola de vivemos pela “palavra que sai da boca de Deus”. Este é o nosso grande desafio, viver por Deus e com Deus...
 
ORAÇÃO
Senhor, enche-me com teu Espírito. Faze-me repleto da tua graça e proteja-me de toda falta de discernimento diante de tudo que pode me afastar de ti e do amor a meus irmãos. Sonda-me Senhor, e livra-me de toda forma de pecado e de fraqueza. A ti me confio e em tua intercessão espero. Amém.
 
AGIR
Nesta semana procure meditar por pelo menos 1 hora a Palavra de Deus. Uma boa meditação pode ser feita a partir da oração do Salmo 90.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[6º Domingo do tempo comum]]>Mon, 13 Feb 2023 02:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/6-domingo-do-tempo-comum5058504

É PRECISO IR ALÉM...

LEITURA
“Eu, porém, vos digo...”. A Liturgia da Palavra deste domingo é um grande apelo para quem segue Jesus: não basta só a Lei, é preciso ir mais longe. São as atitudes de honestidade que revelam quem é a pessoa e quais são seus valores. A Primeira Leitura nos faz ver que Deus é eterno e onipotente mas não ultrapassa o limite da nossa liberdade. Ele respeita a liberdade humana pois é nesta liberdade onde reside a verdadeira dignidade de Deus e o verdadeiro sentido da vida da pessoa humana. É com este entendimento que se pode refletir sobre a Segunda Leitura. Ela nos mostra que para “avaliar” as coisas de Deus precisamos de critérios completamente diversos daqueles que usamos para compreender a lógica deste mundo. No Evangelho, ainda parte do Sermão da Montanha de Mateus, Jesus apresenta
exemplos concretos de como o perdão, o amor e a justiça podem ter seu espaço se nosso pensamento e nossas atitudes forem mudando.

MEDITAÇÃO
Muita coisa neste mundo depende da atitude humana. A crítica que Jesus faz é sobre as atitudes que discriminam, anulam e destroem o verdadeiro amor e o verdadeiro respeito. Desde sempre foi assim. A história da salvação é plena de exemplos e momentos onde o povo disse ser fiel a Deus, mas com as atitudes faziam exatamente o oposto. Para melhor entender, refletir e rezar os textos deste Domingo é bom começar pela Segunda Leitura naquilo que fala sobre a sabedoria. Muitas vezes a nossa compreensão de sabedoria esta relacionada às ideias que nos permitem compreender e intervir sobre a realidade que nos cerca, portanto a sabedoria como pura inteligência. Mas a sabedoria que fala o Apóstolo Paulo é de um outro tipo: é aquela que vem da cruz de Cristo e de seu sacrifício de amor. Mesmo para o mais inteligente deste mundo, dar a vida por alguém tem alguma coisa de “ilógico”, ou de loucura, algo que foge a compreensão do pensamento. Somente através do dom, da graça do Pai em nossa vida, é possível compreender e receber a sabedoria que vem de Deus.
Impressionante são também as antíteses proclamadas por Jesus no Evangelho e que tem, a primeira vista, um caráter bem polêmico, a começar até mesmo pela introdução: “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos”. Jesus se refere aqui aos que haviam recebido a Lei de Moisés no Monte Sinai. Portanto Jesus não critica o mandamento recebido, mas sim o como ele foi transmitido ao povo ao longo do tempo do Antigo Israel. A origem divina da lei é inquestionável para Jesus, mas a interpretação realizada no decorrer dos tempos, esta sim, precisa ser revista. Jesus coloca um contraponto ainda mais radical e que está mais plenamente em conformidade com o querer de Deus.
O que Jesus faz ao proferir estas palavras, dentro do contexto do Sermão da Montanha, é dizer que é preciso interpretar a lei a partir de uma perfeita sintonia com o Deus da vida, isto é, a partir da misericórdia, do amor e da aliança, dimensões estas que haviam sido esquecidas pelas autoridades que interpretavam a lei. Diferente do que podemos pensar Jesus não se coloca na contramão do Deus do Antigo Testamento, mas penetrando a centralidade de cada mandamento, revela o lado mais profundo de cada um e extrai dali um sentido novo que até então não se lhe havia atribuído. O pensamento de Jesus supera o lado puramente interpretativo da letra dos mandamentos e revela o verdadeiro espírito que se faz necessário para vivê-los plenamente. Fazendo isso Jesus revela também o “rosto” verdadeiro do projeto de Deus para a humanidade. É interessante refletir no como termina o texto do Evangelho. Há neste final um apelo em favor de uma sociedade de transparência e de honestidade, pois só se pode dispensar a garantia do juramento, quando não há dúvida que todos falam e vivam a verdade na sua plenitude. Para participar da construção do Reino de Deus, vejam bem, da construção do Reino, é preciso que a nossa justiça vá mais além daquela que ouvimos falar. Ir além é o desafio para todo o cristão também nos dias de hoje.

ORAÇÃO
Pai, guiado pelo ensinamento de Jesus, revela-me sempre o Teu querer e livra-me de qualquer impedimento que eu possa colocar para bem saber da Tua vontade. Perdoa-me por muitas vezes, mesmo sem o meu querer, observar superficial o mandamento do amor. Faze-me sempre fiel ao verdadeiro espírito comunitário do meu ser cristão. Amém.

AGIR
Tome um tempo nesta semana para recordar os 10 Mandamentos e descobrir o entendimento mais profundo de cada um deles.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[5º Domingo do tempo comum]]>Mon, 06 Feb 2023 02:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/5-domingo-do-tempo-comum

SER SAL... SER LUZ...

LEITURA
O Evangelho deste final de semana é parte do “Sermão da Montanha”. Um texto muito fundamental na “cate-quese (ensinamento)” de Mateus à sua comunidade. O objetivo desta parte do Evangelho é o de revelar a verdadeira vida cristã a aqueles que com liberdade se tornam construtores do Reino de Deus. 
Mateus, neste texto muito conhecido e de um fácil entendimento, usa duas metáforas muito interessantes para aplicá-las aos que ouviam o que Jesus dizia naquele sermão e naquela montanha. O Evangelho de Mateus sempre enfatiza um Jesus que tem a palavra certa para o momento certo é o que Ele nos revela hoje: uma palavra certa do que devem ser aqueles que se tornam com Jesus, construtores do Reino do Pai.
  
MEDITAÇÃO
Sempre que pode Mateus enfatiza a missão de toda a comunidade cristã no mundo. Somos chamados a fazer o Reino de Deus crescer e isso deve ser feito de uma maneira sensivelmente diferente daquela que a cultura religiosa da época anunciava. Não é escondendo a luz da misericórdia de Deus que se revela o verdadeiro rosto do Senhor e muito menos não é afastando as pessoas das promessas do Reino que fará com que o povo reencontre o caminho da aliança. Deus se faz fiel e sua fidelidade está no horizonte do que Jesus apresenta neste rico e profundo discurso da Montanha. A clara intenção do Evangelista e da Liturgia deste domingo é mostrar que os discípulos devem tornar significativo e iluminador o caminho que assumem pela livre decisão de seguirem o Mestre. O sal tem ao menos três atribuições: o sal salga e por isso dá sabor; o sal penetra e por isso conserva; o sal também limpa, por isso cura as feridas. É de grande significado se refletirmos nestas três atribuições associadas à nossa vivência espiritual. A palavra de Jesus nos faz seus discípulos, porém não qualquer discípulos, mas sim seguidores de Jesus na sua proposta e nos seus gestos. Jesus é quem nos liberta, nos dá a força para sermos animados e perseverantes. O convite que Jesus nos faz ao dizer que devemos ser “sal da terra” é justamente este de jamais deixarmos que a fraqueza e a falta de esperança tomem conta de nós. O verdadeiro discípulo é aquele que com sua palavra e com seus gestos anima e “dá sabor” a vida de fé do povo de Deus. Na outra comparação, “ser luz do mundo”, há também uma tríplice atribuição: a luz clareia e por isso ilumina; a luz aquece, ao seu redor, quando está frio, sente-se a agradável sensação de calor e, a luz penetra em qualquer orifício, por menor que seja. Esse segundo convite de Jesus é de uma profundidade que deveria nos fazer cada vez mais certos de que o seguimento de Jesus está na razão do iluminar a vida das pessoas, aquecê-las nos seus momentos de “inverno” pessoal e de penetrar os seus corações com a verdadeira mensagem da esperança, da misericórdia e do amor que nos vem das palavras de Jesus. Mais do que uma passagem do Evangelho de dois mil anos atrás, esse texto bíblico deve ficar presente em nossos corações e em nosso pensamento a fim de fortalecer nossa opção cristã. A fé hoje precisa ser vivida como sal e como luz, isto é, precisa ser uma mensagem transformada em testemunho que faz a diferença em meio a tantas atitudes de morte e de falta de perspectiva como vemos hoje. Como disse o Papa Francisco na missa com os Bispos por ocasião da última Jornada Mundial da Juventude: “Não queremos ser presunçosos, impondo as “nossas verdades”. O que nos guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo e que por isso mesmo não pode deixar de anunciá-la a todos”.
  
ORAÇÃO
Senhor, Tu me chamas a viver em comunidade e queres que eu edifique, com minha vida, a vida da minha comunidade. Eu sei que Tu queres que eu seja comunhão com os outros. Senhor, eu sei também que ser comunidade é existir para os outros, por isso eu Te peço: ajuda-me a ser, em Ti e na Igreja, sal da terra e luz do mundo. Amém.
  
AGIR
Reflita nesta antífona: “Vós sois a luz do mundo. Brilhe aos homens a vossa luz e vendo eles as vossas obras, deem glória ao Pai celeste”.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[4º Domingo do tempo comum]]>Mon, 30 Jan 2023 02:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/4-domingo-do-tempo-comum5808752

FELIZES OS QUE HERDARÃO
A ALEGRIA DO REINO

LEITURA
O texto das Bem Aventuranças é a “porta de entrada” para o conhecido “Sermão da Montanha” de Jesus. O Mestre se dirige aos seus Discípulos, isto é, àqueles que já escolherem estarem com ele em missão, e, apresentando-se como um novo Moisés, do alto da montanha, revela-lhes uma nova lei que se propõe a realizar tudo o que a antiga lei garantia. Jesus anuncia que são felizes os pobres, os pequenos, os humildes, os puros e os perseguidos por causa do Reino, “porque de todos eles é o Reino dos Céus” (cf. Evangelho, v. 10). Jesus realiza aquilo que os profetas do Antigo Testamento aviam anunciado, como o Profeta Sofonias (1ª Leitura): “O Senhor constituirá um povo humilde e pobre, capaz de confiar somente em Deus” (cf. 1º Leitura, 3,12). A Segunda Leitura, nos mostra com exatidão qual é a “lógica” de Deus que é totalmente diversa daquela que define as coisas deste mundo: Deus escolhe os pequenos para por eles e neles revelar a todos a sua gloria (2ª Leitura, v. 31).
 
MEDITAÇÃO
Voltemos nosso pensamento para a cena contada por Mateus no Evangelho de hoje. Na Liturgia da Igreja, estamos ainda nos primeiros domingos do Tempo Comum. Tempo Litúrgico cuja centralidade está em apresentar os mistérios da vida de Cristo na sua totalidade. O Tempo Comum nos é um desafio já que no encontro com as verdades da missão de Jesus, somos convidados a viver em nosso cotidiano a espiritualidade do Cristo Mestre e Senhor. O significado do texto do Evangelho de hoje não é tanto um “decreto” que nos queira dizer como deveríamos ser: pobres, humildes, puros, etc., mas nos convida a ver o que de revelação há no conteúdo destas palavras proferidas por Jesus. Notemos bem que o motivo que leva Jesus a afirmar com tanta certeza quem são os herdeiros da alegria do Reino de Deus, é justamente a segunda parte de cada frase: porque vosso é o Reino dos Céus; porque assim vocês serão consolados; porque o vosso bem maior é o próprio Deus; porque a vossa herança é o seu amor e o seu perdão; porque é a sua misericórdia que faz cada um que crê seguir na fidelidade o Cristo, caminho, verdade e vida. Jesus proclama que a felicidade não é alcançada pela conquista de bens da terra, mas ela se fará presente na riqueza guardada no coração daqueles que se fazem capazes de compreender os desejos que Deus tem para o bem da humanidade. Em poucas palavras e em algumas frases, com a serenidade que faz a sua mensagem chegar ao coração de cada ouvinte daquele tempo e ainda de hoje, Jesus apresenta, através das Bem Aventuranças, todo o resumo da sua Boa Nova. Aí está o programa de vida que distingue Jesus, os seus discípulos e a sua comunidade. A comunidade do Mestre é a comunidade dos Bem Aventurados, ou seja, daqueles que são pobres, humildes, pequenos e puros no coração e nas suas relações com as coisas deste mundo e as pessoas desta vida. A mensagem que devemos levar do Evangelho de hoje é que a felicidade de quem é de Deus depende essencialmente do quanto esta pessoa está perto de Deus. Quanto mais a nossa vida é construída na base das Bem Aventuranças, mais nos sentiremos no coração daquele que nos faz felizes para Reino, mais nos sentiremos protegidos pela graça de Deus. Por isso podemos dizer que é feliz quem, por sua vida, tem Deus no coração.
 
ORAÇÃO
Salmo 145 – O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos, ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos. O Senhor abre os olhos aos cegos, o Senhor faz erguer-se o caído, o Senhor ama aquele que é justo. É o Senhor quem protege o estrangeiro. 
AGIR
Não deixe de reler, durante esta semana, os textos da Liturgia da Palavra de hoje, e faça sua meditação em torno da humildade e da confiança plena no Senhor.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[3º Domingo do tempo comum]]>Sun, 22 Jan 2023 10:54:39 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/3-domingo-do-tempo-comum9491639

CAMINHAR NA CERTEZA DA LUZ

LEITURA
A Liturgia nos ajuda a perceber nestes próximos domingos como Jesus, por Ele mesmo, deu início à sua missão. Jesus chama, anuncia, cuida e ensina pessoas simples para colaborar na sua obra. Ele faz tudo a partir da mais cotidiana realidade de cada um e lança seu convite dando
um novo sentido para a vida daqueles convidados, comprome-tendo-os numa esperança nova. O texto do Evangelho começa si-tuando a pessoa e a missão de Jesus no seu contexto concreto, seja histórica seja geograficamente. A mudança de Jesus para a Galileia tem sido interpretada como um assumir corajoso da sua missão profética, diante da prisão de João. ​O texto revela neste sentido que a esperança da salvação inicia-se exatamente em uma região da qual nada se espera.
 
MEDITAÇÃO
Um primeiro destaque significativo para a interpretação deste Evangelho é perceber que o texto de Isaías repetido no Evangelho, nos revela algo que era uma verdade fundamental para as Comunidades cristãs do tempo dos Evangelistas (entre os anos 70 e 90 dC): com Jesus o que é escuro torna-se claro, fica iluminado, pois verdadeiramente Jesus é a própria "luz do mundo”.
A primeira iniciativa de Jesus é a de chamar um grupo de discípulos, começando com alguns que pescavam no Lago de Genezaré. Assim Jesus rompe o costume dos rabinos daquele tempo, pois é Ele mesmo, o próprio Jesus, que chama os seus discípulos. Não para serem simplesmente ouvintes de sua pregação, como acontecia na prática rabínica, mas colaboradores da sua missão. Estas diferenças (novidades) da prática de Jesus faz com que as multidões o sigam, buscando Nele aquilo que não encontravam nos mestres oficiais das sinagogas, mas Jesus é muito claro dizendo que seguí-Lo é muito mais do que as multidões imaginavam. Seguir Jesus é “tomar sobre si a sua cruz” (cf. Mt 16,24). É muito interessante observar os detalhes de como Jesus chama os seus primeiros Discípulos. Ele os convida para serem “pescadores de homens”. São duas as principais imagens do ministério missionário no Novo Testamento: pescador e pastor. “Pescador” é alguém que vai à busca do peixe e lança as redes, portanto o ministério é eminentemente missionário, isto é, ir lá onde se encontravam as pessoas e ali “lançar” a mensagem de que o Reino de Deus já era uma realidade que começava a ser construída na prática de Jesus e que deveria ser seguida especialmente pelos seus discípulos, tornando-os também construtores do Reino do Pai. Diz o Evangelho de hoje que os dois primeiros chamados estavam “lançando as redes” e outros dois estavam “consertando as redes”. Assim o Evangelho mostra a dinâmica da vida cristã e nos traz um grande ensinamento de vivência evangélica: há momento e tempo certo para lançar as redes (a ação missionária) e há momento e tempo certo para consertar as redes (cuidar da vida pessoal e espiritual das pessoas e da comunidade). A ação de Jesus não é só fazer para outros, mas é deixar-se fazer em si mesmo, em outras palavras, “consertar-se” a si mesmo para ser totalmente livre seguidor na mão de Deus. É o Deus de Jesus, Pai criador, que chama e que capacita para o desafio da missão. Há, neste Evangelho um convite missionário a todos nós na grande certeza de que seguir os passos de Jesus não é simplesmente andar com Ele para se chegar ao Reino, mas é construir com Ele o Reino prometido pelo Pai na aliança definitiva promovida por Jesus. Nós somos os “pescadores” que lançam as redes e as consertam na perspectiva de a cada “pesca” fazer crescer a certeza de que Deus está presente no meio de nós pois, se antes habitávamos na escuridão “temos agora uma grande luz” a nos conduzir no seguimento e na missão de sermos “pescadores e consertadores de redes” neste mundo.
 
ORAÇÃO
“Ilumina, Senhor, o teu rosto sobre nós porque o gravaste em nós... Envia o raio da tua sabedoria para dissipar a nossa escuridão, para fazer brilhar a tua imagem em nós e assim podermos ser imagens tuas… Tu, Senhor, acende a minha lâmpada, tu, meu Deus, ilumina a minha escuridão... Pois eu sei que o um raio da tua sabedoria poderá dissipará todas as minhas trevas”. Amém. (Santo Agostinho).
 
AGIR
Deixe que a luz de Deus ilumine todas as trevas da tua vida, em todos os momentos, sempre na confiança de serdes discípulo(a) do Senhor Jesus.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[2º Domingo do tempo comum]]>Mon, 16 Jan 2023 02:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/2-domingo-do-tempo-comum4525206

EIS AQUELE QUE TIRA O PECADO DO MUNDO

LEITURA
No domingo passado, o Batismo de Jesus nos introduziu no Tempo Comum. O Evangelho de hoje também nos recorda um fato às águas do Rio Jordão. O texto é tirado do Quarto Evangelho, o Evangelho da Comuni-dade do Discípulo Amado. É o início de tudo. Não só da missão de Jesus ou a continuidade da missão de João, mas também a nossa. O Batismo nos faz sermos filhos de Deus, é esta paternidade que nos dá a certeza do grande dom de pertença e da grande responsabilidade de uma missão que 
a nós também é confiada. O Evangelho de hoje nos convida a redescobrir a nossa dignidade de profetas, fiéis à vida que o Senhor nos dá.
 
MEDITAÇÃO
Usando um símbolo muito conhecido dos primeiros judeus-cristãos, João Batista proclama Jesus como o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Jesus é o Cordeiro Pascal da Páscoa cristã, que, pela sua morte, acontecida no exato momento em que os cordeiros pascais estavam sendo abatidos no Templo (cf. Jo 19,14), salvou o mundo do pecado, da mesma maneira que o sangue do cordeiro pascal original salvou os israelitas do anjo destruidor (Êx 12,1-13). João Batista assume verdadeiramente a sua missão de preceder o Messias, pregando um batismo de penitência. João é um homem que se deixa guiar pelo Espírito, pois com uma fé única e de confiança, vai vendo e lendo os sinais de Deus que aconteciam em torno de si. É assim que ele reconhece naquele homem que chegava para perto de si, o Cordeiro de Deus. Na fidelidade à própria missão, que passa pelas coisas simples da vida, João é capaz de profetizar e de ver a presença de Deus e de seu projeto nos passos de Jesus. Se na cena do Batismo a confirmação da missão de Jesus vem da voz que saia da nuvem, na palavra de João também o povo confirma que Jesus, o Messias, é o que vem para livrar a todos do peso do pecado. Como diz Isaias na Primeira Leitura, um misterioso “Servo” foi escolhido por Deus, desde o seio materno, com a missão de dar testemunho da Salvação oferecida pelo próprio Deus a todas as nações: “Vou fazer de ti a Luz das Nações para que a minha salvação chegue até os confins da terra” (Is 49,6). Nós também somos profetas em virtude de nosso batismo. Somos chamados a reconhecer em nossa história de fé os sinais de Deus sempre presentes pois é sempre Deus que vem ao nosso encontro (cf. Jo 1,29). A beleza do ensinamento deste Evangelho esta em compreendermos o quanto o papel de cada batizado é importante e não pode ser substituído, cada um de nós tem uma missão ligada à mesma missão de Jesus. O caminho espiritual percorrido por João Batista, para chegar à descoberta do Cordeiro, é o mesmo que todos nós devemos percorrer em busca das certezas da nossa fé. João é verdadeiro e sua verdade a cerca de Jesus o faz convicto de sua missão. “Eu vi e dou o meu testemunho...”. Justamente será a incapacidade de dar testemunho do Messias, a origem do todo o pecado no entendimento de João, o Evangelista. O Cordeiro que vem para tirar o pecado precisa ser reconhecido e aceito por todos aqueles que ainda acreditam nas promessas de Deus e na aliança que se renova definitivamente em Jesus. Esta é a missão de todo cristão: preparar o caminho do Senhor e o encontro do homem com Deus. Como diz o Salmo Responsorial, “Esperei ansiosamente por Deus. Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu grito... Ele colocou meus pés sobre a rocha e firmou os meus passos”.
 
ORAÇÃO
Senhor, que se cumpra em nós a plenitude de tua palavra. Que saibamos reconhecer nossa missão no mundo de hoje, assumindo especialmente o compromisso de promover a vida em plenitude no encontro de todas as pessoas de fé, com os ensinamentos de Jesus. Amém.
 
AGIR
Alegre o seu coração pois Aquele que veio da parte de Deus é o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[Natal do Senhor]]>Mon, 26 Dec 2022 02:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/natal-do-senhor8380414

HOJE VOCÊS SABERÃO QUE O SENHOR
VEM PARA VOS SALVAR...

LEITURA
“Hoje nasceu para nós um Salvador”. O característico anúncio dos anjos que cantam aleluias no céu, é para nós hoje a mais verdadeira e perene fonte de alegria.
No Evangelho, João nos faz ver que mesmo na escuridão do mundo, Jesus é a verdadeira luz que ilumina toda a humanidade com seu nascimento. É do “verbo que se encarna” que nos vem o sentido e o significado mais profundo de todas as coisas que Deus faz pelo seu povo. Jesus é a luz que dá vida e a faz “luminosa” por todo o sempre. Quem acolhe esta luz, terá a alegria de ser “filho de Deus” (Evangelho, v. 12). Na Primeira Leitura, tirada do Livro do Profeta Isaías, temos a passagem que nos faz refletir na beleza do anúncio da paz à toda a humanidade que espera no Senhor. O Profeta fala daquela paz que é fruto da salvação e do amor de Deus, nosso Senhor. Aos Hebreus, Paulo escreve na Segunda Leitura, que o evento de Belém, isto é, o nascimento de Jesus, pode ser considerado o ponto alto da revelação de Deus à humanidade. Deus se faz um de nós para que o conheçamos e o amemos (2ª Leitura, v. 3).
 
MEDITAÇÃO
A oração prevista na Liturgia da Missa para a celebração da Vigília do Natal, expressa bem a profundidade, o sentimento e a espiritualidade da Missa do Natal. Assim rezamos: “O Deus, que reacendeis em nós a cada ano a jubilosa esperança da salvação, dai-nos contemplar com toda a confiança... o Redentor que recebemos com alegria”. Nesta pequena prece há um profundo sentido de desejo e de espera que foi se reforçando em nós durante todo o Tempo do Advento e que agora nos faz celebrar na certeza de que devemos contemplar o Salvador com confiança, e assim reconhecermos que o Natal é o momento de “reacender em nós a jubilosa esperança da salvação”. Irmãos e Irmãs, é Natal celebramos hoje o “Mistério da Encarnação” de um Deus que em seu agir nos mostra a mais completa e perfeita ação do amor. Jesus é o ato supremo de um Deus que só sabe amar, por isso perdoa, acolhe, promove, demonstra bondade e misericórdia. Um Deus que “se fez verbo e veio habitar entre nós” (Evangelho, v. 14). Do mistério que celebramos no Natal, à luz da Liturgia da Palavra deste dia, podemos referir quatro grandes pontos para a nossa meditação: Primeiro ponto: Não havia lugar... Sabemos da história do nascimento de Jesus e de que tudo aconteceu não só para que se cumprisse o que os Profetas haviam anunciado, mas porque as pessoas daquele tempo não foram capazes de acolher uma mulher que estava para dar à luz a um filho. A falta de um lugar no mundo para o Filho de Deus é a maior razão do porque Deus se faz pobre entre os pobres, isto é, do porque Deus se fez Salvador entre aqueles que o acolheram com confiança. Segundo ponto: Nas trevas do mundo, brilhou uma luz. Para Deus, nem a mais densa treva pode esconder a luz, mesmo que esta luz esteja simbolizada numa estrela, entre tantas outras que havia no céu, mas que indicava a presença naquele exato lugar de que um menino venceu as trevas do mundo, tornando-se luz de Deus para toda a humanidade (Evangelho, v. 5) pois é nesta “luz que está a vida, e a vida é luz para os homens” (Evangelho, v. 4). O terceiro ponto que podemos referir é a esperança que não engana: Qual é a esperança de Deus anunciada no Natal? Não é uma esperança feita de promessas passageiras ou de presentes sem merecimento. A esperança que vem de Jesus é aquela que nos compromete com este Deus que veio a nós num menino pobre e frágil, contradição do mundo, mas verdadeiramente sinal de um caminho novo. Esperança gerada no amor do Pai por todos nós. Por fim, o quarto ponto que podemos refletir neste dia de Natal é a graça de olharmos Jesus e vermos que Ele é uma dádiva que nos vem do alto. Como diz o Evangelho, “a Deus ninguém viu, mas o unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele, o Pai, nos deu a conhecer” (Evangelho, v. 18). Por fim, não nos esqueçamos que é na simplicidade que podemos compreender a profundidade do Natal. A espiritualidade deste dia nos pede também silêncio para ouvirmos as vozes dos anjos que não cessam de cantar: “hoje nasceu um salvador”. Feliz Natal. Que a luz que vem da longínqua manjedoura de Belém, entre na vida de cada um de nós e nos faça seres iluminados pela graça.
 
ORAÇÃO
Salmo 97: O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou seu amor sempre fiel pela casa de Israel.
 
AGIR
Sinta a alegria de saber que Jesus nasceu pela bondade de Deus para a nossa salvação e anuncie esta verdade a todos os que precisam saber tal notícia.
Pe. Adilson Schio, ms
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<![CDATA[4º Domingo do Advento]]>Sun, 18 Dec 2022 02:00:00 GMThttp://saletecaldas.com.br/liturgia-comentada/4-domingo-do-advento9691349

O HOMEM JUSTO

LEITURA
A escuta da Palavra de Deus se transforma em seguimento, em ação serena e em adesão sempre pronta à vontade do Pai. A disponi-bilidade para reconhecer os sinais de Deus demonstra uma atenção autêntica e profunda à vontade daquele que nos criou como filhos e não como escravos. Esta certeza e a adesão que de-riva daí não é, de forma al-guma,
 simplesmente super-ficial, como era do Rei Acaz, contada na primeira leitura. Será o próprio Deus a revelar sua vontade salvífica através do “Emanuel”. Na encarnação, Deus revela, em senso autêntico, a Palavra dos Profetas e o significado da antiga aliança, mostrando o caminho da justiça e da verdade em Cristo, o Deus conosco, redentor de toda a humanidade.
 
MEDITAÇÃO
José é um homem de sonho e de obediência. O justo que Deus acolhe e que acolhe a vontade de Deus. Esta apresentação de José a partir do Evangelho deste Quarto Domingo do Advento é a mais bela descrição deste homem que também foi instrumento de salvação. Recentemente o Papa Francisco, reconhecendo a importante deste homem simples, acrescentou na oração da missa, quando se faz memória dos profetas, dos santos e de Maria, a citação: “e São José, seu esposo”. No sono noturno o homem não pode agir, volta-se a si mesmo, mas é próprio este o momento que Deus escolhe para revelar a sua vontade, comunicando-a em modo misterioso aos seus amigos, como nos recorda o Salmo: “É inútil que vocês madruguem e se atrasem para deitar, para comer o pão com duros trabalhos: aos seus amigos o Senhor o dá enquanto dormem” (Salmo 172,2). Deus toma a iniciativa e revela na noite, ao seu predileto, a sua verdade. Como aconteceu com José, filho de Jacó, também José, esposo de Maria, recebe no sonho a revelação de Deus. O que é marcante, porém, é a prontidão da sua resposta. A obediência de José à Palavra de Deus, diz o escrito de Mateus, é imediata. José reconhece a mensagem divina simplesmente porque o justo vive uma relação de proximidade com Deus. O coração de José está sempre aberto a Deus, pronto a acolher a sua Palavra e a vive-la mesmo se ela signifique mudança de pensamento, aceitação plena e novo caminho. Tal como na anunciação Maria se oferece ao Senhor como “serva” ao dizer com plena confiança “Aqui estou”, assim também José não hesita em mudar os seus projetos, em dissipar as suas dúvidas, e encher de ânimo seu coração à luz da graça e da vontade de Deus. Apenas ele se acorda de seu sono, prontamente age, mesmo se não compreende tudo, mesmo se é chamado a fazer aquilo que lhe parece em contradição com o seu pensamento. Assim é a nossa vida em Deus, as vezes pensamos de um jeito e Deus dispõe de outro. José aceita a novidade do Projeto de Deus e com simplicidade responde com sua vida. No “Magnificat”, o canto de Maria, ela recorda que o Senhor “dispersa os que no coração tem pensamentos soberbos” mas “exalta os humildes”. É justamente isso que acontece com José, o justo. O texto de hoje nos dá o verdadeiro motivo da alegria do Natal - não porque é festa de presentes e festividades, mas porque recordamos (fazemos passar de novo pelo coração) a verdadeira Boa-Nova: Jesus é o "Emanuel", o Deus-Conosco, aquele que veio para nos salvar.  Ele será a encarnação da bondade e de amor gratuito de Deus por nós.
 
ORAÇÃO
Ó Senhor da graça e da misericórdia, hoje eu te peço a humildade para que eu possa escutar e seguir a Tua Palavra com toda a força da minha vida. Que o meu coração se deixe modificar pela Tua vontade e assim a minha fé possa dar frutos, iluminando o mundo com a alegria do Teu Evangelho. Amém.
 
AGIR
Busque viver sempre com fidelidade e alegria na Igreja, mesmo que as vezes isso possa parecer difícil.
Pe. Adilson Schio, ms
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