TU ÉS O FILHO DO DEUS VIVO
Na Segunda Leitura, Paulo faz um balanço de sua vida e escreve a Timóteo dizendo que tudo fez para sustentar a fé. O Evangelho relata a bela pedagogia de Jesus para fazer aos seus discípulos uma pergunta fundamental. MEDITAÇÃO A escolha dos discípulos não deve ter sido coisa fácil para Jesus. Os Evangelhos nos dizem que Ele retirou-se, passou a noite em oração a Deus e, ao amanhecer, começou a chamá-los, indo ao encontro deles (cf. Lc 6,12-13). A maioria dos Doze era de Cafarnaum, uma região desprezada pela sociedade judaica da época. A relação de Jesus com aqueles que ele chamou começa justamente no próprio chamado. Jesus chamou aqueles que ele quis, e dos mais diversos lugares: alguns estavam na beira de um lago, outros no caminho, outros ainda nas suas casas e outros nos seus trabalhos como pescadores, cobradores de impostos, consertadores de redes. A todos Jesus fez uma proposta muito clara: todos deveriam “estar” com Ele e serem dispostos a “ir e anunciar”. Esta “escolha” que Jesus faz é muito mais profunda que se possa imaginar. No judaísmo rabínico eram os discípulos que escolhiam a sua escola e quem seria o seu mestre. A novidade de Jesus é que ele chama por sua própria iniciativa. Este chamado é na realidade um convite para um seguimento de perto, aprendendo no dia a dia com o Mestre e formando com Ele, e com os outros chamados, uma experiência de comunidade missionária. É um chamado para compartilhar a vida, o destino e a missão de Jesus. O começo, ou a resposta, tinha o seu ponto de partida num encontro com a pessoa de Jesus. Pedro foi um dos chamados, Paulo se fez apóstolo por conversão. Voltando nossa reflexão para o Evangelho, vemos que Jesus leva, propositalmente, os seus discípulos para fora de Jerusalém, para longe das influências e, fazendo-lhes algumas perguntas provoca-os a uma resposta marcada pela convicção e pela certeza do seguimento. Na primeira pergunta Jesus interroga os Discípulos acerca do que as pessoas dizem sobre Ele. Na opinião dos “homens” Jesus é continuidade do passado (João Batista, Elias, Jeremias ou alguns dos profetas). Os que dizem isso, não conseguem ver a novidade que é Jesus nem a profundidade que é o seu ministério. Reconhecem apenas que Jesus é um homem chamado por Deus para uma missão. Alguém que escutou os apelos de Deus e se fez sinal vivo de Deus, tal como tantos outros. Porém é a pergunta seguinte que faz deste trecho do Evangelho de Mateus um significativo anúncio de uma grande certeza: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. A resposta não poderia ser o pensamento ou o dizer dos outros, agora tratava-se de buscar no próprio pensamento, no próprio coração, na própria experiência vivida, as razões de uma resposta, não para simplesmente ser agradável aos ouvidos do Mestre, mas que fosse a razão de toda a renúncia e seguimento feito por aqueles que Jesus havia escolhido. É Pedro que se torna uma espécie de porta-voz e resume o sentimento e o pensamento da comunidade dos discípulos: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). Nestes dois títulos da profissão de fé de Pedro, Mateus apresenta a fé da igreja primitiva e o ensinamento que se fazia sobre Jesus. A pergunta é também para nós hoje: E para você, quem tu dizes que eu sou?... Que a nossa resposta seja marcada pela mesma certeza como foi a de Pedro: Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo. ORAÇÃO “Ó Deus, que hoje nos concedeis a alegria de festejar São Pedro e São Paulo, concedei à vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos destes Apóstolos que nos deram as primícias da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.” AGIR Reflita com profundidade no versículo da Segunda Leitura: “O Senhor veio em meu auxílio e me deu forças” (v. 17). Pe. Adilson Schio, ms
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O JUSTO TEM SEMPRE DEUS POR SI
Este tempo da liturgia, Tempo Comum, é próprio para vivenciarmos a cada domingo os mistérios da vida de Cristo, isto é, a fonte de sua ação e de suas palavras. Na Segunda Leitura São Paulo escreve aos Romanos destacando a grande graça que é o Cristo, “novo Adão”, que trouxe à humanidade a salvação como “dom gratuito”. No Evangelho temos a palavra de Jesus dizendo que em nós não deve ter lugar para o medo, pelo simples fato de que Deus cuida de quem é fiel, pois “valemos bem mais do que alguns pardais”. MEDITAÇÃO Quando vivemos situações em que alguns de nossos amigos e amigas nos falam de seus receios, dúvidas, incertezas e até mesmo sofrimentos, nossa primeira palavra é “não tenha medo”. Repetimos várias vezes essa expressão a fim de que aquela pessoa possa sentir-se encorajada e especialmente, que ela saiba que não está sozinha no enfrentar tal situação. O Evangelho da missa de hoje tem também este sentido. Nestes poucos sete versículos, por três vezes Jesus repete a expressão “não tenham medo”. Isso nos leva a acreditar que a situação das Comunidades quando começavam a refletir os mistérios da vida de Jesus e a se identificar com a sua mensagem, viviam a ameaça real do perigo e do sofrimento das perseguições. “Não tenhais medo dos homens”, disse Jesus, pois tudo o que é feito por Deus é feito para que todos possam ver e compreender. Disse ainda: “não temais os que matam o corpo”. O corpo não é só o que vemos, há algo no corpo que jamais morre: o espírito. E o espírito não morre porque pertence a Deus. Jesus disse ainda, “não tenhais medo” pois o nosso valor aos olhos de Deus vale muito mais do que possamos imaginar. O versículo 28 é uma frase de um conforto e ao mesmo tempo de um alerta que merece destaque na nossa reflexão neste domingo: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, eles não podem matar a alma”. Mas é justamente a continuidade deste versículo que revela com que serenidade e com que verdade Jesus esclarecia aos que o seguiam sobre aquilo que poderia lhes acontecer. Diz a segunda parte do versículo 28: “Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno”, portanto, temei a quem pode se destruir a si mesmo por suas atitudes sem Deus, sem amor, sem justiça e sem fraternidade. Mas quem são esses que se destroem a si mesmos? Olhando ao nosso redor poderíamos dizer de muitas realidades para responder a esta pergunta, mas vamos refletir nestes quatro tipos de pessoas: 1- Aqueles que matam a verdade: Jesus disse que é a verdade que nos liberta (Jo 8,32) e aqueles que não vivem na verdade não vivem na liberdade dos filhos de Deus; 2- Aqueles que matam o amor: o amor é o maior mandamento, portanto o maior compromisso. Jesus nos amou até o fim (Jo 13,1) para que também nós nos amássemos uns aos outros (Jo 13,34). Quem mata o amor não tem o Deus no coração. 3- Aqueles que matam a esperança: a esperança não é somente a última que morre, mas em Jesus é a primeira que nasce. Quem mata a esperança não segue o caminho de Jesus, pois Ele veio para nos trazer vida em plenitude (Jo 10,10); 4- Aqueles que matam promovendo a discórdia e a violência: ou então aqueles que não promovem o bem, a justiça e a solidariedade. Aqueles que não se preocupam com seu próximo e nem com a vida do irmão que está ao seu lado. Esses também se destroem a si mesmos no seu corpo e no seu espírito. Os discípulos de Jesus não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade. A segurança do discípulo está na promessa que Jesus faz no Evangelho de hoje: quem é fiel, terá Jesus a seu favor diante de Deus para sempre. ORAÇÃO “Bem-aventurado aquele que tem Deus por seu auxílio, cuja esperança está no SENHOR, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e mantém para sempre a sua fidelidade. Louvarei ao SENHOR durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu viver.” (cf. Salmo 146) AGIR Faça que a sua palavra de fé ajude aos que estão próximos de ti confiar mais em Deus. Pe. Adilson Schio, ms
TODOS PELO MESMO REINO
A este povo, Deus confia a missão mais importante que o torna “um povo sacerdotal”: Israel deve ser o povo que se compromete em ser sinal de Deus no meio de todas as nações. O Evangelho de Mateus nos traz alguns versículos do “discurso da missão”. Este detalhe já nos abre para a compreensão daquilo que Jesus tem a nos dizer hoje: Ele nos oferecer sempre um projeto a ser construído juntos. “Jesus enviou os doze... E lhes disse: ide pelo caminho e proclamai que está perto o Reino dos Céus” (Mt 10,5-6). A Segunda Leitura nos sugere que a comunidade dos discípulos é de modo muito especial uma comunidade de pessoas a quem Deus ama com um amor sem limites. A missão desta comunidade é a de dar testemunho deste amor que recebe gratuitamente de Deus, um amor eterno, que jamais se rompe e que é absolutamente único. MEDITAÇÃO A nossa meditação da Liturgia da Palavra deste Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum, começa com um reencontro, sim um reencontro com a Palavra de Deus através da leitura orante do último versículo da Segunda Leitura. A Carta aos Romanos é a mais longa carta que Paulo escreve e também aquela que teologicamente é a mais significativa. Os estudiosos chamam esta Carta de “o mais puro evangelho de Paulo”, é por isso que ele ali aprofunda alguns temas ligados à experiência da comunidade como comunhão, união e unidade. Mas é o tema da fé e a sua importância para a reconciliação do povo pecador, que perpassa cada parte desta Carta, como podemos ver na Segunda Leitura de hoje que diz: “Ainda mais: nós nos gloriamos em Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação” (Rm 5,11). Cristo é o nosso reconciliador e é quem nos dá a possibilidade da reconciliação definitiva com Deus, pois ele nos deu a sua vida como prêmio e como graça. E, segundo Paulo, esta reconciliação não é uma realidade só futura, do final dos tempos, mas, como ele bem insiste, é uma realidade já do “tempo presente”. À luz deste versículo podemos dizer que os textos bíblicos deste domingo nos revelam fundamentalmente quem são os cristãos: primeiramente são aqueles que já fizeram duas descobertas e suas vidas: a primeira: Cristo é o caminho para o Pai e nele encontramos toda a nossa razão de viver; a segunda descoberta: o cristão é alguém que ama a Deus como ama a si mesmo e ao seu próximo. Aqui cabe bem uma pergunta fundamental nos dias de hoje: esta certeza do amor incondicional de Deus e a Deus se faz presente no nosso jeito de responder aos desafios que a vida e o mundo me coloca? A resposta é muito pessoal mas podemos olhar a Primeira Leitura e encontrar algumas indicações de respostas pois a “aliança”, convite de Deus a todos nós, é uma iniciativa de Deus que nos quer sempre num caminho de vida e não de morte, de liberdade e não de escravidão, de paz e não de inimizade, de serviço e não de egoísmo. Aceitar fazer parte da “comunidade dos filhos de Deus” é aceitar percorrer um certo caminho, qual seja: o caminho dos mandamentos. A Palavra de Deus a Moisés é clara: para ser um povo santo, nação escolhida, povo da aliança... é preciso “ouvir a minha voz e guardar a minha aliança...” (Primeira Leitura, v. 5). É clara também a convicção de que fazemos parte de uma só e única missão, por isso o Evangelho de hoje está “envolto” em duas belas referências: à “messe” do Senhor e a necessidade de operários, e à gratuidade do serviço em nome de Deus: “de graça recebestes, de graça deveis dar” (Evangelho, v. 8). A missão é urgente e ela é uma obra de Deus através da ação daqueles que o amam, pois em tudo e acima de tudo o que fica é a gratuidade do trabalho de quem faz tudo por amor a Deus. Tudo com amor, tudo pelo mesmo Reino. ORAÇÃO Salmo 99: Sabei que o Senhor, só ele, é Deus. Ele mesmo nos fez, e somos seus, nós somos seu povo e seu rebanho. Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel eternamente. AGIR Comprometa-se, dentro das suas possibilidades ofereça um pouco de você para fazer mais forte e mais atuante a sua comunidade. Pe. Adilson Schio, ms
UM DEUS ABSOLUTAMENTE SIMPLES
A este Deus “louvor, honra e glória, para sempre”. Na primeira Leitura Deus se revela a Moisés como o Deus da misericórdia que vai ao encontro da pessoa e com ela renova a sua aliança. MEDITAÇÃO Um Deus próximo que se faz sempre muito próximo. É isto que nesta Solenidade da Santíssima Trindade somos convidados a celebrar e por isso mesmo a nos deixar contagiar por esta verdade do Deus que amamos e em quem acreditamos. Três pessoas em uma realidade de vida. Mistério insondável de um Deus que seja no Pai, no Filho ou no Espírito, é sempre doação, caminho e verdade. São belíssimas as expressões do Credo Niceno-Constantinopolitano, quando falam da trindade de Deus: o Pai “criador de todas as coisas”, o Filho, “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado”, e o Espírito que “dá a vida, e procede do Pai e do Filho”. Encontramos também no Evangelho de São João algumas das mais belas expressões referentes à Trindade, especialmente no Último Discurso de Jesus (capítulos 14 a 17), mas desde o início de seu Evangelho João evoca a força da Trindade como geradora de unidade e de presença constante no meio de nós. Vejam que bela frase: “E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade” (Jo 1,14). Outro detalhe significativo do Evangelho de João é que sempre que ele se refere a Deus, junto com o Filho e o Espírito, sempre é em associação à ideia de uma relação de amor, até mesmo do amor mais profundo que é a doação da própria vida: “De fato, Deus amou de tal forma o mundo que entregou o seu Filho único para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Para João esta é a verdade que Jesus veio dizer ao mundo, esta é a verdade que ilumina tudo, porque revela que o mistério fundante de tudo e a explicação de todas as coisas é a verdade de que Deus é amor, ou seja, Deus é a comunhão de vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mais importante do que encontrar fórmulas para expressar a compreensão do mistério das três pessoas numa única natureza, é descobrir o que a doutrina da Trindade pode nos ensinar para a nossa vida cristã. Ao celebrarmos esta verdade de fé se pede a nós cristãos que procuremos ter ao menos essas quatro atitudes: ADORAÇÃO: como não louvar, bendizer e glorificar a esse Deus trino de amor que faz de nosso corpo a sua morada. ADMIRAÇÃO: a grandeza de Deus não é feita de poder e da força como a de um exército (Salmo 20), mas Deus é grande e forte pelo amor. COMUNHÃO: na nossa pequenez, mas sempre pela nossa fé, nos unimos ao Deus Trindade para fazer deste Deus o modelo de nossa vida cristã. PROFISSÃO DE FÉ: cremos com toda a esperança que Deus é o centro da nossa fé e o autor de toda a vida, por isso dizemos: “Eu creio em Deus...”. É muito profundo e ao mesmo tempo “sereno” o que disse a Igreja em 1215, no Quarto Concílio de Latrão, a cerca da Trindade: “Nós acreditamos com firmeza e afirmamos simplesmente que há um só Deus verdadeiro, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável. Pai e Filho e Espírito Santo: três pessoas, mas uma só essência, uma só substância ou natureza, absolutamente simples”. “Afirmamos simplesmente”: há um só Deus. Assim terminamos a nossa reflexão deste domingo: o nosso Deus é um Deus “absolutamente simples”. ORAÇÃO A Vós, Pai onipotente, origem do cosmos e do homem, por Cristo, o Vivente, Senhor do tempo e da história, no Espírito que santifica o universo, a Adoração, a honra, a glória, hoje e nos séculos sem fim. Amém. (João Paulo II – Oração à Santíssima Trindade) AGIR No seu momento de oração sinta-se nas mãos da Trindade. O Pai que te chama, o Filho que te estende a mão, o Espírito que não sai de dentro de ti. Pe. Adilson Schio, ms
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Pe. Adilson Schio Ms
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